Jovens “sem religião” ultrapassam evangélicos e católicos em SP e Rio

Segundo o Datafolha, o número de jovens que não professam nenhuma fé chegou a 34% no Rio e 30% em SP.

Fonte: Guiame, com informações de BBC Brasil Atualizado: segunda-feira, 9 de maio de 2022 às 18:31
A pesquisa do Datafolha revelou um aumento do número dos “sem religião''. (Foto: Unsplash/Josh Applegate).
A pesquisa do Datafolha revelou um aumento do número dos “sem religião''. (Foto: Unsplash/Josh Applegate).

O número de jovens que se descrevem como “sem religião” ultrapassou o número de evangélicos e católicos no estado de São Paulo e do Rio de Janeiro, de acordo com as primeiras pesquisas Datafolha do ciclo eleitoral de 2022.

Em nível nacional, a pesquisa mostrou que 49% dos brasileiros se dizem católicos, 26% evangélicos e 14% sem religião. Segundo a BBC Brasil, o percentual de não religiosos no país vem aumentando a cada década.

Conforme o Censo do IBGE, 0,5% da população brasileira em 1960 se dizia sem religião, 6% em 1980, 4,8% em 1991 e 7,3% em 2000. No Censo Demográfico de 2010, os sem religião eram 8%.

Neste ano, o aumento dos sem religião se destacou entre os jovens de 16 a 24 anos. No âmbito nacional, eles já são 25%. 

Dois estados do Brasil tiveram o maior percentual de jovens que não professam nenhuma fé: São Paulo e Rio de Janeiro. Em SP, os jovens sem religião chegaram a 30%, ultrapassando evangélicos (27%), católicos (24%) e outras religiões (19%).

No Rio, a juventude não religiosa atingiu os 34%, superando também o número de evangélicos (32%), católicos (17%) e demais religiões (17%). 

Sem religião e desigrejados

Ser uma pessoa “sem religião” não significa ser ateu ou agnóstico. Se declarar como não religioso está mais relacionado com não frequentar uma instituição religiosa

Apenas uma minoria entre os sem religião são ateus ou agnósticos. Por exemplo, no Censo de 2010, dos 15,3 milhões de brasileiros que se diziam não religiosos, somente 4% eram ateus e 0,8% agnóstico.

"A maior parcela dos sem religião tem a ver com uma desinstitucionalização, o que quer dizer que o sujeito está afastado das instituições religiosas, mas ele pode ter uma visão de mundo e até mesmo práticas pessoais informadas por crenças religiosas", explicou a cientista social Silvia Fernandes, à BBC Brasil.

E acrescentou: "Então esse sujeito é sem religião porque não está vinculado a uma igreja, porque não frequenta, mas pode ter crenças relacionadas a alguma religião que já teve ou ter uma dimensão mais pluralista da religiosidade", afirmou a especialista.

Para Fernandes, o número alto de jovens sem religião em grandes centros urbanos, como São Paulo e Rio, pode ser explicado pelo fato de que os jovens têm contatos sociais mais diversos e uma variedade de fontes de informação. 

"É preciso considerar que mais de 80% da população brasileira hoje é urbana. E, nas grandes cidades, há uma celeridade da vida e acesso a uma multiplicidade de informações que colocam a religião como uma das esferas possíveis da existência, mas ela não é mais tão determinante para a sociabilidade e o encontro como no mundo rural", ponderou ela.

 

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