As notícias das execuções dos quatro ativistas, em Mianmar, na prisão de Insein, em Yagon, provocaram indignação internacional. Dois deles foram identificados como líderes pró-democracia — Phyo Zayar Thaw e Kyaw Min Yu (conhecido como Ko Jimmy”, conforme a Portas Abertas.
Os homens foram executados por militares birmaneses, o que abalou os sentimentos democráticos do país. As famílias não tiveram permissão para um último encontro antes da execução. E quando chegaram à prisão, não puderam ver e nem sepultar os corpos.
O porta-voz da Junta Militar, Zaw Min Tun, disse que as execuções não foram pessoais, mas conduzidas sob a lei e “os homens tiveram a chance de se defender”. Ele disse que o governo militar sabia que as execuções iriam atrair críticas, e que “foram feitas por justiça e não foi pessoal”, de acordo com a CNN.
Indignação e tristeza
Vizinhos do sudeste asiático emitiram uma rara e rígida repreensão aos militares. As notícias das execuções provocaram indignação nos Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, União Europeia e Nações Unidas liderando um coro de condenação, acusando a junta de crueldade.
A Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), de 10 membros, em comunicado através do presidente do Camboja, disse estar “extremamente perturbada e profundamente entristecida pelas execuções”, bem como pelo momento.
O ministro das Relações Exteriores da Malásia, Saifuddin Abdullah, disse que seu país vê as execuções como um crime contra a humanidade. Ele também acusou a junta de zombar do plano de paz da ASEAN e disse que ela deveria ser impedida de enviar representantes políticos a qualquer reunião ministerial internacional.
Não ficou claro como as execuções foram realizadas e quando ocorreram. Familiares dos prisioneiros condenados disseram que não foram informados das execuções com antecedência e não tiveram permissão para recuperar os corpos. Zaw Min Tun disse que a devolução dos corpos cabe ao chefe da prisão.
Luta por um país livre e democrático
“Esperamos ter visto a última das execuções. Vamos tentar usar todos os canais que pudermos para garantir que isso não aconteça novamente”, disse Abdullah.
O relator especial da ONU para direitos humanos em Mianmar, Tom Andrews, disse estar preocupado que as execuções de opositores da junta não sejam pontuais: “Há todas as indicações de que a junta militar pretende continuar com as execuções daqueles que estão no corredor da morte”.
Um grupo de direitos humanos relatou que, na maior cidade de Mianmar, Yangon, a segurança foi reforçada, na prisão onde os quatro homens executados foram mantidos.
Houve uma manifestação de detentos pela execução. Conforme o portal de notícias Myanmar Now, com o protesto alguns presos foram agredidos pelas autoridades prisionais e foram separados dos demais.
O Governo de Unidade Nacional (NUG) de Mianmar — que a junta chama de “terroristas” — pediu na última terça-feira (2) uma ação internacional coordenada contra a junta e disse que os executados “foram martirizados por seu compromisso com um Mianmar livre e democrático”.
Cristãos também são perseguidos em Mianmar
Não são apenas os militantes democratas e aqueles que lutam por liberdade no país que são perseguidos e mortos. Os cristãos também são vistos como uma ameaça ao Estado.
Quem nasce em Mianmar está destinado à religião budista e aquele que abandona a fé imposta pela liderança política é considerado um traidor do sistema.
O nacionalismo religioso em Mianmar e a paranoia ditatorial colocam a Igreja de Cristo numa situação bastante delicada. Igrejas têm sido incendiadas e destruídas e líderes cristãos perseguidos até a morte.
Um meio eficaz de impedir que o cristianismo atravesse gerações são as escolas “Na Ta La”, que têm por objetivo converter crianças cristãs, criando-as para se tornarem monges budistas. Ao entrar na escola, a cabeça dos meninos é raspada, eles recebem roupas de monges e circulam pela comunidade local mendigando comida.
No caso das mulheres, quando decidem seguir a Cristo podem ser abusadas sexualmente, sofrer agressões físicas pela própria família ou podem enfrentar prisão domiciliar.
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