Dois dias após o Dia de Jerusalém, o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, fez uma visita ao Monte do Templo, onde declarou: “Estou feliz por subir ao Monte do Templo, o lugar mais importante para o povo de Israel”.
Ainda durante a visita, Ben-Gvir disse: “Deve-se dizer que a polícia está fazendo um trabalho maravilhoso aqui e mais uma vez provando quem manda em Jerusalém. Todas as ameaças do Hamas não vão [mudar nada], estamos no comando de Jerusalém e de toda a Terra de Israel”.
A visita de Ben-Gvir aconteceu na manhã de domingo (21) e foi criticada pela comunidade internacional. A vizinha Jordânia e os palestinos condenaram a ação de Ben-Gvir e alertaram para escalada.
O porta-voz da Autoridade Palestina, Nabil Abu Rudeineh, chamou a visita de “ataque flagrante a al-Aqsa”, destacando que teria “sérias repercussões”, segundo noticiou a agência palestina WAFA.
“A entrada do extremista Ben-Gvir de madrugada, como um ladrão, na praça da Mesquita de Aqsa não mudará a realidade e não imporá a soberania israelense sobre ela”, acrescentou Abu Rudeineh.
A visita foi chamada pelo Ministério das Relações Exteriores da Jordânia de “escalada perigosa e inaceitável” e “uma violação flagrante e inaceitável do direito internacional e do status quo histórico e legal em Jerusalém e suas santidades.”
“As contínuas violações e ataques aos santuários islâmicos e cristãos em Jerusalém, em conjunto com a continuação de medidas unilaterais de expansão dos assentamentos e incursões contínuas nos territórios palestinos ocupados, alertam para uma nova escalada e representam uma tendência perigosa que a comunidade internacional deve trabalhar para parar imediatamente.”
Inaceitável
A Turquia, por meio do Ministério das Relações Exteriores, disse que Ben-Gvir cometeu uma “clara violação da lei internacional.
“Não é de forma alguma aceitável que membros do governo israelense desafiem o status histórico de al-Haram al-Sharif [Monte do Templo] dessa maneira e cometam ações inflamatórias e fascistas”, acrescentou o ministério.
“Pedimos ao governo israelense mais uma vez que aja com responsabilidade e ponha fim a todos os tipos de ações provocativas que violam o status histórico de al-Haram al-Sharif, baseado no direito internacional.”
O Ministério das Relações Exteriores da Arábia Saudita também se manifestou, dizendo que “essas práticas sistemáticas são consideradas uma violação flagrante de todas as normas e convênios internacionais e uma provocação dos sentimentos dos muçulmanos em todo o mundo. O ministério considera as forças de ocupação israelenses totalmente responsáveis pelas repercussões da continuação dessas violações”.
O porta-voz do Hamas em Jerusalém, Mohammed Hamada, disse que o movimento terrorista “não deixaria al-Aqsa em paz” e alertou que Israel “assumirá a responsabilidade pelas bárbaras incursões de seus ministros e rebanhos de colonos”.
Aos palestinos e árabes em Jerusalém, na Cisjordânia e no território israelense, Hamada pediu que “intensifiquem” sua presença em al-Aqsa para enfrentar “todas as tentativas de profanar e judaizar”.
“Ben-Gvir quer mudar com força o status quo no Monte do Templo e incendiar Jerusalém e o Oriente Médio. Até quando continuaremos pagando o preço da nomeação irresponsável de Ben-Gvir para o cargo de ministro da segurança nacional do Estado de Israel?”, disse organização Tag Meir.
Judeus no Monte do Templo
Embora cerca de 1.200 judeus tenham visitado o Monte do Templo na quinta-feira, durante as celebrações do Dia de Jerusalém, incluindo outros ministros da coalizão, o próprio ministro não este lá.
Ben-Gvir fez referência às tensões em torno do orçamento nacional, no domingo: “Precisamos nos lembrar de nossos irmãos no Negev e na Galileia. No próximo orçamento, devemos investir no Negev e na Galileia. Jerusalém é a nossa alma, o Negev e a Galileia são a nossa alma, devemos investir, devemos agir lá, devemos ser donos tanto do Negev quanto da Galileia, e a base disso é o orçamento”.
O rabino Shimshon Elbaum, chefe da Administração do Monte do Templo, saudou a visita afirmando que “Ben-Gvir tem sido ativo desde a juventude em favor das peregrinações judaicas ao Monte do Templo e, desde que assumiu o cargo, já causou melhorias significativas, removendo centenas de assediadores e fortalecendo o governo de Israel no Monte do Templo.”
Na quinta-feira, a bandeira de Israel foi levantada pelos visitantes judeus do Monte do Templo, enquanto cantavam o hino nacional “Hatikva” em meio à visita de mais de mil judeus no complexo para marcar o Dia de Jerusalém. Embora o feriado fosse oficialmente na sexta-feira, a maioria das festividades foi transferida para a quinta-feira para evitar a profanação do Shabat.
Imagens mostram um homem carregando uma pequena bandeira enquanto o grupo que caminhava com ele cantava “Hatikva”. O homem que estava com a bandeira foi detido. Além disso, pelo menos três outros indivíduos ergueram bandeiras israelenses no Monte do Templo na quinta-feira.
Os membros do Knesset, parlamento de Israel, que visitaram o Monte do Templo na quinta-feira incluíram Negev e Galileia, o ministro da Resiliência Nacional Yitzhak Wasserlauf (Otzma Yehudit) e os integrantes do Likud Dan Illouz, Ariel Kallner e Amit Halevi.
Cidade Velha
No mesmo dia, veículos de comunicação palestinos ligados ao Hamas, como a agência de notícias Shehab, divulgaram um gráfico que apresentava Ben-Gvir com um alvo vermelho sobre ele, acompanhado da frase: "Ben-Gvir é um alvo para nossos heróis e a ira de nossos revolucionários".
Na tarde de sexta-feira, ocorreram confrontos entre palestinos, judeus e a polícia israelense nas proximidades do Portão dos Leões, na Cidade Velha de Jerusalém. Esses confrontos aconteceram pouco antes das orações de sexta-feira em al-Aqsa. Durante a violência, dois civis israelenses e um policial ficaram feridos.
Imagens supostamente da cena mostraram judeus dançando e cantando no local, antes do início dos confrontos e da intervenção policial, que utilizou granadas de efeito moral para dispersar a multidão.
Durante os confrontos, palestinos foram vistos lançando pedras em direção aos judeus. Segundo relatos palestinos, os para-brisas de veículos pertencentes a palestinos também foram quebrados. Vários palestinos teriam sido feridos durante os episódios violentos.
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