O número de judeus que visitaram o Monte do Templo em 2024 ultrapassou o número de todos os anos anteriores desde a criação do Estado de Israel em 1967.
De acordo com a organização Beyadenu – Retornando ao Monte do Templo, no dia 6 de setembro, 51.672 judeus visitaram o local sagrado.
No início do mês de Elul (4 de setembro), cerca de 48.144 adoradores judeus também foram ao Monte, representando um aumento de 14% em relação aos judeus que visitaram o Monte do Templo durante todo o ano passado.
"É animador ver o povo de Israel retornando ao Monte do Templo. O aumento do número de fieis que sobem ao Monte, mesmo em tempos de guerra, torna o retorno de Israel ao Monte do Templo uma realidade viva e existente”, comemorou o grupo ativista da Administração do Monte do Templo.
O aumento de visitantes no local foi registrado após a conferência "Retorno de Israel ao Monte do Templo" realizada em julho, onde o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, anunciou a política de oração de políticos israelenses.
Nos últimos dias, Itamar questionou a regra de quem tem permissão para orar no Monte do Templo e pediu o fim do racismo a antijudaico. Ele ainda afirmou que, se dependesse dele, construiria uma sinagoga no Monte do Templo.
Mudanças nas regras
Porém, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reiterou que não haverá mudanças nas regras de adoração no local sagrado, que é motivo de conflitos há anos.
“O primeiro-ministro Netanyahu declarou que na questão do Monte do Templo não há mudança no status quo (estado atual já estabelecido), nem haverá. O primeiro-ministro repetiu sua diretriz de que os ministros do governo não devem visitar o Monte do Templo sem sua aprovação prévia por meio de seu secretário militar”, afirmou um comunicado, publicado pelo Gabinete do Primeiro Ministro na segunda-feira (9).
O presidente Isaac Herzog também destacou que Israel tem um "compromisso inequívoco de preservar o status quo no local sagrado – de acordo com os acordos políticos estabelecidos desde 1967 [com a Jordânia] e no espírito das decisões dos principais rabinos e figuras religiosas nos últimos 100 anos".
Orações no Monte do Templo
Nem todos os rabinos concordam que as regras atuais não podem ser negociadas. É o caso do rabino Steven Burg, CEO da Aish, uma instituição educacional judaica localizada em frente ao Monte do Templo.
"É quase surreal ouvir pessoas argumentando com tanta veemência contra as pessoas poderem orar em um local sagrado. Acho que é preciso haver uma conversa sobre como todos, cristãos, muçulmanos e judeus, podem orar e alcançar o Todo-Poderoso de todas as diferentes religiões que acreditam em um Deus”, disse Steven, em uma entrevista recente à ILTV.
E acrescentou: “Acho que as pessoas deveriam ter permissão para orar no Monte do Templo. Como será a estrutura e como seria, essa é uma conversa real que deve acontecer”.
Por que o Monte do Templo é um local de conflitos?
A mesquita al-Aqsa está situada no Monte do Templo, também conhecido como o Haram al-Sharif – um sagrado local para judeus e muçulmanos.
Na tradição judaica, é o lugar onde Deus ajuntou o pó para formar Adão. Acredita-se também que seja o lugar onde Abraão amarrou seu filho Isaque para o sacrifício e onde estavam situados os templos de Herodes e de Salomão.
Muitos judeus não andam sobre a região por medo de acidentalmente invadir o Santo dos Santos.
Para ss muçulmanos, é o terceiro local mais sagrado do mundo, a localização da ascensão de Maomé para o céu. Há três antigas estruturas muçulmanas na região: o Domo da Rocha, a cúpula da Corrente e da mesquita de Al-Aqsa, originalmente construída em 705 D.C.
Quem é responsável pela área agora?
Israel retomou o controle da Cidade Velha de Jerusalém e da área do Monte do Templo na Guerra dos Seis Dias, em 1967.
A região logo se tornou um ponto de conflito. Sob os termos do tratado de paz entre Israel e Jordânia, o Monte permanece sob custódia da Jordânia.
Os judeus israelenses podem entrar no complexo, mas não podem orar ou realizar cerimônias religiosas por lá.
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