“Quanto mais nos calamos sobre temas difíceis e polêmicos, mais estreito se torna o espaço para a liberdade de expressão e religião”. O alerta feito por Poäivi Räsänen, uma parlamentar cristã da Finlândia, que ocupa a cadeira há quase 15 anos.
Räsänen falou ao site ‘Evangelical Focus’, depois de ter feito manchetes na mídia nacional e internacional quando soube que a polícia investigava uma postagem nas redes sociais em que ela citava a Bíblia para criticar a participação da Igreja Evangélica Luterana Finlandesa — da qual ela é uma membro — no festival LGBT Pride deste ano.
A médica, mãe de cinco filhos e ex-Ministra do Interior (2011-15), é uma cristã comprometida.
Ela acha que o caso contra ela será arquivado. “Eu tenho uma mente completamente calma sobre isso. Vou usar a minha liberdade de acreditar e falar em conformidade, seja qual for o resultado deste processo ”.
Mas suas preocupações têm a ver com o papel dos cristãos praticantes, centrados nos valores bíblicos, nos debates públicos.
“Muitos, principalmente os jovens, temem que, se você for rotulado como cristão que crê na Bíblia, isso prejudique sua carreira e sua aceitação social”, diz ela.
Räsanen é casada com um pastor luterano e admite que a ideia de renunciar a sua filiação à Igreja Luterana Finlandesa passou por sua mente em algum momento nas últimas semanas. Mas “enquanto orava”, explica ela, foi “convencida de que agora é a hora de tentar acordar os adormecidos, e não de pular de um barco que está afundando”.
“Vejo como um privilégio maravilhoso que tantos estejam orando por mim e minha família”, diz ela. “É incrível que tantos do outro lado do mundo estejam orando pela Finlândia, meu país natal”.
Perda dos valores bíblicos
Quando questionada sobre a qual seria o ponto central da perda da liberdade de expressão na sociedade de forma geral, a parlamentar destacou que os valores bíblicos estão sendo negligenciados, até mesmo dentro das próprias igrejas. Isso também prejudica a liberdade dos cristãos no contexto externo aos templos.
“Estamos vivendo em uma época em que o efeito da cultura cristã na sociedade está se estreitando. Embora muitos finlandeses ainda pertençam a igrejas e denominações cristãs, os ensinamentos básicos da fé cristã não são mais pontos de vista da maioria”, alertou ela. “A quebra da cosmovisão cristã é visível tanto nas discussões sociais quanto na tomada de decisão, quer estejamos pensando em questões pró-vida e na proteção da vida tanto no início quanto no fim da vida, ou visões relacionadas ao casamento”.
Päivi destacou que o simples fato de ter um posicionamento bíblico sobre o casamento já é motivo para que a expressão de fé seja cerceada.
“Ter uma visão tradicional do casamento tornou-se uma visão politicamente incorreta nas discussões públicas. No entanto, muitos finlandeses ainda entendem e apoiam a cosmovisão cristã”, afirmou.
Propósitos de Deus
Comentando os aprendizados que toda essa situação tem lhe permitido, Päivi ainda destacou que acredita que Deus pode ter um propósito nesse contexto.
“Deus pode fazer coisas boas por meio de adversidades. Tive um nível incrível de apoio dos cristãos da Finlândia e do exterior. Considero um privilégio maravilhoso que tantos estejam orando por mim e por minha família. É incrível que tantas pessoas do outro lado do mundo estejam orando pela Finlândia, meu país natal. Acho que toda essa cadeia de eventos faz parte do meu chamado como influenciadora cristã”, relatou.
A parlamentar aproveitou para deixar uma mensagem específica aos jovens cristãos, entendendo que eles integram uma geração que pode ser decisiva com relação à garantia da liberdade de expressão no futuro.
“Eu encorajo os jovens a falar e proclamar toda a verdade da Palavra de Deus, tanto a Lei quanto o Evangelho. Confiar que a Bíblia é a Palavra de Deus e é uma base sólida para o Evangelho trazer nova vida e ganhar corações para Jesus. Em última análise, temas questionáveis, como relações homossexuais, têm a ver com culpa. A culpa não pode ser resolvida negando-a, mas apenas confessando-a e recebendo misericórdia e a mensagem de perdão no sacrifício de Jesus pelos nossos pecados na cruz”, destacou.
“Quanto mais nos calamos sobre temas tópicos difíceis e controversos, mais estreito se torna o espaço para liberdade de expressão e religião”, finalizou.
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