A China anunciou que vai começar a punir quem curtir posts considerados “ilegais” ou "prejudiciais", em mais uma ação do governo comunista para controlar as redes sociais.
Em novembro, a Administração do Ciberespaço da China (CAC), órgão regulador da web, anunciou novas regras estabelecendo que curtidas e comentários devem ser regulamentados.
De acordo com a diretriz, operadores de contas públicas devem aperfeiçoar seu monitoramento de comentários e informar as autoridades sobre “informações ilegais ou indesajáveis”.
Porém, as novas regras não explicam quais conteúdos são considerados ilegais. O aumento do controle na internet acontece enquanto uma onda de protestos contra as rigorosas restrições da Covid-19 cresce no país.
Em mais de seis cidades, incluindo Pequim e Xangai, milhares de manifestantes foram às ruas para exigir o fim da política de Covid-0 e para pedir liberdades políticas.
Preocupação com onda de protestos
A onda de protestos também se espalhou pela internet, em redes como WeChat e Weibo, e as autoridades lutam para reprimir conteúdos e usuários dissidentes.
“Curtir algo que é ilegal mostra que há apoio popular para o problema que está sendo levantado. Muitos likes 'podem iniciar um incêndio na pradaria'”, analisou David Zweig, professor da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong.
“As ameaças ao [Partido Comunista Chinês] vêm de uma capacidade de comunicação entre as cidades. As autoridades devem ter ficado realmente assustadas quando tantas pessoas em tantas cidades saíram ao mesmo tempo”.
Segundo analistas, o novo regulamento para as redes sociais é uma tentativa do Partido Comunista Chinês reprimir os manifestantes.
“As autoridades estão muito preocupadas com a disseminação das atividades de protesto, e um importante meio de controle é interromper as comunicações dos potenciais manifestantes, incluindo relatórios de atividades de protesto e apelos para se juntar a eles”, explicou Joseph Cheng, professor aposentado de ciência política da Universidade da Cidade de Hong Kong.
As novas medidas de controle são emendas de um regulamento de 2017 e entrarão em vigor a partir do dia 15 de dezembro.
Autoritarismo digital
Na China, há um cenário evidente de “autoritarismo digital”, as mídias sociais são monitoradas, postagens são bloqueadas e as pessoas são punidas ou canceladas por visitarem determinados sites.
O Partido Comunista Chinês tem se empenhado em doutrinar os jovens usuários de internet. As notícias são filtradas e as que são divulgadas possuem conteúdo ideológico e, muitas vezes, com um forte tom nacionalista.
“Com o tempo, a censura altera as opiniões da população”, aponta o relatório. Além disso, conforme a Portas Abertas, está cada vez mais difícil comprar materiais cristãos online, na China.
“Os aplicativos da Bíblia foram removidos das lojas de aplicativos online, incluindo as lojas de aplicativos do Google e da Apple”, informou a organização.
Em março deste ano, uma nova lei tornou ilegal a criação ou compartilhamento de qualquer conteúdo religioso online.
A China ocupa o 17º lugar na Lista Mundial da Perseguição de 2022, conforme a Portas Abertas.
Vale lembrar que, no dia 1º de janeiro deste ano, entrou em vigor o novo “Regulamento sobre a Construção de Segurança Pública”, em Xinjiang. Este é um alerta de que, por pior que seja a situação, ela ainda pode piorar.
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