Muitos se questionam se a tecnologia avançada, como vimos hoje, é algo sagrado ou mundano. Poderíamos atribuir tal avanço a outro poder que não fosse o de Deus?
O autor do livro “Deus, Tecnologia e a Vida Cristã”, Tony Reinke, chega a falar da “teologia da tecnologia” ao se referir ao despreparo da Igreja em avaliar as inovações.
Tony Reinke é professor sênior do Desiring God, apresentador do podcast “Ask Pastor John (Piper). Ele mora na área de Phoenix, no Arizona, EUA, com sua esposa e três filhos.
Para o autor, Deus governa a história da inovação humana por seu Espírito Santo e seus dons de graça comum. Ele toma emprestado as respostas de um escritor chamado Abraham Kuyper, que também foi jornalista, teólogo e ex-primeiro-ministro holandês.
“Ele conhecia o mundo, conhecia política, economia, indústria e experimentou em primeira mão essa grande revolução tecnológica divisora de águas. E ele conhecia bem sua Bíblia”, disse Reinke.
A fé e a revolução tecnológica
O que significa ser um povo de fé vivendo dentro de uma revolução tecnológica tão grande e transformadora? Essa inovação é de Deus? É do mundo? A tecnologia é divina?
Se for resumir as respostas de Abraham Kuyper, teríamos a seguinte afirmação: Tudo provém de Deus. Aliás, Reinke chegou a citar numa de suas postagens recentes, em seu Instagram que “se temos eletricidade, foi roubando o trovão de Deus”.
O autor também cita o teólogo e reformador francês, João Calvino, por sua visão ampla e suas considerações apreciáveis.
“Ele reformou a igreja de muitas maneiras importantes, três delas significativas para a forma como os cristãos se relacionam com a ciência e a indústria. Calvino liberou cristãos diligentes para abrir novos negócios”, observou.
Por isso, nos tempos atuais, é preciso encarar a tecnologia para que ela seja uma bênção e não uma maldição. “Parece que uma chave para a santidade é evitar a inovação, ou pelo menos nunca dizer nada de bom sobre isso”, destacou.
‘Tecnologia não se resume aos nossos smartphones’
Segundo Reinke, os cristãos não podem ser “antitecnológicos” só porque as pessoas estão fazendo mau uso da atual tecnologia.
Depois apontou para a forma como Calvino estabeleceu uma visão de ciência e inovação humana que era “radicalmente centrada em Deus”.
O que será que Deus pensa dos smartphones, das viagens espaciais, da energia nuclear, inovações agrícolas e tudo que se vê no atual século?
Reinke faz um resumo do que chama de "inovação humana”, consultando o passado e visitando a era que foi considerada “o maior divisor de águas” para as pessoas.
“Quando falamos de tecnologia hoje, muitas vezes cometemos o erro de limitar nossas discussões a gadgets da Apple, computadores, smartphones, smartwatches, carros elétricos, robôs, IA e coisas assim. Mas a história da tecnologia remonta a séculos passados. Um dos mais importantes veio no final de 1800”, ele conta.
Cinquenta anos que mudaram tudo
Trezentos anos após a morte de Calvino, ocorreu um período de cinqüenta anos de inovação humana em que tudo mudou: 1863 a 1913.
“Durante essa geração, as cidades foram eletrificadas. As lâmpadas substituíram as velas nas casas. Os motores elétricos chegaram à indústria de energia. A música foi gravada pela primeira vez. A fotografia foi empregada pela primeira vez. Gravações de vídeo foram inventadas, feitas e filmes projetados”, ele considerou.
“Os primeiros aviões decolaram do chão. Enormes navios de ferro, dignos do oceano, conectaram continentes. Motores movidos a gás começaram a estourar. Os carros substituíram as carruagens e os cavalos da família. Os tratores substituíram os cavalos de fazenda”, continuou.
“As máquinas de escrever substituíram as canetas. O layout do teclado QWERTY que ainda usamos hoje foi inventado. Os fios do telégrafo começaram a enviar mensagens eletrônicas a velocidades inimagináveis por distâncias inacreditáveis”, o autor ressaltou.
“Ondas de rádio sem fio uniram audiências de massa por transmissão ao vivo. Literalmente tudo na vida mudou. Avanços na ciência e medicina, viagens e transportes, comunicações e indústria, mudanças permanentes que continuam a moldar nossas vidas diárias hoje”, disse. Tudo isso é sem Deus?
Tony Reinke com o pastor John Piper (à esquerda). (Foto: Reprodução/Instagram Tony Reinke)
“O ser humano idolatra seus poderes tecnológicos”
“Parecia que a Igreja estava progredindo bem na compreensão da inovação no século XIX. Mas essa revolução tecnológica, nesses cinquenta anos, com todas as suas incríveis promessas e progressos, foram abruptamente seguidos pela Primeira e Segunda Guerras Mundiais”, observou ao lembrar também da Guerra Fria.
“E ficou muito claro, muito rápido, que apesar de todos os nossos ‘novos poderes inovadores’ para curar, a humanidade também dominou a arte de massacrar em uma escala nunca antes testemunhada”, acrescentou.
“Agora, precisamos olhar de novo para as origens da indústria e o nascimento da inovação humana e ver onde as tecnologias emergem da ordem criada. Precisamos olhar para o relacionamento de Deus com os tecnólogos mais poderosos e perigosos do mundo”, alertou.
E para finalizar, o escritor lembrou que o ser humano tem a tendência de “idolatrar seus poderes tecnológicos” como ídolos e falsos salvadores.
“Há ídolos em jogo, mas a incrível generosidade do Criador também está em jogo ao nos dar um universo carregado de petróleo, gás, eletricidade, urânio, metais, plásticos, silício e chips de computador”, listou ao citar alguns dos 60 elementos naturais que compõem nossos smartphones.
“Todas as nossas inovações se devem à incrível generosidade de nosso Criador”, concluiu Reinke que já está atuando dentro do Vale do Silício entre os dias 25 e 26 de janeiro, onde pretende distribuir centenas de cópias gratuitas de seu livro.
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