No artigo “Para os judeus, a antiga ameaça de Purim nem sequer é passado”, o rabino Avi Shafran discute a celebração judaica de Purim, que comemora a salvação dos judeus de um plano de extermínio na antiga Pérsia.
A história vitoriosa dos judeus, narrada no Livro de Ester, se transformou em uma festividade é marcada por leituras do texto sagrado, troca de presentes e celebrações festivas. Este ano, a celebração de Purim acontece nos dias 13 e 14 de março.
Além de seu significado religioso, Purim se destaca como um dos feriados judaicos mais animados e descontraídos. A festividade é marcada por um espírito de alegria e celebração pelo seu significado de preservação do povo judeu o escapar de um grande massacre.
Durante o dia, a folia toma conta. Crianças – e até muitos adultos – vestem máscaras e fantasias engraçadas. As famílias se reúnem para refeições festivas, repletas de canto e acompanhadas por uma quantidade maior do que o habitual de vinho.
O fim dos judeus
Segundo o relato do Livro de Ester, na Bíblia, Hamã, um alto funcionário da corte do rei persa, tramou o extermínio dos judeus do reino.
No entanto, de acordo com a tradição judaica, as fervorosas orações da comunidade alcançaram a intercessão divina, resultando na revelação e no fracasso dos planos de Hamã.
O evento ocorreu na antiga Pérsia – território que hoje corresponde ao Irã, um país que se orgulha de sua herança persa. Ironicamente, no presente, o Irã, assim como seu predecessor de tempos remotos, representa uma ameaça a outra grande comunidade judaica: os habitantes do Estado de Israel.
Paralelo com dias atuais
O autor traça um paralelo entre a ameaça enfrentada pelos judeus na história de Purim e as atuais tensões com o Irã, sucessor da antiga Pérsia. Clérigos iranianos têm manifestado hostilidade em relação a Israel, com declarações sobre sua "aniquilação" e exibições de mísseis com inscrições como "Morte a Israel".
Essas ações evocam preocupações semelhantes às enfrentadas pelos judeus na narrativa de Purim.
Embora os aliados do Irã – incluindo o Hamas, o Hezbollah e os Houthis – tenham perdido força nos últimos meses, o sucessor da antiga Pérsia permanece focado nos judeus e continua sendo uma potência formidável.
No ano passado, o então Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, estimou que o "tempo de fuga" – o período necessário para que o Irã enriquecesse urânio até o nível de pureza adequado para armamento nuclear – seria de aproximadamente uma ou duas semanas.
“E assim, Purim hoje em dia desperta a esperança nos corações judeus de que o Irã será impedido de realizar seu sonho de destruir o que ele chama de ‘Pequeno Satã’”, diz o rabino, explicando que os americanos são considerados o “Grande Satã”.
Ele lembra que Hamã, o conspirador maligno do Livro de Ester, de acordo com o Talmude, ridicularizou os judeus perante o rei como “um certo povo, espalhado e disperso entre os outros povos em todas as províncias do seu reino, cujas leis são diferentes das dos outros…” e recomendou seu extermínio.
“Felizmente, seu plano foi frustrado – assim como um odiador de judeus mais recente, 72 anos atrás”, declarou.
O rabino lembra uma das falas do líder soviético Iosef Vissarionovich Dzugashvili, mais conhecido como Josef Stalin, que disse: “Os judeus não são uma nação”. A citação é atribuída ao ditador pelo falecido jornalista investigativo Arkadi Vaksberg em seu livro “Stalin Contra os Judeus”, de 1995.
Segunda Guerra
Stalin teria desenvolvido uma profunda antipatia pelos judeus, especialmente após a Segunda Guerra Mundial. Em novembro de 1948, iniciou uma campanha para erradicar os resquícios da cultura judaica na antiga União Soviética, resultando no fechamento de museus e instituições culturais judaicas.
Na noite de 12 de agosto de 1952, conhecida como a “Noite dos Poetas Assassinados”, 13 renomados escritores iídiches foram executados por ordem de Stalin.
Entre suas outras ações repressivas, destacou-se a infame “Conspiração dos Médicos”, uma acusação forjada de que um grupo de médicos estaria planejando assassinar altos líderes do Partido Comunista.
Em janeiro de 1953, Stalin declarou que o suposto complô fazia parte de uma conspiração mundial, supostamente liderada pelos judeus – um inimigo conveniente – sob a direção dos EUA.
Como resultado, centenas de judeus foram presos, muitos perderam seus empregos e outros foram sumariamente executados.
União Soviética
No mês seguinte, o Kremlin determinou a construção de quatro enormes campos de prisioneiros no extremo leste da União Soviética, onde os judeus temiam ser deportados como inimigos do Estado.
Duas semanas após a ordem para a construção dos campos, Stalin faleceu aos 73 anos. Ele desmaiou após um longo jantar com quatro membros do Politburo em Blizhnaya, uma dacha no norte de Moscou, e passou vários dias agonizando antes de morrer.
Segundo Nikita Khrushchev, sucessor de Stalin e presente na reunião em Blizhnaya, Stalin ficou completamente embriagado durante a festa, que, conforme o relato de Khrushchev, se estendeu até as primeiras horas de 1º de março.
Em 1953, a data correspondia ao 14º dia do mês judaico de Adar – Purim.
Neste mês de Adar, enquanto os celebrantes de Purim se preparam para recordar a queda de um antigo perseguidor persa e a morte de um ditador marcada pela embriaguez, muitos de nós oramos para que os planos de alguns inimigos dos judeus nos dias de hoje sejam igualmente frustrados.
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