Cristão perseguido da Etiópia relata milagres em visita ao Brasil: ‘Vimos a mão de Deus’

Fikiru B sofreu perseguição por se converter e iniciar uma igreja na Etiópia. Em entrevista ao Guiame, ele contou como foi seu encontro com Jesus.

Fonte: Guiame Atualizado: quarta-feira, 13 de novembro de 2024 às 18:31
Imagem ilustrativa. (Foto: Portas Abertas).
Imagem ilustrativa. (Foto: Portas Abertas).

Fikiru B (pseudônimo) enfrentou graves consequências por colocar sua fé em Cristo em seu país natal, a Etiópia. Ele enfrentou a perseguição de sua comunidade e foi rejeitado pelo próprio pai, após iniciar uma igreja em seu vilarejo.

Nos momentos mais difíceis – desabrigado e passando fome – ele foi ajudado pela Missão Portas Abertas, e hoje trabalha na organização na área de pesquisa no Leste Africano.

Em sua primeira visita ao Brasil, Fikiru está compartilhando suas experiências levando ajuda a outros cristãos perseguidos.

Em entrevista ao Guiame, ele contou como foi seu encontro com Jesus e os milagres que Deus tem feito em meio a Igreja perseguida.

Guiame: Como foi o seu encontro com Jesus?

Fikiru: Eu frequentei a igreja na Etiópia desde muito cedo. Mas aquela igreja ensinava um sincretismo religioso sem fundamento bíblico, sem falar de Jesus e seu Evangelho. Então, eu recebi uma Bíblia que estava sendo distribuída por um trabalho que a Portas Abertas estava apoiando. Eu vi em um carimbo na contracapa da Bíblia que a Portas Abertas apoiava aquele trabalho. Nunca tinha ouvido falar da organização e nem conhecia este ministério. 

Então, ao ler o Evangelho de Jesus, eu e um grupo, resolvemos compartilhar aquilo com outras pessoas, e um grupo de estudo bíblico e oração se formou ali. Então, em pouco tempo, milhares de pessoas frequentavam esses estudos e resolvemos, então, aceitar a Jesus. 

Guiame: Por causa de sua fé, você enfrentou perseguição em seu próprio país, a Etiópia. Poderia nos contar sobre essa experiência?

Fikiru: Sim. Eu costumo dizer que a perseguição religiosa teve início na minha vida assim que a Portas Abertas me deu aquela Bíblia. Eu conheci a verdade libertadora do Evangelho e o nosso grupo crescia mais e mais. Então, os líderes religiosos daquela comunidade perceberam que um novo movimento e uma nova fé nascia ali e que nós não participávamos do sincretismo religioso que eles pregavam. E eles ficaram muito bravos e nos atacaram, levantaram a comunidade contra nós, nos excomungaram e nos chutaram para fora daquela igreja. 

O que mais me doeu, no entanto, foi que meu pai, assim que viu que eu fazia parte daquele movimento, também me rejeitou. Formamos uma igreja, mas a comunidade, inflada pelos líderes religiosos, atacaram e destruíram a nossa igreja. Meu pai me colocou para fora de casa e minha comunidade me expulsou. Estávamos sós, sem trabalho ou dinheiro, passando fome e necessidade. 

Guiame: Como você se envolveu com a Portas Abertas e com a causa da Igreja perseguida?

Fikiru: Foi neste momento que a Portas Abertas bateu na casa que nos abrigava e disse que ouviram falar de nós. “Nós ouvimos falar de vocês, e viemos te ajudar. Mais que isso, queremos saber como vocês estão”. Eles só queriam nos ouvir e isso curou nossa alma e fez fortalecer a nossa fé. 

Porque nada daquilo fazia sentido para nós, mas nós tínhamos quem orasse por nós, nos ouvisse e nos ajudasse. “De agora em diante estaremos com vocês e vocês jamais estarão sozinhos”, disse o grupo da Portas Abertas que nos visitou. Nosso time se fortaleceu e muitos outros membros receberam Bíblias, eu recebi o meu primeiro treinamento bíblico. 

Anos depois, fui convidado a fazer parte do time de colaboradores da Portas Abertas e hoje eu encaro isso não como um trabalho, mas como uma oportunidade ministerial de ajuda a outros cristãos em situação de perseguição no meu país e em outros países da África. 

Guiame: Atuando com cristãos perseguidos em Moçambique, quais foram os relatos mais trágicos que você ouviu ou presenciou sobre o que está acontecendo lá?

Fikiru: Moçambique vive ataques de extremistas muçulmanos sucessivamente. As vilas de maioria cristãs são atacadas, pessoas são mortas, crianças sequestradas, há muita violência física, sexual e psicológica. 

Houve um irmão, em específico em uma dessas vilas. Quando a insurgência islâmica atacou a vila dele, ele não conseguiu escapar. Então, eles o jogaram em um poço, derramaram combustível sobre ele atearam fogo nele vivo. Ele gritava e se debatia. Os insurgentes foram embora e deixaram ele lá. Mas havia outros cristãos escondidos por perto que viram o que aconteceu e correram para salvá-lo. Ele foi levado para o hospital. A Portas Abertas o visitou e pagou por seu tratamento. Ele passou por várias cirurgias, inclusive no rosto. Eu o visitei em agosto deste ano e a resiliência dele é fora do normal. 

Sempre que encontramos cristãos perseguidos depois de um ataque como esse, nós ficamos gratos a Deus de poder ajudar como ajudamos e por tudo o que conseguimos fazer, como família. Porque quando viajo pelo Brasil e vejo o esforço dos irmãos em orar, contribuir e sobretudo amar aos cristãos perseguidos, vejo que todo esse esforço é recompensado quando ajudamos a curar essas feridas físicas, emocionais e psicológicas. 

Guiame: Em meio a tantas dificuldades, quais foram os testemunhos mais impressionantes de livramentos e milagres que você testemunhou ou ouviu na África?

Fikiru: Nós que estamos trabalhando no campo, lidamos com testemunhos de livramentos e milagres constantemente. Um que envolveu a nós e nossa equipe de campo foi em Moçambique também. Nós soubemos de um ataque a uma vila e fomos visitá-los. Quando chegamos lá, a comunidade islâmica estava lá para garantir que os cristãos não voltassem à vila. E eles cercaram nosso carro e nós estávamos em perigo iminente. 

Haviam feridos na vila e a ambulância havia sido chamada. Então, em segundos, quando já tínhamos perdido a esperança de sair dali com vida ou inteiros, a ambulância chegou e abriram caminho para a ambulância e pudemos seguir a ambulância sem nenhum ataque ou perseguição ali. Foi um milagre, sentimos a mão de Deus naquela provisão, pois não havia possibilidade de sairmos ilesos dali

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