A Síria enfrenta mais de uma década de conflitos, iniciados com a Guerra Civil Síria em 2011, marcada por violações sistemáticas dos direitos humanos, massacres, deslocamentos forçados e confrontos intensos contra grupos do ISIS (Estado Islâmico).
No final de novembro de 2024, uma ofensiva relâmpago conduzida pelo grupo islâmico sunita Hay'at Tahrir al-Sham (HTS), com raízes na Al-Qaeda, resultou na queda da dinastia Assad, há décadas no poder. Desde então, o ex-líder buscou refúgio em Moscou, enquanto al-Sharaa, membro do HTS, assumiu o cargo mais alto do governo.
No início de março, a Síria enfrentou seu momento mais mortal desde a queda do presidente Assad. Confrontos entre forças governamentais e combatentes pró-Assad eclodiram, resultando na morte de centenas de civis e soldados.
O total de mortes nos confrontos entre as forças de segurança e os apoiadores de Assad, somado aos assassinatos motivados por vingança, ultrapassou 1.000, segundo a OSDH, um grupo de monitoramento de guerra, conforme informou a Associated Press.
Relatórios espelhados pela mídia e pelas redes sociais indicaram que em menos de 24 horas, centenas de cristãos foram massacrados na região costeira da Síria. As mortes ocorreram nas regiões sírias de Jableh e Baniyas, onde comunidades cristãs e alauítas vivem historicamente.
Rumores
O porta-voz de comunicações da Portas Abertas no Oriente Médio e Norte da África informou que a morte de apenas quatro cristãos pode ser confirmada e que não há evidência de que foram assassinados por causa da perseguição religiosa.
Ele também afirmou que a informação sobre um “massacre de cristãos” no país não é verdadeira. O porta-voz alertou que, o rumor não confirmado sobre a onda de perseguição que circula nas redes sociais, pode ter repercussões negativas para a população cristã local.
"Recentemente, quando uma ONG cristã iniciou um processo contra o novo presidente da Síria, o governo interrogou um líder cristão da mesma denominação da ONG, mas que não tinha relação com a solicitação, questionando por que os cristãos sírios eram tão contrários ao presidente. Da mesma forma, os rumores atuais podem repercutir gravemente sobre a comunidade cristã que não tem relação com o surgimento ou a divulgação desses rumores", afirmou.
A Missão Portas Abertas informou que está acompanhando de perto a situação na Síria e têm verificado a veracidade de vídeos e notícias sobre cristãos sírios.
“Temos uma rede forte em campo há mais de 20 anos, pela qual continuamos a monitorar a situação de perto. À medida que recebermos novas informações verificadas, compartilharemos em nossos canais de comunicação”, explicou o responsável pela comunicação da Portas Abertas Internacional.
Cristãos em risco
De acordo com a missão, embora não haja evidências fortes de uma matança em massa de cristãos sírios no conflito atual, a comunidade cristã está em risco.
“Ainda há muitas incertezas e medo para os 579 mil cristãos que restam na Síria de que grupos radicais aproveitem as mudanças no país para oprimir ainda mais os seguidores de Jesus”, disse a Portas Abertas.
Um jovem cristão sírio comentou: "Por 14 anos ouvimos que quando o grupo de oposição HTS chegasse ao poder, seríamos massacrados".
Na cidade de Homs, alguns cristãos contaram que não saem de casa quando está escuro, nem se sentem seguros ao deixar regiões cristãs.
Devido à ausência do Exército, polícia e serviço secreto – que foram demitidos após a queda de Assad – o crime cresceu, deixando as ruas menos seguras.
Hoje, grupos de jovens cristãos estão atuando como vigilantes em seus bairros. Em Damasco, há 25 desses grupos.
Com a incerteza da situação atual, muitos cristãos estão pensando em deixar a Síria.
"Quase todos os jovens querem sair, mas não apenas os que nasceram em famílias cristãs, os que se converteram do islamismo para o cristianismo também querem sair", relatou um líder cristão local à Portas Abertas.
Outro pastor sírio declarou: "Os cristãos de origem muçulmana se tornarão a maioria na igreja síria do futuro, mas eles estão com medo".
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