Os Estados Unidos começaram a retirar suas tropas do nordeste da Síria, na região que faz fronteira com a Turquia, disseram as forças lideradas pelos curdos nesta segunda-feira (7).
A medida pode abrir caminho para um ataque da Turquia contra as forças lideradas pelos curdos, que são aliados de Washington, e abre a possibilidade para o retorno do grupo terrorista Estado Islâmico na Síria.
O presidente da Turquia, Recep Erdogan, afirmou nesta segunda que o exército de seu país está pronto para iniciar operações contra as milícias curdas a qualquer momento.
As milícias curdas da Síria são consideradas “terroristas” pelo governo turco, por seu vínculo com militantes curdos que travaram uma longa insurgência na Turquia.
No twitter, Trump afirmou que era muito caro continuar apoiando as forças lideradas pelos curdos na região. “Os curdos lutaram conosco, mas receberam enormes quantias de dinheiro e equipamentos para isso. Eles lutam contra a Turquia há décadas”, disse na segunda.
“Turquia, Europa, Síria, Irã, Iraque, Rússia e curdos agora terão que resolver a situação”, acrescentou.
Trump também disse que “a Turquia é um grande parceiro comercial dos EUA”, acrescentando: “Eles também tem sido bons em lidar com isso... Lembre-se também que a Turquia é um membro importante em boa situação na OTAN”.
A medida de Trump, no entanto, contraria até mesmo os principais aliados de seu governo. O televangelista Pat Robertson considerou o movimento uma “traição” contra as forças lideradas pelos curdos.
“Dizer que [Erdogan] é um aliado da América é um absurdo. Ele está ali por si mesmo. O presidente que permitiu que [o jornalista Jamal] Khashoggi fosse cortado em pedaços, agora está permitindo que cristãos e curdos sejam massacrados pelos turcos”, disse Robertson. “O presidente dos EUA está perdendo o mandato do céu, se permitir que isso aconteça”.
Veículos do Exército dos EUA passam por estrada no nordeste da Síria. (Foto: ANHA via AP)
Mike Huckabee, ex-governador republicano do Arkansas e ex-pastor batista, escreveu no Twitter que geralmente apoia Trump na política externa e não quer que as tropas americanas travem “guerras de outras nações”. Mas ele destacou que é um “enorme erro abandonar os curdos”.
Travis Weber, vice-presidente de Assuntos Políticos e Governamentais do Family Research Council, disse ao The Christian Post que uma operação militar turca no nordeste da Síria pode provocar “a morte e deslocamento de milhares de minorias religiosas”.
“Essa desestabilização também pode desencadear o ressurgimento do Estado Islâmico e permitir que o Irã amplie a influência na Síria — ameaçando Israel e nossos aliados na região do Golfo”, disse Weber. “Nossa retirada não irá apenas desestabilizar a região, mas também envia a mensagem errada aos nossos aliados e sinaliza ao mundo que não nos importamos com a liberdade religiosa que eles construíram”.
Tony Perkins, membro da Comissão dos EUA sobre Liberdade Religiosa, também manifestou preocupação. “Uma invasão da Turquia ao nordeste da Síria representaria uma grave ameaça para os curdos e cristãos da região, colocando em risco as perspectivas da verdadeira liberdade religiosa no Oriente Médio”, escreveu no Twitter.
Republicanos no Congresso americano também criticaram a decisão de Trump, incluindo Lindsey Graham, conhecido como um defensor do governo.
“Não importa o que o presidente Trump esteja dizendo sobre sua decisão, é EXATAMENTE o que o presidente [Barack] Obama fez no Iraque, com consequências ainda mais desastrosas para a segurança nacional”, disse Graham no Twitter. “Diferentemente do presidente Obama, espero que o presidente Trump reavalie e tome bons conselhos militares”.
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