A linha de interpretação escatológica de grupos dispensacionalistas apontam para as guerras atuais contra Israel como o cumprimento das profecias de Ezequiel 38 e 39, conforme explica o pastor Lamartine Posella, em suas redes sociais.
Ele fala sobre a profecia de Gogue e Magogue: “Gogue é o líder da confederação de Magogue. E Magogue é a Rússia”. Lamartine afirma que consegue provar essa teoria historicamente.
“Dentro dessa coalizão existe outra nação muito importante, que é a Pérsia, ou seja, o atual Irã. E todas as demais nações da confederação de Gogue e Magogue são os inimigos de Israel de hoje”, explicou.
Logo, para o pastor, a guerra entre Israel e Hamas pode evoluir para o conflito de Gogue e Magogue: “E na profecia, Israel vai vencer porque o Deus de Israel é com seu povo”.
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Profecias de Ezequiel e Apocalipse
Ao analisar as profecias bíblicas percebemos que existe uma conexão entre as que são apresentadas nos livros de Ezequiel e Apocalipse. Lembrando que Ezequiel foi escrito por volta de 590 a.C. e Apocalipse, aproximadamente, em 95 d.C.. E, na estrutura dos textos apresentados, realmente existe uma referência a uma guerra contra o povo de Israel.
Mas como podemos associar a guerra entre Israel e Hamas a Gogue e Magogue se Israel já foi atacado outras vezes? Apocalipse diz que “depois do milênio” as nações serão enganadas e “serão reunidas para a batalha de Gogue e Magogue” (Ap 20.6-8).
Ezequiel diz que “todas as tropas e as muitas nações subirão, avançando como uma tempestade” (Ez 38.9). Também diz que o ataque “virá do extremo norte, acompanhado de muitas nações, uma grande multidão, um exército numeroso” (Ez 38.15).
Quando vai acontecer a profecia de Gogue e Magogue?
A profecia em Apocalipse diz “quando terminarem os mil anos”. A profecia em Ezequiel diz “em anos futuros, nos dias vindouros”.
Alguns acreditam que isso está acontecendo, enquanto outros consideram que essa grande batalha só acontecerá após o milênio, ou seja, depois da Grande Tribulação e da segunda vinda de Cristo.
O pastor e hebraísta Luiz Sayão é cuidadoso ao interpretar as Escrituras, em especial as profecias para o fim dos tempos. Ele alerta sobre o perigo de olhar para o mapa e tentar, a partir de uma leitura imediata, relacionar nações, povos e dar nomes a determinados líderes.
O pastor recomenda uma escatologia saudável, estudada e vinda de uma leitura bem cuidadosa.
Segundo a Bíblia, na geografia de Israel “o mal vem do Norte”. Sayão explica: “Não é possível entrar pelo Sul de Jerusalém por uma questão geográfica. Somente os egípcios poderiam entrar pelo lado Sul, pela Via Mares”.
Sobre a relação da Rússia com as profecias, o pastor diz ser um absurdo: “Gogue e Magogue não tem a referência de ser um grupo específico, nação ou localidade geográfica. Gogue e Magogue são as nações dos quatro cantos da terra”.
Gogue pode ser uma referência ao Anticristo?
Quando a profecia usa o termo “Gogue e Magogue” ela parece indicar um grupo de governantes, mas também parece falar diretamente com uma pessoa, no singular. Isso faz com que muitos estudiosos cheguem à conclusão de que pode se tratar do Anticristo.
Daí, alguns estudiosos deste século apontam para a Rússia ou o Irã, por exemplo, e passam a sugerir nomes de nações que estarão envolvidas no conflito. O professor Luiz Sayão não aconselha esse tipo de interpretação e explica que Gogue e Magogue é uma referência às forças do mal que apoiam o Anticristo.
Então, apontar este ou aquele como a personificação do Anticristo não é viável, nem mesmo tentar indicar quais nações farão parte do ataque. Além disso, nem todos os teólogos concordam que a batalha será literal.
Lembrando que os textos proféticos são carregados de linguagem simbólica. “São textos com a intenção de trazer um impacto sobre a realidade do futuro. Esse simbolismo faz parte de um contexto, de uma época histórica, de um pano de fundo hebraico”, destaca o hebraísta.
Para finalizar, Sayão explica que, segundo as profecias, no futuro teremos o mundo todo unido contra Deus e os fiéis sofrerão perseguição. Será um confronto final. Em partes, essa realidade já existe hoje.
“O espírito do mundo, o espírito do Anticristo se volta contra tudo o que tem a ver com os ensinos e valores do Evangelho. E isso vai se intensificar no fim dos tempos”, concluiu.
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