Jesse Maple tinha um respeito pela Bíblia que foi ensinado por sua mãe, mas via o Livro Sagrado como uma espécie de amuleto. No Vietnã, no entanto, ele passou a encarar as Escrituras como prova de que Deus o amava e estava com ele.
Ao todo, sete soldados americanos carregam a mesma Bíblia desde 1967. Até 2019, eles haviam levado o exemplar por cinco países, em 11 viagens de combate.
“Você não acreditaria por tudo o que aquela Bíblia passou”, disse Maple ao Christianity Today.
Ele carregou a pequena Bíblia, de apenas 12 centímetros de comprimento, durante sua primeira viagem ao Vietnã. Ele foi convocado para o Exército dos Estados Unidos aos 19 anos, quando estava mergulhado em uma vida mundana. Mas então ele ganhou uma Bíblia de um homem dos Gideões Internacionais e aprendeu de sua mãe a respeitá-la.
A Bíblia estava com ele durante um tiroteio intenso, quando as balas rasgaram a mochila em suas costas. As balas atingiram uma lata de frutas, mas o deixaram ileso. Depois disso, Maple estava lá, com suco vazando no chão, quando um padre que passava lhe disse: “O Senhor estava com você hoje”.
Maple pensou imediatamente na pequena Bíblia em seu bolso. “Dou a Deus todo o crédito por me trazer para casa”, afirma. “Eu passei por tantos apuros...”
Quando Maple voltou para casa e soube que seu irmão Bill, também no Exército, estava sendo transferido de sua estação na Europa para lutar no Vietnã, ele decidiu dar a ele sua Bíblia. “Eu não era um bom cristão naquela época”, disse Bill.
Embora ele não tivesse um relacionamento pessoal com Jesus, ele sentiu uma conexão imediata com aquela Bíblia. “Era como um cobertor para um bebê”, disse ele à CT. “Parecia que você estava usando uma armadura extra.”
Bill não se tornou um verdadeiro cristão durante a guerra; ele aceitou Jesus como seu Salvador pessoal anos depois. Ele diz que Deus usou o testemunho de sua esposa e seu irmão, além de suas experiências no Vietnã, para atraí-lo à fé.
Bíblia passada adiante
Porém, mesmo antes de sua conversão, Bill sabia que aquela Bíblia era especial. Antes de deixar o Vietnã, ele o deu a seu amigo, Roger Hill — que a tinha consigo quando foi gravemente ferido em sua última viagem.
“Ainda oro a Deus todos os dias e agradeço a Ele por mais um dia”, disse Hill.
Em seguida, a Bíblia foi para Cliff McPeak, que lutou na Guerra do Golfo, e depois para Zac Miller, que ingressou na Guarda Nacional do Exército de Ohio aos 17 anos e foi enviado ao Iraque em 2004.
Zac Miller (à frente) levou a Bíblia durante atividade militar no Oriente Médio. (Foto: Arquivo pessoal)
Antes de Miller deixar os EUA, Jesse Maple o convidou para passar em sua casa. O soldado mais velho contou a Miller a história da Bíblia, como ele voltou da guerra e o propósito de Deus em meio a tudo isso.
Como cristão, Miller sabia que a Bíblia era mais do que um amuleto, mas creu que aquele livro carregava algo especial. “Aceitei de bom grado e levei comigo”, disse ele.
Quando Miller terminou sua jornada, a Bíblia foi dada a dois irmãos de sua cidade natal, Zac e Will Allen. Eles o levaram para a batalha no Iraque e no Afeganistão antes de devolvê-la a Miller em 2019.
Miller, que publicou por conta própria um livro sobre as histórias dos sete veteranos e a única Bíblia que eles carregaram em 11 viagens de combate do Exército dos EUA, descobriu que nem todos os homens eram religiosos da mesma forma. Mas todos foram fortalecidos, consolados e encorajados por aquela Bíblia.
“Em tempos de grande provação, ter aquela Bíblia com você dava um certo alívio por não estar sozinho e sendo guardado”, disse ele.
Os irmãos Jesse e Bill Maple, os primeiros a carregar o livro para o Vietnã, agora estão envelhecendo e enfrentando novas dificuldades. Bill não consegue mais ler a Bíblia porque ficou cego — o que ele acredita ter sido resultado do agente laranja, um desfolhante químico usado por militares. Ele tem um dispositivo eletrônico que lê os livros para ele, porém, seu favorito ainda é a Bíblia.
“Eu deito na cama quando acordo de manhã, eu ligo minha Bíblia, e ouço”, conta.
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