Ex-muçulmanos convertidos são forçados a fazer aulas de reeducação islâmica no Irã

Apesar de estarem inocentados das acusações, dez cristãos passarão por sessões com líderes islâmicos.

Fonte: Guiame, com informações de Article 18Atualizado: quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022 às 13:18
Quatro dos oito cristãos forçados à reeducação islâmica. (Foto: Article 18).
Quatro dos oito cristãos forçados à reeducação islâmica. (Foto: Article 18).

Ex-muçulmanos que se converteram ao cristianismo foram forçados por agentes da Inteligência da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC) a frequentar aulas de “reeducação” muçulmana, na cidade de Dezful, no Irã.

De acordo com o Article 18, uma organização que trabalha pelos cristãos iranianos perseguidos, dez crentes, incluindo oito que já foram absolvidos de qualquer crime, terão que participar de dez sessões com líderes islâmicos, com o objetivo de "orientá-los de volta ao caminho direito".

Segundo a Guarda Revolucionária Islâmica, os ex-muçulmanos foram “enganados” e por isso, foram convocados para as aulas. 

“Disse aos meus clientes para não irem e para dizerem: 'Temos um advogado, então nos chame legalmente'. Mas eles estavam ansiosos e preocupados”, relatou Iman Soleimani, o advogado dos cristãos, explicando que o grupo foi chamado inicialmente para uma reunião.

Os crentes que não compareceram ao encontro com a IRGC, foram advertidos e questionados pelas autoridades.

Tendência de perseguição

Conforme relatório do Article 8, a Inteligência da Guarda Revolucionária Islâmica está cada vez mais relacionada ao assédio e falsas acusações contra cristãos no Irã. Em 2021, a IRGC foi responsável por 12 das 38 ações contra seguidores de Cristo, incluindo prisões e invasões a residências e igrejas domésticas.

Uma dessas ações envolveu o grupo de cristãos de Dezful. A Guarda Revolucionária acusou, ameaçou e prendeu oito deles e confiscou suas propriedades. Agora, continua perseguindo os crentes ao forçar a "reeducação" islâmica.

De acordo com o Article 8, a IRGC está agindo fora dos limites da lei ao não aceitar a decisão do promotor do Tribunal Civil e Revolucionário de Dezful, que decidiu que os cristãos não cometeram nenhum crime e não poderiam ser acusados, em novembro de 2021.

“Eles apenas se converteram a uma religião diferente e não fizeram propaganda contra outros grupos”, afirmou o procurador, acrescentando que a acusação de “apostasia do Islã”, era algo passível de punição sob a lei sharia, mas não sob as leis do Irã.

“Os cristãos devem agora suportar 10 sessões obrigatórias com clérigos islâmicos, que tentarão revertê-los ao Islã, o que é uma clara violação de seus direitos sob os pactos internacionais dos quais o Irã é signatário”, avaliou o Article 8.

A organização que defende os cristãos iranianos ainda afirmou que as chamadas sessões de “reeducação” se tornaram comuns nos últimos anos, aparecendo até mesmo na lista de “punições corretivas” em documentos oficiais do tribunal do Irã.

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