Pedido de CPI é protocolado na Câmara para investigar abuso sexual infantil em Marajó

Para que a CPI seja aprovada, é necessário que o presidente da Casa, Arthur Lira, leia o requerimento em plenário.

Fonte: Guiame, com informações do Metrópoles Atualizado: quinta-feira, 7 de março de 2024 às 14:45
Ilha de Marajó. (Captura de tela/Instagram/Instituto Akachi)
Ilha de Marajó. (Captura de tela/Instagram/Instituto Akachi)

Nesta quarta-feira (06), foi protocolado na Câmara dos Deputados um requerimento para a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar denúncias de casos de exploração sexual na Ilha de Marajó, no Pará.

O requerimento, apresentado pelos deputados federais Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Paulo Bilynskyj (PL-SP), recebeu 171 assinaturas. O pedido de abertura desta CPI não contou com assinaturas de deputados da esquerda, afirmaram os requerentes.

“Agradeço a todos os deputados que apoiaram nossa CPI. A proteção de nossas crianças é um dever do parlamento e trabalharemos agora junto ao presidente da Câmara, Arthur Lira, pela instalação da comissão”, declarou Bilynskyj.

Para que a CPI seja aprovada, é necessário que o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), leia o requerimento em plenário.

Além da CPI, a Câmara dos Deputados realizará uma comissão geral em plenário para debater o tema, bem como uma comissão externa que investigará as denúncias in loco.

Ressurgimento das denúncias

As denúncias sobre casos de exploração sexual infantil na Ilha do Marajó ressurgiram após uma apresentação da cantora Aymeê Rocha no reality show gospel “Dom”, quando interpretou a música “Evangelho de Fariseus”.

Em sua composição, a jovem denuncia o abuso e sequestro de menores na ilha paraense. A canção foi discutida no meio cristão e repercutiu na imprensa, com vários artistas seculares se posicionando contra a cultura de exploração sexual na ilha.

A apresentação de Aymeê viralizou na internet, levando a cantora a atingir a marca de 1 milhão de seguidores no Instagram.

Sua participação no programa provocou fortes debates sobre questões sociais e destacou a importância da conscientização e ação para lidar com esses problemas.

“Marajó é uma ilha a alguns minutos de Belém, minha terra. E lá tem muito tráfico de órgãos. Lá é normal isso. Tem pedofilia em nível hard”, disse a artista.

Assistência cristã

O trabalho missionário realizado pela Zion Church e Dunamis Movement tem prestado assistência às crianças marajoaras, com distribuição de cestas básicas, atendimento médico, odontológico e psicológico, além de apoio espiritual por meio de oração.

O Instituto Akachi, uma organização sem fins lucrativos, também atua na Ilha de Marajó por meio do esporte, alimentação e educação, explicando que que trabalha para “transformar regiões marcadas por abuso sexual, estupro, mortalidade infantil, pobreza e injustiça”.

Na Ilha de Marajó, a organização cristã está revitalizando a estrutura de um abrigo para 10 crianças vítimas de abuso sexual e violência, além de atender 90 crianças para recreação semanalmente.

Segundo dados do Instituto, na Ilha de Marajó o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é de 0,418, “o pior lugar para nascer no Brasil”, afirma.

Outra realidade é que 50% a população é analfabeta, com 37% das crianças sofrendo de fome crônica e expostas a altos índices de exploração, abuso sexual e tráfico humano.

Igreja em ação

Em setembro do ano passado, em entrevista ao Guiame, o pastor Lucas Hayashi — diretor do Instituto Akachi, uma missão que atua na Ilha de Marajó — disse que a exploração sexual de menores na região é real.

Ele contou que esteve no Marajó várias vezes e que testemunhou uma realidade miserável: “É evidente o abandono por parte dos órgãos públicos locais, que deveriam ser responsáveis por garantir dignidade à população e transformar essa triste realidade”.

“Apesar de esforços anteriores, como o programa ‘Abrace Marajó’, promovido pelo governo Federal, parece que pouco tem mudado ao longo do tempo, e infelizmente o atual governo acaba de revogar este programa”, comentou na ocasião.

Segundo o pastor, apesar das denúncias, os crimes permanecem ocultos: “Muitas vezes, quando tentamos expor essas situações, os envolvidos preferem manter um véu de silêncio, com receio de expor quem está lucrando com essas práticas ilegais”.

Após a repercussão com a música de Aymeê, o pastor publicou uma foto ao lado da cantora e pediu: “Orem por a Marajó! Orem pelas crianças do nosso país! Orem pelo Brasil!”

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