Uma enfermeira cristã foi atacada por funcionários muçulmanos de um hospital no Paquistão, acusada de blasfêmia contra o Islã. As agressões foram filmadas e chamaram a atenção nas redes sociais.
Parte da equipe do Hospital Maternidade Sobhraj, em Karachi, no sul do Paquistão, agrediu na última quinta-feira (28) a enfermeira Tabitha Nazir Gill, de 42 anos, com tapas e socos. Ela foi acusada de dizer que Jesus é o verdadeiro Salvador e menosprezar a importância de Maomé.
“Ela levou outros a dizer ‘Jesus’ para resolver seus problemas. Não fale o nome. Ela cometeu blasfêmia. Devemos enterrá-la. Vamos sacrificar nossas gerações pela dignidade dos profetas”, gritou uma enfermeira muçulmana enquanto batia em Tabitha.
Tabitha foi arrastada do terceiro para o primeiro andar do hospital, onde trabalhou por nove anos, e foi atacada por mulheres vestidas de burca com vassouras.
“Juro por Deus que não disse nada contra o profeta Maomé”, disse ela no vídeo. “Eu não fiz nada disso. Eu sou cristã. Nós não juramos, mas eu juro por Jesus e pela Bíblia. Me deixem ligar para meu marido”, implorou.
Em outras imagens, mulheres colocam um caderno e uma caneta nas mãos da enfermeira para tentar forçá-la a assinar uma confissão de blasfêmia. Ela foi amarrada com cordas e trancada em uma sala antes que a polícia fosse acionada.
O oficial de investigação inicialmente inocentou Tabitha das acusações de blasfêmia, citando um “mal-entendido entre colegas” e permitiu que ela deixasse a delegacia. No entanto, na mesma tarde, a polícia registrou um caso de blasfêmia contra ela sob a Seção 295-C do Código Penal do Paquistão, que determina a pena de morte por blasfêmia contra o profeta Maomé.
Perseguidos e invisíveis
Na sexta-feira (29), o missionário Chileno Vergara chamou a atenção dos brasileiros para o caso por meio das imagens de agressão. “A mulher sendo espancada é familiar de um de nossos pastores no Paquistão. Ela é enfermeira e também crente. Está sendo espancada por outras enfermeiras e médicos que ouviram ela cantar e adorar a Deus no serviço”, disse no Instagram.
Vergara continuou comentando sobre o caso nesta segunda (1), criticando a falta de atenção aos cristãos perseguidos. “Nesse vídeo, eu te mostro o que você não verá na TV do seu país, nem nos jornais. Sabe porque? Porque somos invisíveis. O vídeo é forte, porém real!”
“E o que me choca não é sermos invisíveis só para o mundo, porém para os crentes, para a Igreja (pelos menos 98% delas). Cada vez que alguma igreja não prega sobre missões, nos fazem invisíveis! Cada vez que uma igreja não tem fundos destinados a missões e aos mais pobres, nos fazem invisíveis. Cada vez que sua igreja gasta para reformar o seu prédio pela décima vez em um ano, esquecendo os povos inalcançados, nos fazem invisíveis”, continuou.
“Cada vez que um cristão vê um vídeo deste em seu celular, porém continua o seu dia como se nada tivesse acontecido, nos faz invisíveis. O mundo e uma multidão de cristãos nos fez desaparecer. Porém continuamos firmes, sabendo que nosso Deus nos vê, porque Ele não nos esqueceu”, finalizou o missionário.
Acusações falsas
No Paquistão, falsas acusações de blasfêmia são comuns e muitas vezes motivadas por vinganças pessoais ou ódio religioso. Este tipo de acusação tem o potencial de mobilizar multidões, provocando linchamentos, assassinatos e protestos em massa.
Sem presunção de inocência no Paquistão, qualquer pessoa acusada de blasfêmia pode ser presa, muitas vezes por anos, enquanto as falsas alegações ficam impunes. A punição por blasfêmia no Paquistão varia entre anos de prisão até a morte. Em contraste, uma pessoa que fizer uma acusação falsa enfrenta uma punição de seis meses de prisão ou multa de apenas 1.000 rúpias, equivalente a 74 reais.
Embora sucessivos governos tenham reconhecido que as leis contra a blasfêmia são mal utilizadas, pouco esforço foi feito para impedir os abusos.
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