Justiça decide demitir por "justa causa" enfermeira que deu Bíblia a paciente com câncer

O Tribunal de Apelação decidiu que a demissão da enfermeira britânica Sarah Kuteh, feita em 2016, não foi injusta.

Fonte: Guiame, com informações do Telegraph e FaithwireAtualizado: sexta-feira, 24 de maio de 2019 às 15:31
A enfermeira Sarah Kuteh foi demitida do hospital Darent Valley, na Inglaterra. (Foto: David Mchugh/Brighton Pictures)
A enfermeira Sarah Kuteh foi demitida do hospital Darent Valley, na Inglaterra. (Foto: David Mchugh/Brighton Pictures)

Uma enfermeira foi demitida por “justa causa” de seu cargo no Hospital Darent Valley, na Inglaterra, por oferecer uma Bíblia a um paciente com câncer. A decisão foi publicada pelo  Tribunal de Apelação na semana passada.

A enfermeira britânica Sarah Kuteh, 50 anos, foi demitida hospital da cidade de Dartford, a 25 km do centro de Londres, em 2016, por ter conversado com vários pacientes sobre sua fé e oferecer uma Bíblia a um deles.

Em 3 de junho de 2016, um paciente que estava em tratamento contra um câncer se queixou da conduta de Sarah, quando a enfermeira o encorajou a cantar o Salmo 23 junto com ela.

“Ele havia respondido que tinha a ‘mente aberta’ no formulário sobre religião e alegou que a requerente havia lhe dito que a única maneira de chegar a Deus era através de Jesus”, afirma a decisão judicial.

“[Sarah] disse a ele que lhe daria a Bíblia se ele não tivesse uma; apertou sua mão com força e fez uma oração muito intensa e continuou, pedindo que ele cantasse o Salmo 23. Ele ficou tão surpreso que cantou o primeiro verso com ela”, acrescenta o texto.

Os documentos judiciais também apontam para uma série de outros incidentes, nos quais os pacientes reclamam da mensagem religiosa da enfermeira.

Batalha judicial

Sarah, mãe de três filhos, foi suspensa do trabalho em junho de 2016 e demitida dois meses depois, com a confirmação do Tribunal do Trabalho. Ela apelou da decisão em 2017, mas não conseguiu ter sua demissão anulada.

Ela foi autorizada a trabalhar como enfermeira novamente em julho do ano passado, depois que suas restrições de trabalho foram suspensas pelo Conselho de Enfermagem e Obstetrícia (NMC, na sigla em inglês).

No entanto, Sarah recorreu pela segunda vez contra sua demissão no Tribunal de Apelação, afirmando que o Tribunal do Trabalho “não considerou a interpretação correta do NMC e a distinção entre expressões apropriadas e inapropriadas de crenças religiosas”.

Ela também disse que o tribunal falhou em reconhecer o artigo 9 da Convenção Europeia sobre Direitos Humanos, que garante liberdade para expressar as crenças, e em “considerar a distinção entre o verdadeiro evangelismo e o proselitismo impróprio”.

Os juízes do Tribunal de Apelação, no entanto, rejeitaram o recurso mais recente da enfermeira, alegando que ela não foi demitida injustamente.

Luta pela liberdade

O ato de apresentar o Evangelho no local de trabalho foi elogiado pela Missão da Cidade de Londres. “Muitos cristãos ganenses têm o hábito de falar sobre Jesus o tempo todo, mesmo que no Reino Unido isso seja culturalmente inadequado”, twittou o CEO da organização, Graham Miller. “Louvado seja o Senhor pelo coração compassivo e coragem de Sarah!”.

A enfermeira está sendo representada pelo Centro Legal Cristão (CLC), que atualmente está discutindo quais serão seus próximos passos.

A organização parceira da CLC, Christian Concern, pediu ao secretário de Relações Exteriores britânico, Jeremy Hunt, para levar em conta os casos de perseguição cristã que acontecem dentro das fronteiras do Reino Unido, em um post no Twitter.

Um relatório recente encomendado por Hunt aponta que 80% dos religiosos perseguidos em todo o mundo são cristãos e que a perseguição aos cristãos está “perto de atender a definição internacional de genocídio”.

“É vital que Jeremy Hunt reconheça a discriminação contra os cristãos no Reino Unido e também no mundo”, destacou a Christian Concern.

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