Em meio a tufões, Kim Jong-Un diz que o povo deve ‘clamar aos grandes líderes’ do país

Os cristãos norte-coreanos vivem uma perseguição violenta e são obrigados a esconder sua fé do governo para não morrer.

Fonte: Guiame, com informações da Portas AbertasAtualizado: terça-feira, 19 de setembro de 2023 às 14:53
Os membros da família Kim são retratados como deuses à população. (Foto: Portas Abertas)
Os membros da família Kim são retratados como deuses à população. (Foto: Portas Abertas)

Em agosto, o Tufão Khanun atingiu a Coreia do Norte, bem como a Coreia do Sul e o Sul do Japão. Enquanto os norte-coreanos preocupavam-se com suas vidas, o ditador Kim Jong-Un deu prioridade às estátuas e objetos de adoração à família Kim.

Conforme a Portas Abertas, a propaganda do governo norte-coreano se intensificou nas últimas semanas. Em um artigo recente do jornal estatal Rodong Simun, o governo declarou que “as estátuas e objetos de adoração são mais importantes que a vida das pessoas diante do tufão Khanun”.

Em seus discursos anteriores, Kim dizia que “tudo nessa terra só existe para garantir a segurança e saúde das pessoas”. Mas, seu discurso atual é o seguinte: “É  de suma importância preservar os retratos e estátuas dos nossos grandes líderes e protegê-los a qualquer custo. Devemos clamar por misericórdia a eles em meio aos tufões e enchentes”.

“Alguns especialistas chamam a Coreia do Norte de Estado teocrático. E, de fato, a realidade é muito próxima disso. Os líderes são idolatrados. A Coreia do Norte tem milhares de monumentos e exige que as pessoas se curvem com profunda reverência diante desses objetos feitos por mãos humanas”, disse o irmão Simon (nome fictício por motivos de segurança), responsável pelo trabalho da Portas Abertas com norte-coreanos. 

‘Ilusão sobre a família Kim e o culto à personalidade’

Segundo o missionário, todas as fábricas, escritórios e casas devem ter um retrato dos líderes na parede. Durante inspeções inesperadas da polícia, um dos itens observados é se esses quadros estão bem conservados. Espera-se que em um incêndio, por exemplo, as pessoas sacrifiquem a própria vida para salvar as imagens.

A própria TV estatal alimenta a ilusão sobre a família Kim. Um dos programas infantis apresenta como “fato histórico” que os líderes norte-coreanos derrotaram os imperialistas estadunidenses. Em outro programa, crianças sacrificam a vida em prol do “grande Kim”. Tudo para afastar a influência do Ocidente, o que inclui o cristianismo.

Propaganda anticristã

Há notícias de refugiados norte-coreanos que contam como é a propaganda anticristã no país. A cristã Hea Woo (nome fictício) disse que ouvia histórias terríveis quando pequena.

Uma delas era de “missionários americanos que viviam escondidos no porão do hospital e sequestravam crianças para roubar orgãos e sangue para vender na China”.

Hyo (nome fictício), outro refugiado, contou que quando encontrou cristãos no abrigo da Portas Abertas na China ficou com tanto medo que fugiu pela janela.

“Eles estavam lendo um livro com uma cruz na capa. Eu tinha aprendido que aquele era o símbolo de pessoas diabólicas. Estava tão doutrinado que fugi de um abrigo completamente seguro”, lembrou.

O doutrinamento começa desde os primeiros anos de vida. As primeiras palavras que os pais ensinam aos filhos são: “Obrigado, grande Kim II-sung”. E todos os meios de comunicação alimentam a doutrinação por meio de TV, rádio, jornais e programas de entretenimento. 

A organização pede orações pelos irmãos norte-coreanos e finaliza destacando que a batalha espiritual na Coreia do Norte é desafiadora: “A propaganda constante torna difícil anunciar o Evangelho. E os que querem ouvir a palavra de Deus precisam se libertar de anos de doutrinação. Ore pela libertação da nação mais perigosa da Lista Mundial da Perseguição 2023”.  

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