Países que perseguem a Igreja: como vivem os cristãos na Argélia

A maioria dos cristãos argelinos costumam enfrentar assédio, espancamentos, ameaças e prisão, bem como pressão para voltar aos costumes islâmicos.

Fonte: Guiame, com informações de Portas AbertasAtualizado: quinta-feira, 11 de março de 2021 às 11:59
Ore pela reabertura de igrejas na Argélia. (Foto: Portas Abertas)
Ore pela reabertura de igrejas na Argélia. (Foto: Portas Abertas)

POPULAÇÃO: 43,3 milhões 
CRISTÃOS: 129 mil 
RELIGIÃO: Islamismo, cristianismo e judaísmo 
GOVERNO: República presidencialista 
LÍDER: Abdelmadjid Tebboune
POSIÇÃO: 24º na Lista Mundial da Perseguição

A Argélia é conhecida oficialmente como República Argelina Democrática e Popular. O país fica na África do Norte e faz parte do Magrebe, que representa o extremo ocidental do mundo árabe. A União do Magrebe, criada em 1989, é uma organização comercial que inclui também: Marrocos, Tunísia, Líbia e Mauritânia.

A nação é conhecida como uma potência regional e média, fornecendo grandes quantidades de gás natural para a Europa, além de possuir a 17ª maior reserva de petróleo do mundo e a segunda maior da África.

A maioria dos cristãos que vivem por lá é de ex-muçulmanos e eles costumam enfrentar assédio, espancamentos, ameaças e prisão, bem como pressão para voltar aos costumes islâmicos. O islã mantém um controle firme sobre o país devido ao crescimento do movimento salafista.  

A pressão também é exercida por funcionários do Estado receptivos aos ensinamentos de professores islâmicos radicais. Eles usam sua influência para limitar as liberdades dos cristãos ex-muçulmanos, inclusive impedindo-os de expressar opiniões em público.  

Proibições aos cristãos argelinos

As leis que regulam a adoração não muçulmana proíbem qualquer coisa que “abale a fé de um muçulmano”, ou seja, usada como “meio de sedução com a intenção de converter um muçulmano a outra religião”.  Resumindo, é proibido evangelizar, falar de Jesus ou ler a Bíblia em público.

Nos últimos três anos, as autoridades da Argélia se envolveram em uma campanha sistemática contra a Igreja Protestante da Argélia (EPA). Como resultado 13 igrejas foram fechadas à força pelas autoridades. Outras receberam ordens para cessar todas as atividades.  

E mesmo com essa repressão, a igreja de Cristo continua crescendo. “Vemos sinais de um novo avivamento. Os muçulmanos estão vindo até nós; eles estão cansados, e alguns clara e abertamente dizem: ‘Queremos conhecer Cristo’”, disse Muslih, cristão perseguido no Norte da África.

Tipos de perseguição

Os tipos de perseguição aos cristãos na Argélia são, principalmente, opressão islâmica e paranoia ditatorial. A hostilidade e os ataques normalmente chegam através de líderes religiosos não cristãos, grupos extremistas violentos, oficiais do governo, cidadãos muçulmanos e até mesmo dos próprios parentes. 

Quanto às mulheres, apesar da introdução de uma lei em 2016 que pune a violência e o assédio sexual, as argelinas continuam a ser desfavorecidas na lei e na sociedade. Isso agrava a perseguição vivida pelas mulheres cristãs. Há restrições para uma comunhão significativa com outros, e elas são impedidas de acessar a mídia cristã. O não uso do véu pode levar ao assédio.

Dado os riscos, muitas mulheres que se convertem ao cristianismo, escondem a fé. Mas se forem descobertas, o casamento forçado é uma possibilidade muito real para atraí-las de volta ao islã. Se já casadas, elas provavelmente enfrentarão o divórcio e o direito de criar os filhos será negado. Mulheres despejadas podem acabar na rua por causa de dificuldades financeiras. 

No caso dos homens, enfrentam mais assédio no local de trabalho e podem até perder o emprego se optarem pelo cristianismo. Homens ex-muçulmanos são particularmente vulneráveis à perseguição. Eles podem enfrentar exclusão não apenas da família, mas também da comunidade em geral. Nos protestos pacíficos contra o fechamento de igrejas em 2020, a maioria dos protestantes eram homens e eles foram detidos.   

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