Autoridades islâmicas ordenaram o fechamento de escolas durante o Ramadã na Nigéria, afetando estudantes cristãos.
Segundo a Missão Portas Abertas, todas as escolas, públicas e particulares, foram fechadas em quatro estados da região norte do país: Kano, Katsina, Bauchi e Kebbi.
A polícia da moralidade de Katsina informou que "o não cumprimento não será tolerado". Essa é a primeira suspensão em massa das aulas na história da Nigéria.
A região norte é de maioria muçulmana e 12 de seus estados – incluindo os quatro que implementaram os fechamentos – aplicam a Sharia (lei islâmica).
Líderes cristãos, sindicatos de professores e entidades estudantis expressaram preocupação com a medida muçulmana. Eles temem que o direito à educação e à liberdade religiosa sejam ameaçados.
"Isso estabelece um precedente perigoso", alertou Samson Adeyemi, porta-voz da Associação Nacional de Estudantes Nigerianos.
Ele criticou o fato de que as autoridades estavam "priorizando as observâncias religiosas sobre o direito dos alunos à educação".
Liberdade religiosa em risco
John Samuel*, especialista jurídico da Portas Abertas na África Subsaariana, observou: "O direito à educação é um direito fundamental que deve ser garantido independentemente da origem religiosa dos alunos".
“Esta ação viola o direito fundamental à educação e à liberdade religiosa das minorias religiosas. O precedente que estabelece também é perigoso e pode levar à violação de outros direitos fundamentais das minorias religiosas".
O governo federal da Nigéria foi instado a tomar medidas contra a ação dos líderes islâmicos.
Existe ainda a preocupação de que as autoridades muçulmanas estabeleçam um governo baseado nas leis islâmicas para toda a população.
A Sharia está abaixo da lei federal e só deve ser aplicada aos muçulmanos, no entanto, na prática isso não acontece. Muitos cristãos nigerianos já enfrentam discriminação e opressão através da lei islâmica, até mesmo nas escolas.
Em 2017 e 2022, duas universidades públicas no estado de Katsina proibiram encontros e cultos cristão no campus, mas continuaram permitindo reuniões de estudantes muçulmanos.
Há três anos, a universitária cristã Deborah Yakubu foi acusada falsamente de blasfêmia e queimada até a morte por colegas muçulmanos na Shehu Shagari College.
Além disso, o fechamento de escolas agrava ainda mais o aprendizado dos alunos no país, que já possui dez milhões de crianças fora da escola.
"Essas pausas prolongadas correm o risco de aprofundar esta crise, minando os esforços para garantir o acesso à educação de qualidade para todos", afirmou Dom Daniel Okoh, presidente da Associação Cristã da Nigéria (CAN).
Cristãos vulneráveis no Ramadã
Ele comentou que outras nações muçulmanas, como a Arábia Saudita, mantém as escolas abertas com horários especiais durante o Ramadã. A CAN pediu diálogo e informou que poderá tomar medidas judiciais para proteger os alunos.
A Nigéria possui um histórico de perseguição violenta contra cristãos, ocupando o 7° lugar da Lista Mundial da Perseguição 2025 da Missão Portas Abertas.
O Ramadã é um período onde os seguidores de Jesus se tornam mais vulneráveis à perseguição em países islâmicos. Os cristãos costumam ser atacados por não jejuarem como os muçulmanos.
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