"Deus não permitiu que eu tirasse a minha própria vida", diz goleiro Bruno

Em entrevista, o jogador reconheceu que sua atual situação é fruto de decisões inconsequentes do passado, mas ainda tem esperanças de recomeçar. "Com um erro cometido, eu fiz pessoas sofrerem. Eu vou lutar a dar a volta por cima", disse.

Fonte: Guiame, com informações do Globo EsporteAtualizado: quarta-feira, 18 de maio de 2016 às 19:39
Bruno aproveita o campo da Apac para continuar treinando como goleiro. (Foto: Globo Esporte)
Bruno aproveita o campo da Apac para continuar treinando como goleiro. (Foto: Globo Esporte)

"Eu sofri muito e fiz muitas pessoas sofrerem". A frase dita pelo ex-goleiro do Flamengo, Bruno, parece marcar o conflito que ele vive atualmente, buscando pagar a sua dívida com a justiça e ao mesmo tempo, reconstruir a sua vida.

Entrevistado recentemente pelo site do Globo Esporte, o jogador que cumpriu 5 cinco anos de prisão em regime fechado, atualmente conta com a assistência da Apac (Associação de Proteção e Assistência ao Condenado), uma ONG que trabalha com cursos e treinamentos, em conjunto com diversos estados e os respectivos tribunais de justiça, buscando "a humanização no cumprimento das penas privativas de liberdade".

Aos 31 anos de idade, Bruno está detido há oito meses em uma instalação da Associação, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG) e tenta não se afastar do futebol, treinando no campo da Apac.

Em sua entrevista ao site, Bruno se mostrou conformado com a pena que pena que está cumprindo e reconhece que sua atual situação é fruto de decisões inconsequentes do passado.

"Com um erro cometido, eu fiz pessoas sofrerem. Uma decisão meio que inconsequente, eu fiz pessoas chorarem. Eu vou lutar e vou dar a volta por cima", disse.

Bruno também destacou que apesar do tempo de isolamento social e até mesmo perigos que passou na prisão, tem encarado tudo como "aprendizado".

"São cinco anos e nove meses recluso de liberdade. Um tempo muito grande. Uma vida, uma história. Mas já me serve de aprendizado. Se a pessoa pegar isso aqui como punição, é bem pior. A pessoa tem que aceitar para sobreviver nesse lugar", destacou.

Tentativa de suicídio
Questionado sobre tempos difíceis que enfrentou instituto penal Nelson Hungria, em Contagem (MG), Bruno confessou que chegou a tentar tirar a própria vida, mas aponta a misericórdia de Deus, que não permitiu o suicídio.

"Na Nelson Hungria, eu sempre fui muito perseguido e maltratado. Os agentes penitenciários faziam muita covardia. A pressão era muito grande. Eu cheguei ao ponto de perder o equilíbrio, acabei tentando o suicídio amarrando um lençol na grade e me joguei. Acabou que Deus botou a mão naquele momento ali e não permitiu que eu tirasse a minha própria vida. Quando eu saltei da ventana, o lençol partiu. Impressionante. Foi um dos momentos mais difíceis da minha caminhada", destacou.


Em março de 2015, o nome de Bruno voltou a ganhar grande repercussão na mídia, quando ele concedeu uma entrevista ao apresentador Gugu Liberato.

Com a Bíblia nas mãos, o jogador falou sobre sua tentativa de se regenerar e expressou sua esperança em Deus.

"O cair é do homem e o levantar é de Deus. Eu sou uma pessoa que veio de baixo... comecei do nada. Sempre foquei nos meus objetivos e tudo o que coloquei como meta, consegui atingir", afirmou.

Voltar a jogar
Quando questionado sobre suas esperanças com relação a ainda atuar no futebol de forma profissional, Bruno afirmou que os caminhos que seu processo tem tomado têm acendido uma "luz no fim do túnel".

"Se eu tivesse ficado no sistema comum, eu teria encerrado a minha carreira. Mas depois que eu vim para a Apac, onde tenho condição de estar treinando, de estar trabalhando, aprendendo novas profissões... Depois que eu vim para cá eu voltei a ter esperança. Acendeu uma luz no fim do túnel. Reconheço que eu tenho que pagar a minha dívida com a justiça. Existem muitas coisas para acontecer nesse processo. Mas quando eu conseguir o semiaberto eu vou correr atrás do tempo perdido. Tudo o que aconteceu vai servir de experiência. Eu vou voltar", afirmou.

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