Milhares de panfletos com mensagens antissemitas foram encontrados em ruas de condomínios Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. A Polícia Civil instaurou um inquérito apurar o crime de preconceito de raça, cor, etnia e religião sobre as ofensas aos judeus.
Os papéis, que continham a mensagem “Judeus acumuladores compulsivos de ouro diamante e dólares”, estavam no chão do Mundo Novo e Américas Park durante o fim de semana e chamaram a atenção dos moradores.
“Realizamos diligências nesses locais, apreendemos alguns dos bilhetes e estamos em busca de imagens de câmeras de segurança da região. O objetivo é identificar os autores desse ataque e ainda quem imprimiu as mensagens”, explicou o delegado Leandro Gontijo de Siqueira Alves, titular da 16ª DP (Barra da Tijuca).
Para Paulo Maltz, presidente do Conselho Estadual de Defesa e Promoção da Liberdade Religiosa (Coneplir), em casos de ataques apócrifos, cuja origem é desconhecida, os criminosos se valem do anonimato para que os casos permaneçam impunes:
“Mensagens de ódio propagadas na internet ou por meio de panfletos sem assinaturas são acobertadas pelo manto da quase impossibilidade de identificação para que se combata o racismo. Infelizmente, os tempos atuais são estranhos e todas as religiões têm sofrido com a polarização da sociedade. Isso nos preocupa e nos alerta para a necessidade de denunciar, discutir e orientar para a aceitação de todos”.
Comunidade judaica
Já o presidente da Federação Israelita do Estado do Rio (Fierj), Alberto David Klein, afirma que as ofensas simbolizam um ataque de ódio a grupos minoritários:
“Quem discrimina não o faz só contra os judeus, mas também contra muçulmanos, entre outros. É inacreditável que hoje discutimos mais esse assunto do que há dez anos. A polarização tem levado ao extremismo, ao racismo, ao antissemitismo. E o que nos preocupa não é a mensagem tão somente nos bilhetes, mas a consequência desses ataques, porque pode ser que as pessoas que organizaram isso tenham seguidores e queiram dar prosseguimento a essas ações. Precisamos voltar ao equilíbrio, a normalidade e ao diálogo, para que sociedade aceite a diversidade”.
Também presidente da Associação Cultural Memorial do Holocausto, localizado no Mirante do Pasmado, em Botafogo, Klein ressalta a importância do exercício do respeito à defesa dos direitos humanos, à tolerância e ao humanismo. O espaço receberá exposições nacionais e internacionais com temas que estimulem a reflexão acerca dessa temática:
“É preciso que ensinemos nas escolas esses valores para que mensagens como as que estamos discutindo agora não voltem a ser disseminadas”.
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