Em sua primeira aparição pública, os 12 meninos e o técnico do time “Javalis Selvagens” falaram em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (18) sobre suas experiências durante as duas semanas em que ficaram presos na caverna Tham Luang, na Tailândia.
“Um milagre”, definiu Adul Sam-On, de 14 anos, relembrando o momento em que o grupo foi encontrado por mergulhadores britânicos.
“Foi à noite. [...] Ouvimos vozes. O técnico nos disse para ficar quietos, que havia vozes de pessoas. A gente não sabia se era real. Então paramos e ouvimos. E era verdade. Fiquei chocado”, disse o garoto, que é o único cristão do grupo.
Adul nasceu em Mianmar e deixou sua família aos 7 anos de idade para ter uma educação melhor na Tailândia. Em sua nova nação, ele passou a morar em uma igreja e foi criado por professores cristãos.
O adolescente, que fala inglês, tailandês, birmanês e chinês, foi o único que conseguiu se comunicar com os mergulhadores. “Depois que eles saíram da água, fiquei realmente surpreso por eles serem do Reino Unido e eu não sabia o que falar. Tudo o que eu consegui dizer foi ‘oi’. Foi muito mágico vê-los Fiquei muito surpreso”, contou Adul.
Luta pela sobrevivência
No dia 23 de junho, os meninos entre 11 e 16 anos e seu técnico, de 25 anos, faziam um passeio de bicicleta e entraram na caverna. A chuva ficou intensa e a água subiu muito rápido, deixando o grupo preso por mais de duas semanas.
“Sentimos tontura, fome e não tivemos força”, disse Chanin Wiboonrungrueng, de 11 anos, o jogador mais jovem do time. “Tentamos não pensar em comida, porque nos deixaria mais famintos”.
Jovens que ficaram presos em caverna fazem saudação o chegar para coletiva de imprensa. (Foto: Soe Zeya Tun/Reuters)
“Quando tivemos força, passamos nosso tempo cavando pelas rochas na caverna, tentando encontrar uma maneira de escapar”, disse um dos garotos.
Os tailandeses foram encontrados pelos mergulhadores 10 dias depois de entrarem na caverna e teve o último integrante resgatado durante uma operação delicada em 10 de julho.
Durante a coletiva de imprensa, os garotos agradeceram a equipe de resgate por seus esforços heróicos. “Para mim, os soldados da Marinha Tailandesa são como nossos pais e nós somos seus filhos”, disse Panumas Saengdee, de 13 anos, aos aplausos da multidão.
Cerca de 1.000 especialistas de todo o mundo estiveram envolvidos no resgate dos tailandeses. Durante a missão, um ex-mergulhador tailandês, Saman Kunan, perdeu a vida enquanto saía das cavernas. Sua morte entristeceu profundamente os rapazes.
“Sentimos muito por saber que Saman perdeu a vida tentando nos salvar", disse o técnico Chantawong. "Ficamos em choque ao saber da sua morte e nos sentimos culpados. Ele morreu por causa de nós”.
“Essa experiência me ensinou que viver descuidadamente tem consequências - boas e ruins”, acrescentou Adul. “A partir de agora, vou viver a minha vida com cuidado e vou viver ao máximo”.
Cobertura da mídia
O governo organizou uma coletiva de imprensa com o intuito de reduzir a curiosidade do público em torno do grupo. As perguntas passaram por aprovação prévia de um psicólogo contratado para a entrevista. Os questionamentos aprovados foram feitos por um mediador.
O programa chamado "Enviando os Javalis Selvagens para Casa", em referência ao nome do time de futebol dos meninos, foi transmitido pelas principais redes de televisão locais. Após a entrevista, os meninos seguiram para casa sob a recomendação médica de ficarem longe dos jornalistas durante ao menos um mês.
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