Estado comunista quer ser Deus, diz pastor batista sobre a China

“O estado chinês é Nabucodonosor, exigindo que Sadraque, Mesaque e Abednego adorem somente a ele”, compara Mark Woods.

Fonte: Guiame, com informações do Christian TodayAtualizado: sexta-feira, 11 de janeiro de 2019 às 17:05
Presidente Xi Jinping tenta reformular o cristianismo conforme ideologia chinesa. (Foto: Reuters)
Presidente Xi Jinping tenta reformular o cristianismo conforme ideologia chinesa. (Foto: Reuters)

Uma forte reação à determinação de autoridades chinesas para que as igrejas cristãs que ensinam sobre os Dez Mandamentos o retirem de seus materiais – a ainda que internos – foi manifestada pelo pastor batista Mark Woods esta semana.

Chamando o governo chinês de “atormentadores da igreja”, o pastor escreveu um artigo sobre o fato de os oficiais terem apagado o primeiro mandamento do muro de uma igreja evangélica na China. Esse mandamento diz: “Não terás outros deuses diante de mim”. 

“Vamos ser claros sobre o que esta ação significa”, escreveu o pastor. “Diz categoricamente que o estado é supremo e não Deus”.

Ele disse que aqueles “oficiais entendem perfeitamente que os crentes proclamam o senhorio de Cristo, por isso sua lealdade não pode ser para o estado”. 

Perseguição sem trégua 

Mark Woods disse que “o que estamos vendo no século 21 é o que o povo de Deus tem visto há milênios”, referindo-se em especial à perseguição do governo comunista chinês.  

“O estado chinês é Nabucodonosor, exigindo que Sadraque, Mesaque e Abednego adorem somente a ele. É Dario, exigindo o mesmo de Daniel. É Antíoco Epifânio, sacrificando um porco no Templo de Jerusalém. É César - qualquer um dos vários Césares - que requer que os cristãos escolham entre sacrificar-se a ele e ao martírio”, comparou, relacionando alguns dos perseguidores que tentaram deter a igreja de Cristo.

O pastor defende não só os cristãos, mas a liberdade religiosa de todos, incluindo a liberdade de não acreditar. “[Isso] é fundamental para todas as liberdades. É a afirmação final de que o estado não controla a consciência e que nenhum sistema político pode reivindicar nossa lealdade absoluta. Isso se aplica às democracias ocidentais, bem como aos totalitarismos orientais: as bandeiras e as fés não pertencem a elas”, justificou. 

Profecias literárias 

Em seu artigo, Mark Woods traz a lembrança sobre vaticinações de autores que falavam sobre a falta de liberdade no futuro, que para nós são os dias atuais. O pastor chama de profético o livro 1984, de George Orwell. “[O autor] imagina um futuro no qual o Estado tem completo controle. Em um trecho, ele diz: 'A história parou. Nada existe a não ser um presente sem fim, no qual o partido está sempre certo”. 

O pastor continua, dizendo que “em uma imagem assustadora, o torturador de Winston Smith, O'Brien, diz a ele: ‘Se você quer uma imagem do futuro, imagine uma bota estampada em um rosto humano - para sempre’”. 

Woods diz que os crentes sabem o que acontece quando o Estado usurpa a autoridade do próprio Deus e que os resultados disso foram vistos com muita frequência no século XX. Ele diz que a perseguição está no DNA dos cristãos, por esta a razão devem resistir quando o estado tenta invadir seus direitos religiosos. Porém, ele diz que ainda existem incertezas quanto ao que fazer. 

“Às vezes estamos certos em resistir; outras vezes somos supersensíveis, escolhendo a colina errada para morrer, parecendo pequenos, tacanhos e estúpidos”, reclamou.  

O reverendo diz que o instinto cristão deve ser entregar alegremente a César o que pertence a César, mas deve entregar a Deus o que pertence a Deus. “Se nem sempre podemos enxergar a diferença entre estes dois [César e Deus] com muita facilidade, é porque no Ocidente liberal somos em grande parte acomodados”. 

Ele finaliza dizendo que cabe aos crentes na China uma escolha dura. “O estado está traçando uma linha e pedindo que eles decidam de que lado estão. O povo de Deus já esteve lá antes, e o sangue dos mártires é a semente da igreja. Mas não pode haver compromisso: existem 10 mandamentos, não nove, e o primeiro é a base de todo o resto”, concluiu.

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