Perseguição na Nicarágua: Bispos são tratados como ‘golpistas’ e ‘terroristas’

A Igreja na Nicarágua vive um tempo conturbado com a perseguição do ditador Daniel Ortega.

Fonte: Guiame, com informações de Gazeta do PovoAtualizado: segunda-feira, 7 de novembro de 2022 às 15:14
Daniel Ortega, presidente ditador da Nicarágua. (Foto: Flickr/Cancillería del Ecuador)
Daniel Ortega, presidente ditador da Nicarágua. (Foto: Flickr/Cancillería del Ecuador)

Na última quinta-feira (3) durante um encontro com o Papa Francisco, o cardeal Leopoldo José Brenes Solórzano expôs a situação da Igreja Católica na Nicarágua, onde os bispos foram tachados de ‘golpistas’ e ‘terroristas’ pelo ditador do país, o sandinista Daniel Ortega.

Conforme o Gazeta do Povo, a Arquidiocese de Manágua, liderada pelo cardeal Brenes, disse em comunicado que o hierarca foi recebido pelo pontífice em audiência privada, como parte de sua visita à Cidade do Vaticano.

“Nessa reunião, o cardeal lhe expressou o carinho e as orações do povo nicaraguense, assim como a realidade da Igreja no país”, disse a Arquidiocese de Manágua, sem oferecer mais detalhes.

Violações dos direitos humanos e perseguição religiosa

A visita do cardeal nicaraguense e a reunião privada com o pontífice acontecem em meio a um ano particularmente conturbado para a Igreja na Nicarágua, com a ditadura de Ortega.

A perseguição religiosa imposta pelo presidente tem atingido em especial o cristianismo e a Igreja Católica, onde igrejas e emissoras foram fechadas e líderes foram presos e até expulsos do país.

A comunidade condenou as violações dos direitos humanos, a perseguição religiosa e os abusos de poder cometidos por Ortega e sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo.

‘Igreja Católica recebeu quase 200 agressões’

A Nicarágua vive uma crise política e social desde abril de 2018, depois de uma eleição presidencial que a comunidade internacional denunciou como “nem livre e nem justa”.

Meses antes das eleições presidenciais, mais de 40 opositores de Ortega foram presos pelas forças de segurança do governo.

De acordo com um relatório da ONG Observatorio Pro Transparencia y Anticorrupcion, a Igreja Católica recebeu quase 200 agressões entre abril de 2018 e maio de 2022 no país, situação que obrigou o Papa Francisco a falar sobre as condições na Nicarágua.

Em setembro, o presidente Jair Bolsonaro se posicionou a favor dos religiosos: “O Brasil não assistirá de braços cruzados a mais um episódio dessa perseguição diabólica contra cristãos promovida pela ditadura socialista da Nicarágua. Estamos prontos para acolher padres e freiras perseguidos, facilitando ainda mais seu ingresso e instalação em nosso país”. 

Sinal de alerta para cristãos no Brasil

De acordo com a psicóloga cristã, Marisa Lobo, em sua coluna no Guiame: “Não podemos ignorar os fatos! O cenário político atual, na América Latina, indica que o Brasil está sendo cercado, aparentemente, por governos autoritários”. 

“Agora, Ortega persegue e pune os sacerdotes que se aliaram, ainda que não politicamente, mas humanamente e espiritualmente, aos milhares de cidadãos insatisfeitos com o regime”, enfatizou.

Sobre a reviravolta nos rumos do Brasil, politicamente falando, a psicóloga comentou: “É muito provável que o espírito vingativo que hoje opera na Nicarágua, através de Ortega, passe a agir também em nosso país, se voltando contra as igrejas, principalmente as evangélicas”. 

“Se isto vier a acontecer, pastores, padres e qualquer pessoa com voz influente contra o governo vigente poderá ser alvo de censura, punições diversas, inclusive de prisão”, concluiu. 

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