Estudantes de uma escola pública, localizada na província chinesa de Zhejiang, foram solicitados a responder questionários que exigiam a divulgação de suas filiações religiosas. A denúncia foi feita por Li*, uma fonte local, à Portas Abertas.
Ela explicou que pelo menos duas famílias de sua igreja passaram por isso, quando os filhos, na pré e na adolescência, anotaram inocentemente no questionário que são cristãos. A partir de então, muitos problemas começaram a acontecer.
Após completarem os formulários, as crianças perceberam que suas respostas foram encaminhadas para a administração superior da escola.
Em seguida, os professores convocaram encontros individuais com os pais e os alunos. Durante essas reuniões, foram solicitados a assinar uma declaração renunciando à sua fé. A recusa a esse pedido acarretava a ameaça de expulsão das crianças da instituição escolar.
“Assinamos porque não tínhamos outra escolha”, justificou um dos pais, dizendo ainda que “isso afetará o futuro de nossos filhos.”
Afetando a igreja
A discriminação está causando repercussões na comunidade religiosa liderada por Li, uma vez que os pais estão enfrentando incertezas quanto à segurança de continuar frequentando a igreja.
“Atualmente, essas famílias não frequentam nossos cultos”, diz Li. “É a primeira vez que experimentam esse tipo de tratamento e ainda estão processando seus sentimentos. É chocante para eles.”
Na China já proibido que menores de 18 anos frequentem a igreja, desde a introdução dos regulamentos de 2018.
Li acredita que a recente medida adotada pela escola faz parte de um esforço mais amplo das autoridades locais para reforçar o controle. Isso é especialmente notório devido à proximidade de um evento internacional que ocorrerá em sua região durante os meses de agosto e setembro.
Em muitos casos, restrições mais rigorosas e uma aplicação mais estrita das regras por parte das autoridades locais são observadas quando grandes eventos acontecem na China.
Restrições rigorosas
Esta notícia surge na sequência de outro incidente recente envolvendo igrejas na província de Zhejiang, que receberam ordens para exibir cartazes com a inscrição 'Ame o Partido Comunista, ame o país e ame a religião' do lado de fora de suas instalações.
Nos últimos anos, os cristãos na China têm enfrentado uma série de regulamentos e restrições cada vez mais rigorosos por parte das autoridades.
Comprar uma Bíblia online é considerado ilegal, compartilhar conteúdo cristão na internet requer autorização e sistemas de vigilância por câmeras (CFTV) são frequentemente instalados nas igrejas. Participar de uma igreja doméstica é proibido, sendo que somente o Movimento Patriótico das Três Autonomias é permitido pelas autoridades chinesas, sendo essa igreja sujeita a uma forte vigilância.
De acordo com a Portas Abertas, vários cristãos foram presos e sentenciados, muitas vezes acusados de operações comerciais ilegais, fraude, atuação contra a segurança do estado ou "provocar problemas", com palavras vagas.
A perseguição é pior em determinadas regiões, e a vida é particularmente difícil para os crentes de minorias étnicas.
Essas mudanças são as principais razões que elevaram a China na Lista Mundial de Perseguição da Portas Abertas – de 43º há alguns anos para sua posição atual no número 16.
Permanecendo forte na fé
Apesar das restrições opressivas que os cristãos enfrentam em várias regiões da China, a fé continua a se expandir no país, e as pessoas estão dispostas a assumir grandes riscos para participar de igrejas clandestinas.
Li destaca a importância fundamental de os cristãos, especialmente os jovens, estarem prontos para seguir o caminho de Jesus e lidar com questões desafiadoras de maneira firme.
“Aprendemos a grande importância de preparar nossos jovens crentes sobre como lidar com pressões de qualquer forma devido à sua fé a qualquer momento”, diz ela. “Eles não sabem o que e como responder.”
* Nome alterado por motivos de segurança.
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