Oração é recurso importante para o equilíbrio mental, diz psicóloga

Em live promovida pelo Guiame, Clarice Ebert traz orientações sobre a saúde mental na pandemia.

Fonte: GuiameAtualizado: quarta-feira, 8 de julho de 2020 às 14:37
Live com a psicóloga Clarice Ebert. (Imagem Guiame)
Live com a psicóloga Clarice Ebert. (Imagem Guiame)

Em entrevista sobre a Saúde mental durante a pandemia, a psicóloga Clarice Ebert traz informações importantes para ajudar as pessoas a superarem o período de quarenta, de forma individual ou em família.

A profissional diz que diante de situações confusas, como é uma pandemia, há uma batalha mental. “É muito natural nós ficarmos confusos diante de tantas informações muitas vezes tão contraditórias”.

Clarice falou sobre os desafios que cada pessoas precisa superar nessa situação. “É algo inusitado e nós não estamos acostumados a dar as respostas que precisamos dar neste momento, e isso pode gerar muita ansiedade no primeiro momento”, afirma.

Mas a psicóloga faz distinção sobre a ansiedade, que segundo ela é natural a todos os seres humanos. “É assim que respondemos quando estamos diante de um perigo, entramos em estado de alerta. A nossa mente vai entrar em questionamento e as posturas que nós temos que tomar diante dessas novidades todas vai sim gerar uma batalha”, diz.

Clarice destacou que fomos colocados em uma “hiperconvivência que não estávamos acostumados”, o que causou desgastes. No entanto, ela diz que os conflitos familiares que se apresentaram já deveriam existir anteriormente, mas “se apresentaram de uma forma muito maior agora, porque se antes havia condições de se distrair dos conflitos, como sair de casa” hoje, devido à quarentena, já não há mais. Mas essa dinâmica “depende também da estrutura das famílias que pode ser muito diversificada”, diz.

Tipos de famílias

Sobre as dificuldades nos relacionamentos familiares diante do isolamento, a psicóloga destacou que há três tipos de famílias.

As aglutinadas, que não conseguem viver separadas e recebem a informação do “fique em casa” entendendo que as casas dos entes familiares é um espaço comum, pois gostam de uma convivência mais próxima.

As famílias separadas já tiveram outro tipo de comportamento, a mente das pessoas processa isso de uma forma também muito específica, por não estar acostumada a conviver muito, diz Clarice. “Cada um vive na sua, então agora é cada um por si Deus por todos. Não tem uma preocupação empática. Mas elas podem sofrer muitas solidões por estarem sempre sozinhos”, revela.

Já o terceiro tipo, é tido pela psicóloga como “famílias mais funcionais”. são aquelas que estão distantes socialmente, mas não isoladas. “Elas estão interligadas, elas estão cuidando socialmente porque isolamento social não significa não se preocupar com mais ninguém, mas o cuidado tem que ser socializado num formato novo.”

Clarice diz que “esse é o grande convite e talvez a nossa mente não consegue processar muito bem isso, por essa razão há muitas batalhas na mente por conta dessas famílias que têm essas estruturas, às vezes, muito mal formadas já antes da pandemia, e que agora aparece de uma forma mais clara”.

Convivência a dois

A psicóloga também falou sobre os relacionamentos entre casais e a violência contra a mulher no ambiente doméstico dentro do isolamento imposto pela pandemia. Vencer conflitos matrimonias e de relacionamento

A psicóloga disse que a hiperconvivência dos casais, a partilha das tarefas domésticas e das rotinas, além dos cuidados com as crianças e o trabalho home office deve ser um convite ao diálogo. “Só que o diálogo é um recurso da comunicação nem sempre utilizado pelas famílias e pelos casais e, às vezes, há conversas, mas não se configuram em diálogos porque o diálogo tem alguns aspectos muito específicos”, esclarece.

Clarice diz que é preciso ter reciprocidade, em primeiro lugar, e dentro dessa reciprocidade é necessário que haja uma fala assertiva, onde as pessoas podem emitir suas opiniões, os seus sentimentos e poder falar o que quiser, sem ofensas. Outro aspecto também é a escuta empática, onde as pessoas entendem o que o outro fala e não ficam julgando.

Clarice lembra que nada justifica a violência e quando há uma violência provavelmente é porque já existe algo mais enraizado. “A pessoa se permite utilizar o recurso da violência para se impor, para subjugar o outro e para fazer valer a sua opinião”, diz. Isso ultrapassa, inclusive a ofensa, mesmo a ofensa sendo um tipo de violência que afeta saúde mental do outro. Clarice destaca que existem muitos tipos de violência que permeiam as relações, como as violências sexuais, as físicas, as morais e as violências patrimoniais.

Solidão

Sobre as pessoas que vivem sozinhas, Clarice fez diferenciações entre pessoas que estão sozinhas porque gostam e aquelas que, apesar de terem companhia, sentem-se sós.

“Uma coisa muito importante é que estar sozinho não precisa ser sinônimo de solidão. Alguns brincam que se você volta para casa no final do dia, e está sozinho no sofá, diante de um filme agradável, você decide se isso é solidão ou se é liberdade libertação”, diz.

“O fato é que nós somos seres humanos, somos seres de relação; a gente tem essa necessidade de estar com pessoas, de fazer trocas de ideias, trocas afetivas relacionais de uma forma muito ampla. Então para gente ter saúde mental isso é muito importante”, explica.

Ela explica que algumas pessoas, devido ao seu perfil de personalidade, precisam demais de pessoas ao seu redor. “Elas meio que se nutrem estando junto com pessoas, se nutrem emocionalmente assim”, diz.

Mas, diz a psicóloga, há outros perfis de personalidade que se nutrem estando sozinhas, se elas ficam demasiadamente em companhia de pessoas vão ficar ansiando por um momento para estarem sozinhas. Clarice explica ainda, que todos os seres humanos precisam de um tempo sozinhos, só que a quantidade desse tempo vai diferenciar de pessoa para pessoa. Para saber lidar com isso, ela diz que o autoconhecimento é muito importante.

Clarice Ebert falou ainda sobre comportamento infantil e como os pais podem falar sobre a pandemia com as crianças, sobre ansiedade, depressão e pensamentos suicidas, além da questão do desemprego e demais situações geradas pela quarenta que podem afetar a saúde mental.

 

 

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