Na última sexta-feira (27), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados do Censo 2022 sobre a taxa de fecundidade entre mulheres de diferentes religiões. O estudo aponta que as evangélicas têm a maior média do país, com 1,7 filho por mulher, enquanto as espíritas apresentam a menor, com 1,0.
Mulheres católicas e aquelas que se declaram sem religião apresentam uma taxa média de fecundidade de 1,5 filho por mulher — valor ligeiramente inferior ao das evangélicas, mas ainda acima da média observada entre outros grupos religiosos.
Entre as seguidoras de outras religiões não especificadas, a média é de 1,4 filho. Já no grupo de umbandistas e candomblecistas, a taxa cai para 1,2.
Luci Souza, de 56 anos, da igreja Comunidade Evangélica de Cordovil, no Rio de Janeiro, é mãe de quatro filhos e diretora de uma escola da rede estadual.
Além do tempo dedicado a servir na igreja, a cristã concilia a rotina de trabalho e afazeres domésticos. E afirmou que existe um propósito espiritual na maternidade.
“Está escrito na Bíblia: ‘Crescei e multiplicai-vos’. De certa forma, isso sempre despertou em mim um interesse pelo ato de ser mãe, pela ideia de perpetuar a família”, relatou Luci ao jornal O GLOBO.
E continuou: “Sempre sonhei em gerar uma vida. Não foi por estar escrito na Bíblia, mas acho que isso influenciou de alguma forma. Já houve uma moralização da maternidade nas igrejas, mas a realidade mudou”.
Mãe de Natanael, de 29 anos, Yohanna, de 28, Ben-Hur, de 26, e Maria Elisa, de 9, Luci conta que, embora tenha quatro filhos, sempre desejou ter mais.
No entanto, o apoio da comunidade ao seu redor foi essencial para conciliar a criação dos filhos com a vida profissional e as atividades na igreja.
“O plano inicial era ter até mais filhos, mas gerar uma vida não é algo simples — é algo profundo, quase sobrenatural”, afirmou ela.
“O amor de uma mãe por um filho é algo que ultrapassa qualquer explicação, e eu sempre quis isso. Tive uma rede de apoio muito boa, de família e amigos, que foi fundamental para criar meus filhos”, acrescentou.
A idade das mulheres entrevistadas
Os dados revelam que, entre as mulheres evangélicas, a maternidade ocorre principalmente entre os 20 e 29 anos, com destaque na faixa dos 25 aos 29 anos, onde mais de 25% dos nascimentos são registrados neste grupo.
Entre católicas e mulheres sem religião, o padrão é semelhante, com o pico de fecundidade também ocorrendo entre os 25 e 29 anos.
Já entre as espíritas, o cenário é diferente. A maternidade tende a ser postergada, com o maior índice de nascimentos concentrado entre os 30 e 34 anos.
Dados do Censo 2022. (Foto: Reprodução/IBGE)
O IBGE destacou que os dados preliminares do Censo 2022 não permitem afirmar se a religião, por si só, influencia diretamente o número de filhos. Segundo os pesquisadores, essa variável deve ser analisada considerando outros fatores sociais.
A pesquisa levou em conta mulheres com 12 anos ou mais e analisou quantos filhos vivos elas tiveram até 31 de julho de 2022, além do sexo dos filhos e quantos ainda estavam vivos nessa data.
Foi considerado nascido vivo todo bebê que mostrou algum sinal de vida após o parto, como respirar, chorar ou se mexer, mesmo que tenha falecido em seguida.
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