EUA colocam Brasil na lista de obervação de tráfico humano

O país foi incluído na “Lista de Observação do Nível 2” por falhar em demonstrar progressos eficazes no combate ao crime.

Fonte: Guiame, com informações de Poder 360 e G1Atualizado: terça-feira, 30 de setembro de 2025 às 20:24
Imagem ilustrativa. (Foto: Unsplash/Lucia Barreiros Silva).
Imagem ilustrativa. (Foto: Unsplash/Lucia Barreiros Silva).

O Brasil foi incluído na lista de observação de tráfico humano pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, na segunda-feira (29).

Assim como a África do Sul, o Brasil falhou em demonstrar progressos eficazes no combate ao crime, conforme o governo americano.

A decisão foi anunciada no relatório anual Trafficking in Persons (Tráfico de Pessoas, em português), que monitora os esforços contra o trabalho forçado e o tráfico sexual no mundo.

O Brasil e a África do Sul foram transferidos para a “Lista de Observação do Nível 2” do relatório. A classificação significa que os dois países devem realizar maiores esforços no combate ao tráfico humano, caso contrário, poderão enfrentar sanções dos EUA.

O documento reconhece que as nações promoveram ações significativas para combater o crime, porém afirmou que não foram suficientes.

O relatório ainda apontou que o governo brasileiro fez menos investigações e processos do que em anos anteriores, e que os tribunais realizaram menos condenações iniciais por tráfico de pessoas.

“O tráfico humano é um crime horrível e devastador que também enriquece organizações criminosas transnacionais e regimes imorais e antiamericanos”, disse o secretário de Estado Marco Rubio, em uma publicação no X.

“A administração Trump está dedicada a defender os valores americanos, proteger os trabalhadores americanos e defender nossas comunidades”, acrescentou.

Operação de resgate de Tim Ballard no Brasil

Recentemente, Tim Ballard, que inspirou o filme “Som da Liberdade”, salvou uma jovem brasileira vítima de exploração sexual na Amazônia.

Tim é ex-agente federal dos EUA e largou a carreira para se dedicar ao resgate de crianças vítimas do tráfico sexual. Ele e sua equipe participaram de uma viagem missionária ao Brasil, onde atuaram diretamente no combate ao tráfico e à exploração de crianças e adolescentes.

No final de agosto, ele relatou no Instagram como resgatou a jovem de 17 anos, que “tinha sido abusada toda a vida”.

“Vocês me viram na Amazônia, e havia uma jovem que tinha sido abusada toda a vida, e nós a resgatamos. Vocês me viram confortando-a e lhe dizendo que Jesus a ama. Mas me deixem contar a história toda”, disse ele. 

E continuou: “Quando a resgatamos, estava escuro, e ela não podia ver os rostos. Certamente, ela não sabia que eu ou o nosso time estávamos lá, até que eu entrei na sala e a vi pela primeira vez. Eu me sentei, olhei para ela, e Lidiane Pacheco [jornalista] estava confortando-a junto com o trabalhador social. Então, ela olhou para mim e disse: ‘Tim!’. E eu falei: ‘Meu Deus, ela sabe o meu nome’”.

Nesse momento, Tim contou que foi surpreendido pelo testemunho de fé da jovem que orou para que Deus o enviasse para resgatá-la:

“Então, ela disse para mim: ‘Eu estava no inferno assistindo Som da Liberdade, e eu orei a Deus e pedi que, se você pudesse ir resgatar aquela garota no filme, você pudesse vir me resgatar também. E você fez. Você está aqui’”. 

“Eu nem sabia o que dizer, e o meu primeiro pensamento foi: ‘Eu não posso acreditar o quanto Deus ama cada criança. Ele vai dar uma chance de um bilhão de vezes’. E então, quando você a vê em meus braços, veja de novo: ela está chorando de gratidão a Jesus por um milagre inacreditável”, acrescentou ele.

No dia 24 de agosto, Tim compartilhou um vídeo onde mostra o momento após o resgate da jovem. Enquanto ela chora em seus braços, ele declara: “Está tudo bem, Jesus te ama”.

Tim e sua equipe atuaram na cidade de Oiapoque — localizada no estado do Amapá, no extremo norte do Brasil, na divisa com a Guiana Francesa e inserida na região amazônica.

A equipe começou a viagem educando crianças vulneráveis na Amazônia. Enquanto isso, eles receberam informações para os resgates que ocorreriam em seguida. 

“O Brasil está no top 5 de tráfico de órgãos. Estas crianças aqui são alvos fáceis. A maioria não tem certidões de nascimento e poucos ou nenhum recursos para proteção”, alertou Tim.

“Com a sua ajuda, podemos compartilhar que os filhos de Deus não estão à venda! Mal posso esperar para poder contar essas histórias individuais assim que todos estivermos em segurança”.

Ilha de Marajó

A exploração sexual de crianças na Ilha do Marajó, no Pará, se tornou um dos assuntos mais comentados nas redes sociais no ano passado, após um vídeo da apresentação da cantora Aymeê Rocha no reality show gospel “Dom” viralizar.

A canção foi discutida no meio cristão e repercutiu na imprensa, com vários artistas seculares se posicionando contra a cultura de exploração sexual na ilha.

Denúncias sobre a exploração de menores na Ilha de Marajó já haviam sido feitas por Damares, quando era ministra de Direitos Humanos no governo de Bolsonaro. Em 2020, a então ministra lançou o programa “Abrace o Marajó” para combater o problema na região.

Na época, Damares se tornou chacota devido às denúncias que fez e foi acusada de espalhar fake news.

Em entrevista ao Guiame, o pastor Lucas Hayashi, que é diretor do Instituto Akachi (uma missão que atua na Ilha de Marajó), contou que a exploração sexual de menores na região é real.

Um dos líderes da Zion Church, Lucas diz que esteve no Marajó várias vezes, onde pode testemunhar uma realidade marcada pela falta de desenvolvimento, educação, saúde e, consequentemente, muita miséria.

“É evidente o abandono por parte dos órgãos públicos locais, que deveriam ser responsáveis por garantir dignidade à população e transformar essa triste realidade”, esclarece.

“Apesar de esforços anteriores, como o programa ‘Abrace Marajó’, promovido pelo governo federal, parece que pouco tem mudado ao longo do tempo, e infelizmente o atual governo acaba de revogar este programa”, relata.

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