Mais de 2.000 relembram o ataque à igreja Emanuel, em Charleston (EUA): "Difícil de aceitar"

Familiares, amigos das vítimas e sobreviventes do ataque relembraram os momentos de tensão daquela noite de 17 de junho de 2015 e compartilharam sobre a forma como Deus lhes tem restaurado.

Fonte: Guiame, com informações do Christian PostAtualizado: domingo, 19 de junho de 2016 às 11:40
Banners com fotos das vítimas diziam: "Ainda falando na eternidade" e foram colocados no local para a cerimônia. (Foto: Reuters)
Banners com fotos das vítimas diziam: "Ainda falando na eternidade" e foram colocados no local para a cerimônia. (Foto: Reuters)

Um ano após um homem branco ter assassinado nove membros Afro-americanos da Igreja Emanuel, em Charleston, Carolina do Sul (EUA), durante um estudo bíblico, a esposa do pastor assassinado recordou os últimos momentos que passou com ele e falou a pelo menos 2.000 pessoas, que se reuniram para uma cerimônia memorial de três horas, realizada para lembrar as vítimas.

Momentos antes do tiroteio, Jennifer Pinckney e seu marido, Rev. Clementa Pickney, estavam se preparando para enviar sua filha Malana para um programa de verão, segundo contou a viúva, em uma entrevista à NBC "Today", que foi ao ar na última sexta-feira (17). O Rev. Pickney deu-lhe o cartão de crédito, e disse: "Aqui está, querida", e ele saiu pela porta, para ministrar o estudo bíblico, disse ela.

Após o tiroteio em massa na noite de 17 de junho do ano passado (2015), o atirador de 21 anos, identificado como Dylann Roof, confessou que matou os fiéis em uma das mais antigas igrejas afro-americanas dos EUA, justamente para inflamar uma guerra racial.

"Eu comecei a ouvir os tiros se aproximando até que eles começaram a chegar ao escritório", disse Jennifer, acrescentando que ela e Malana escondram-se debaixo de uma mesa, e Malana perguntou a ela: "Mamãe, papai vai morrer?".

Jennifer também disse que o atirador tentou abrir a porta e entrar na sala onde ela e Malana estavam. Mas depois ele partiu.

Durante a cerimônia, realizada na Faculdade de TD Arena, na última sexta-feira, em Charleston, mais de 2.000 pessoas, incluindo políticos do Estado, lembraram-se das nove vítimas: Doutor DePayne Middleton, Cynthia Graham Hurd, Susie Jackson, Ethel Lance, Rev. Clementa Pinckney, Tywanza Sanders, Daniel Simmons, Sharonda Coleman-Singleton e Myra Thompson.

Os familiares das vítimas abraçaram-se no interior da arena, enquanto eles chegavam para o memorial, dirigido pelo ex-pastor interino da igreja Emanuel, Rev. Norvel Goff. Banners com fotos das vítimas diziam: "Ainda falando na eternidade" e foram colocados no local para a cerimônia.

Thomas Rose disse que estava no estudo bíblico da Emanuel naquela noite, mas saiu mais cedo para assistir a um culto de outra igreja e assim sobreviveu. Ele falou à multidão, dizendo: "Foi modo de Deus para me tirar dali. Ainda é devastador e difícil de aceitar que tudo aquilo aconteceu. Eu perdoei o rapaz [atirador], porque foi isso que eles nos ensinaram, mas eu não me esqueci".

A governadora da Carolina do Sul Nikki Haley, o senador Tim Scott, o prefeito de Charleston John Tecklenburg, o senador estadual Marlon Kimpson e Melissa Rogers - diretora do Escritório da Casa Branca 'Parcerias de Vizinhança' - também falaram durante o memorial.

"Esta é a nossa forma de resgatar a nossa história humana", disse Tecklenburg. "Esta é a nossa forma de honrar os 9 da Igreja Emanuel".

Rogers leu uma carta do presidente e da primeira-dama. Referindo-se ao tiroteio em massa da semana passada em uma boate gay de Orlando, a carta disse que a congregação serve como uma "inspiração".

"A esperança duradoura que vocês incorporam não é apenas uma expressão profunda de sua fé, mas também um símbolo da coragem, que tem guiado a América para a frente, durante gerações", disse a mensagem. "Nossa nação continua a partilhar a dor que os homens e mulheres de Charleston ainda sentem. À medida que a luta continua, sei que somos todos parte de uma família coletiva que anseia pela cura".

A governadora Haley, que participou de cada um dos funerais das nove vítimas, disse a Polly Sheppard, Felicia Sanders e Jennifer Pinckney - três adultas que sobreviveram ao tiroteio de Charleston - que elas ensinaram-lhe sobre a verdadeira coragem.

"Eu sempre vou falar sobre essas pessoas que mudaram minha vida e eu serei sempre grato por elas", disse ela.

"Eu cheguei à conclusão de que Dylann Roof apontou para o alvo errado, as pessoas erradas", disse o Sen. Scott. "Qualquer pessoa que passa por suas portas sabe que a Mãe Emanuel renasce das cinzas. Levanta-se mais forte".

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