Cristão é condenado por blasfêmia no Egito, acusado de promover “ideias extremistas”

Marco Gerges que vai passar cinco anos na prisão não teve chance de se defender judicialmente, mesmo com a presença de um advogado.

Fonte: Guiame, com informações de Portas AbertasAtualizado: quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022 às 14:37
Lei de blasfêmia é usada no Egito para silenciar os cristãos. (Foto representativa: Portas Abertas)
Lei de blasfêmia é usada no Egito para silenciar os cristãos. (Foto representativa: Portas Abertas)

No dia 29 de janeiro, o Tribunal Econômico do Cairo considerou Marco Gerges culpado por “desprezar o Islã”, “explorar a religião na promoção de ideias extremistas” e “infringir os valores da vida familiar egípcia”. 

O cristão copta foi condenado a cinco anos de prisão por blasfêmia, no Egito. As informações são da ONG Iniciativa Egípcia pelos Direitos Pessoais (EIPR, da sigla em inglês), que o representou durante o julgamento. 

Tudo começou em junho de 2021, quando Gerges foi detido sob a suspeita de ter imagens de cunho sexual em seu aparelho celular, o que é tido como desrespeito à religião islâmica. Porém, os reais motivos e como aconteceu a detenção ainda não ficaram claros. 

Lei de blasfêmia é usada para silenciar cristãos

De acordo com o EIPR, Gerges foi acusado de cometer crimes cibernéticos no Egito e por uso da religião para promover o pensamento extremista. Porém, o cristão copta e o advogado dele não tiveram oportunidade de defesa. 

O EIPR é um dos poucos grupos de direitos humanos remanescentes no Egito, após o golpe militar que derrubou o presidente Mohamed Morsi. 

De acordo com a Portas Abertas, a lei de blasfêmia é usada para criticar e desrespeitar outras crenças, silenciando as minorias religiosas do Egito. 

Entre 2014 e 2018, as leis de blasfêmia tornaram o país “um dos piores ambientes para a aplicação de tais leis”, conforme um relatório da Comissão dos EUA sobre Liberdade Religiosa Internacional. 

Desde o início de 2021, houve pelo menos três casos semelhantes ao de Gerges, nos quais os tribunais recorreram a “leis inconstitucionais e exageradas, como a blasfêmia ou a violação de valores familiares e sociais”, disse o EIPR. 

Na Lista Mundial da Perseguição 2022, o Egito ocupa o 20º lugar e os incidentes contra cristãos podem variar desde mulheres sendo assediadas enquanto caminham nas ruas até comunidades cristãs expulsas de casa por multidões extremistas. 

A Portas Abertas informou que durante o período de pesquisa e relatório da lista, que aconteceu até o dia 30 de setembro de 2021, pelo menos 8 cristãos foram mortos no país e mais de 50 foram atacados por causa da fé em Cristo. 

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