“Guerra espiritual”: Como o atentado a Trump repercutiu entre líderes cristãos nos EUA

Muitos líderes alertaram os cristãos sobre a guerra espiritual na nação.

Fonte: Guiame, com informações de The Washington PostAtualizado: segunda-feira, 15 de julho de 2024 às 18:25
Donald Trump após ser ferido no atentado. (Foto: Reprodução/YouTube/BBC News Brasil)
Donald Trump após ser ferido no atentado. (Foto: Reprodução/YouTube/BBC News Brasil)

Após o atentado ao ex-presidente e atual candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, no último sábado (13), líderes cristãos americanos refletiram sobre o ocorrido fazendo referência ao mundo espiritual.

O Rev. Joel Renkema da Visalia Christian Reformed Church em Visalia, comunidade agrícola no vale central da Califórnia, afirmou que os tiros disparados contra Trump foram “um toque de trombeta, um aviso claro e bastante óbvio para o país. Um tiro de advertência”. 

Enquanto ministrava à igreja, Joel disse que era hora de parar de “odiar e demonizar os oponentes”.

Em um momento onde a América se encontra dividida, o ocorrido levou muitos líderes cristãos a se posicionarem. 

“Como americanos, todos nós temos que ficar horrorizados hoje com o que aconteceu não muito longe daqui em Butler ontem à noite”, disse o Rev. Kris Stubna da Catedral de St. Paul, uma paróquia católica em Pittsburgh.

“Condenamos o que aconteceu com o presidente Trump e nunca, jamais aceitaremos o uso da violência por qualquer motivo”, acrescentou.

‘Guerra espiritual’

As respostas ao atentado variaram de acordo com a localização, denominação e demografia. No entanto, muitos se basearam em ensinamentos bíblicos semelhantes pedindo paz e denunciando uma guerra espiritual.

O pregador Joel Osteen da megaigreja Lakewood Church em Houston, que sofreu com um tiroteio no início deste ano, evitou menções diretas à política e afirmou: 

“Acreditamos que o melhor ainda está por vir, que 2024 não será um ano de 'sobrevivência', mas um ano cheio de favores, produtivo, abençoado e próspero, onde veremos sua bondade de novas maneiras. Somos vencedores e nunca vítimas”.

Na Sheridan Church, em Tulsa, Oklahoma, Jackson Lahmeyer, fundador do grupo nacional “Pastors for Trump”, expos o tema da mensagem na transmissão ao vivo do culto: "Tentativa de assassinato de Trump".

Sobre o atentado, Lahmeyer disse aos fiéis que “nós vivenciamos uma tragédia, mas um milagre”, referindo-se à morte de Corey Comperatore, e ao quase acidente de Trump. 

Após exibir a imagem do ex-presidente com o rosto ensanguentado, Lahmeyer  declarou:

“Agora mesmo eu sei que muitos estão lutando com a montanha-russa emocional — estamos com raiva, estamos com medo, estamos contentes. E o que eu quero que você saiba é: estamos em uma guerra, e é uma guerra espiritual. Que se não vencermos, ela se tornará uma guerra física”.

Lahmeyer destacou que queria evitar uma guerra civil e que as diferenças não eram entre republicanos e democratas. Mas sobre “pessoas perversas” que se apegam ao poder e afirmou que os evangélicos são “o maior bloco de votação nos Estados Unidos”.

“Estamos em uma guerra que é entre o bem e o mal, ponto final. Não há neutralidade e precisamos escolher um lado”, disse ele.

De acordo com o Washington Post, por anos, os evangélicos brancos abraçaram a ideia de que são vítimas de uma cultura hostil. Desde 2016, eles votaram esmagadoramente em Trump, vendo-o como uma esperança contra valores liberais que anulam a “identidade cristã” da nação.

Uma pesquisa realizada pela Public Religion Research Institute (PRRI) descobriu que os protestantes evangélicos brancos são os mais propensos entre os grupos religiosos a afirmar que o país se desviou "tanto do caminho que os verdadeiros patriotas podem precisar recorrer à violência para salvar nosso país", com mais de 3 em cada 10 evangélicos brancos concordando.

Orações

Jack Hibbs da Calvary Chapel, uma megaigreja evangélica em Chino Hills, Califórnia, pregou: “Nós oramos para que você sacuda esta nação para a retidão. Senhor, é evidente que estamos em nossos últimos momentos. Estamos ofegantes como nação”.

A reverenda Patricia Phaneuf Alexander, reitora da Igreja Episcopal de St. Dunstan em Bethesda, Maryland, disse à congregação: 

“Na semana que vem, desafio a todos nós — eu inclusive — a levar os eventos trágicos de ontem e o Evangelho de hoje para a oração. Leve-os a Jesus. E então ouça o que Jesus tem a dizer. Nos alinhar com o caminho do amor”.

Os adversários políticos de Trump também oraram por ele. O Washington Post informou que o senador Raphael G. Warnock (D-Ga.) abriu a mensagem do culto na histórica Igreja Batista Ebenezer em Atlanta com uma condenação à tentativa de assassinato de Trump e à “retórica enfadonha de violência política” que ele descreveu como uma ameaça a todos os americanos.

Segundo ele, o homem que tentou matar Trump “não era patriota”: “E nem eram as pessoas que atacaram nosso Capitólio e agrediram policiais e tentaram impedir a transferência não violenta de poder político em 6 de janeiro”.

“Eles são feitos do mesmo tecido. Devemos gritar, devemos denunciar a hipocrisia de qualquer um que tente tolerar um e condenar o outro”, acrescentou.

Em determinado momento, Warnock relatou que estava grato por Trump ter sobrevivido ao ataque com ferimentos leves: “Nós oramos por ele”, anunciou ele aos fiéis, em sua maioria negros, que reagiram com moderação.

Trump sofreu um atentado a tiros durante um comício na cidade de Butler, na Pensilvânia. No momento do incidente, ele foi rapidamente retirado do palco pelo Serviço Secreto americano, exibindo sinais de ferimento após ser atingido de raspão na orelha, com sangue visível.

O ataque provocou a morte de um homem e outras duas pessoas foram atingidas pelos tiros e foram hospitalizadas, ambas em estado crítico.

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