Hindus radicais atacam famílias cristãs e dão prazo de 10 dias para renunciarem à fé

O Hindutva também atacou propriedades, demoliu muros e destruiu colheitas, causando enormes perdas financeiras aos cristãos.

Fonte: Guiame, com informações do MaktoobAtualizado: terça-feira, 25 de junho de 2024 às 13:44
Relatório diz que em 2023 houve um aumento na violência contra os cristãos nos últimos anos. (Foto: Unsplash/Ibrahim Rifath)
Relatório diz que em 2023 houve um aumento na violência contra os cristãos nos últimos anos. (Foto: Unsplash/Ibrahim Rifath)

No dia 12 de junho, famílias cristãs na aldeia de Bade Paroda, em Jagdalpur, Chhattisgarh, teriam sido atacadas por uma multidão de extremistas Hindutva.

Durante o ataque, as vítimas receberam um ultimato para renunciar à sua religião dentro de um prazo de 10 dias. O incidente resultou em pelo menos duas pessoas inconscientes e três outras hospitalizadas.

Segundo o advogado que representa as famílias, disse em entrevista ao Maktoob, um dos feridos teve a perna quebrada, o que evidencia a intensidade da violência.

A aldeia de Bade Paroda tem sido um foco de confrontos religiosos desde 2023, com as minorias cristãs frequentemente sendo alvo de ataques e intimidações esporádicas.

O advogado que representa as famílias desde 2023 observou que todos os ataques foram auxiliados pela polícia local, o que acabou forçando as famílias a fugirem da sua aldeia.

"As famílias agora estão banidas da aldeia e foram coagidas a assinar uma declaração, na presença das autoridades locais e assinada pelo chefe da aldeia, afirmando que se converterão dentro de dez dias se desejarem retornar. Elas fugiram da aldeia, temendo por suas vidas, pois acreditavam que seriam mortas se não cumprissem," disse o advogado, que prefere permanecer anônimo, ao Maktoob.

Ao compartilhar informações sobre o incidente, o Fórum Cristão Unido (UCF, sigla em inglês) revelou que pelo menos 23 casos de violência contra cristãos foram registrados apenas na semana passada. De acordo com dados mantidos pelo grupo, cerca de 200 crimes de ódio contra cristãos foram relatados nos primeiros três meses de 2024.

O grupo Hindutva também atacou propriedades, demolindo muros de campos e destruindo colheitas, causando enormes perdas financeiras no valor de milhares de rúpias [a moeda indiana]. Após agredirem fisicamente as vítimas, os radicais fizeram ameaças de morte às famílias, exigindo que renunciassem à sua religião ou enfrentariam ainda mais brutalidade.

"Os aldeões, Shoba, Chetan e Savitri, foram forçados a renunciar ao Cristianismo para poderem cultivar suas terras. O problema persistia desde 2023, mas escalou para uma violência brutal no início deste mês. As famílias agora estão proibidas de cultivar suas colheitas, e o dinheiro gerado por suas terras foi distribuído entre as autoridades, com apenas um sexto sendo compartilhado com as famílias."

Perda de terras

No dia 12 de junho, quando os aldeões foram cultivar suas terras, um grupo afiliado ao Bajrang Dal e ao RSS declarou que eles não poderiam trabalhar até que renunciassem à sua religião, alegando que as terras pertenciam às "divindades" da aldeia. Mais tarde, por volta das 9h, as famílias foram arrastadas para fora de suas casas, espancadas implacavelmente e detidas no Panchayat Bhawan (centro administrativo e de reuniões das comunidades locais) até cerca das 15h.

Isso incluiu algumas meninas menores de idade que foram detidas com a ajuda da polícia, segundo a denúncia acessada pelo Maktoob.

"Há alguns meses, esses grupos chegaram a queimar os campos de milho pertencentes às famílias cristãs para intimidá-las a se converterem. Durante o ataque de 12 de junho, Shoba teve uma perna fraturada devido a uma surra severa", afirmou o advogado.

Durante muito tempo, a comunidade cristã da aldeia tem apresentado queixas sobre a falta de proteção policial adequada. Apesar dos repetidos pedidos de ajuda, as autoridades responsáveis pela aplicação da lei permaneceram em grande parte ausentes, tornando essas comunidades alvos fáceis para os ataques.

Este último incidente aumentou ainda mais o medo entre as famílias cristãs, forçando-as a abandonar a aldeia em busca de segurança.

Um relatório publicado por um grupo de defesa em dezembro de 2023 afirmou que houve um aumento na violência contra os cristãos nos últimos anos. O número de casos subiu de 505 em 2021 e 599 em 2022 para 687 em 2023.

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