Wandemberg Marques, conhecido como “O Escriba”, concedeu uma entrevista exclusiva ao Guiame, na qual revelou detalhes da produção da maior Bíblia manuscrita por uma só pessoa, feito reconhecido pela organização Ranking Brasil.
Recordista como o mais rápido a transcrever as Escrituras e pelo maior número de canetas utilizadas em uma obra, esse feito teve início durante a pandemia.
Casado com Lucy Marques, Wandemberg decidiu, em 2021, se conectar de forma mais íntima com Deus e escolheu como caminho o estudo e a prática da Palavra.
Foi então que iniciou o grande desafio de transcrever manualmente toda a Bíblia, de Gênesis a Apocalipse.
Durante três meses e 22 dias, internado em um hotel em Lindóia (SP), ele escreveu até 16 horas por dia, consumindo 52 canetas e preenchendo 1.229 páginas.
O esforço resultou em ser reconhecido pelo Ranking Brasil – organização que funciona como o “livro dos recordes” nacional – como autor da maior Bíblia manuscrita feita por uma única pessoa no Brasil e a maior quantidade de canetas usadas em uma mesma obra.
Hoje, além de deter esses títulos, Wandemberg se dedica a um novo e ousado projeto: escrever a Bíblia de forma colaborativa com mais de 700 mil pessoas, cada uma registrando uma palavra em sua própria caligrafia.
Para conhecer mais sobre esse feito e o projeto em andamento, conversamos com Wandemberg durante a abertura da Expo Cristã, em São Paulo.
Guiame: Quando e como aconteceu o seu primeiro trabalho com a Bíblia manuscrita, que resultou no recorde de escrita manual por organização brasileira?
Wanderberg Marques: Hoje eu sou conhecido como escriba em razão de ter, no ano de 2021, estabelecido três recordes. Sou o homem mais rápido do mundo a transcrever a Bíblia, o que mais usou canetas em uma mesma obra, e a maior Bíblia manuscrita por uma só pessoa no Brasil é de minha autoria.
Estabeleci esse recorde na cidade de Lindóia, começando no dia 16 de maio de 2021 e terminando exatamente no dia 7 de setembro de 2021. Durante esse período, em plena pandemia da Covid-19, escrevi durante três meses e 22 dias ininterruptamente, internado em um hotel em Lindóia, onde trabalhava até 16 horas por dia, para que pudéssemos estabelecer os três recordes e divulgar a Bíblia em todo o mundo.
G.: Como nasceu esse propósito de escrever manualmente a Bíblia, além da divulgação do livro sagrado?
W.M.: Na verdade, eu resolvi sonhar os sonhos de Deus. Percebi aquilo que a Bíblia fala: que os sonhos de Deus são maiores que os meus, e que eu podia fazer algo a mais pelo Evangelho. Então Deus colocou um desejo ardente no meu coração de divulgar a Palavra, e entendemos que a melhor forma seria despertar a curiosidade das pessoas por meio de um recorde.
Foi aí então que eu fiz a inscrição no Guiness Book para participar de um evento que seria o mais rápido a transcrever a Bíblia. As coisas foram se formando, os objetivos ficando mais claros, e as pessoas começaram a se agregar ao projeto, de modo que conseguimos levar a êxito aquilo que já estava no coração de Deus.
A primeira vez que escrevi a Bíblia, fiz isso em cadernos de caligrafia, como treino. Logo em seguida, no dia 31 de dezembro de 2020, terminei de escrever a primeira versão. No dia 16 de janeiro de 2021, comecei a preparação para o recorde mundial — e deu tudo certo.
Trecho da Bíblia manuscrita por Wandemberg Marques, o Escriba. (Foto: Dirley)
G.: Qual o volume de material que esse trabalho manuscrito gerou?
W.M.: A Bíblia hoje tem uma ficha técnica de 1.229 páginas, pesa 10 kg e 100 g, consumiu 52 canetas, foram 648 horas de lives, tudo 100% gravado. Possui ata notarial, já que contratamos o cartório de notas da cidade de Lindóia para fornecer todas as folhas em branco, garantindo que nada fosse adulterado ou inserido antes do tempo.
Ela tem uma capa feita por Girard, artista plástico de Goiânia, em couro natural, com desenho à mão pirografado.
G.: Quais foram os desafios além dos físicos? Como você os enfrentou para concluir o objetivo?
W.M.: Os desafios foram diversos, principalmente os físicos. Antes de começar, no dia 16 de janeiro, iniciei treinos de natação, musculação, corrida, acupuntura e preparação psicológica e física, porque sabia que o trabalho seria árduo. Mesmo assim, toda essa preparação quase não foi suficiente diante da dureza da tarefa.
Não sou ambidestro, escrevo apenas com a mão direita. Durante três meses escrevendo, o lado esquerdo do corpo ficou descompensado. Vieram problemas de postura, coluna e, ao final, ficaram algumas consequências: hoje trato de epicondilite lateral e síndrome do túnel do carpo, entre outras.
Mas, apesar de toda a dor e das consequências, foram momentos prazerosos, que me capacitaram para algo maior.
Uma das experiências mais profundas foi perceber que, como diz a Bíblia, antes eu conhecia a Deus de ouvir falar, mas agora de andar com Ele. Afinal, fiquei três meses e 22 dias compenetrado, conversando com Ele e recebendo revelações. Foi incrível para minha vida.
Agora estou tentando reacender isso em um novo projeto: escrever a Bíblia com 702.803 pessoas. A Bíblia tem exatamente esse número de palavras, e estamos escrevendo novamente, valendo dois recordes no Guinness: como o maior livro colaborativo do mundo e o único escrito com mais de 700 mil pessoas, cada uma com sua caligrafia registrada.
G.: E você já começou esse novo projeto? Qual é o perfil das pessoas que podem participar? Você as procura ou elas podem se inscrever voluntariamente?
W.M.: Começamos no dia 12 de junho a captação. Quando bati o primeiro recorde, não havia tecnologia suficiente para elaborar esse trabalho. Agora unimos tecnologia, inteligência artificial e a vontade de fazer, chegando ao resultado esperado.
Funciona assim: as pessoas participam de forma voluntária pelo site oescribadabiblia.com.br. Criamos em formato de site porque hoje nem todos gostam de baixar aplicativos. No site há a aba “Escreva comigo”. A pessoa clica, preenche o cadastro para validação junto ao Guinness Book, garantindo a autenticidade dos dados.
Depois, a inteligência artificial seleciona uma palavra da Bíblia que a pessoa deverá escrever. Ninguém sabe qual palavra será; só é liberada após a anterior ser escrita. Assim, do Gênesis 1:1 – “No princípio criou Deus os céus e a Terra...” – até Apocalipse 22, teremos 702.803 participantes.
No celular, a palavra aparece e a pessoa deve escrevê-la com a própria letra — bonita ou feia, grande ou pequena. A imagem é captada e sobe para a plataforma, formando a Bíblia letra por letra, palavra por palavra, caligrafia por caligrafia, até o total de 703 mil pessoas.
Por seu trabalho de escrever manualmente a Bíblia, Wandemberg Marques ficou conhecido como ‘O Escriba’. (Foto: Dirley)
G.: Como fica a questão das versões bíblicas utilizadas nesse trabalho colaborativo?
W.M.: Tomamos o cuidado de usar como base a tradução Almeida Fiel, justamente para evitar acusações de heresia ou qualquer outro questionamento.
G.: Das várias experiências que você mencionou ter vivido no primeiro trabalho, que entrou para o Guinness, qual você considera a mais marcante nesses três meses de escrita dedicada?
W.M.: Acredito que foi perceber que tudo o que é difícil em nossa vida acontece por causa da desobediência. Deus é tão simples, embora complexo, e só quer uma coisa: obediência.
Durante todo o tempo, desde Gênesis e Êxodo, vemos que Deus pede: “Me obedeçam. Não façam outros deuses. Me respeitem. Levem isso de geração em geração.”
Quando obedecemos, conseguimos atingir o coração de Deus. As pessoas procuram coisas complexas, mas a verdade é simples: amar a Deus com todo o coração. Foi isso que aprendi.
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