Na manhã da última quinta-feira (24), um intenso confronto no Complexo de Israel, na Zona Norte, fechou a Avenida Brasil — principal via expressa do Rio de Janeiro — e deixou três pessoas mortas e outras três feridas.
O tiroteio iniciou durante uma ação da Polícia Militar (PM) nas comunidades da Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica-Pau, quando bandidos passaram a atirar em direção à Avenida Brasil.
A via chegou a ficar interditada nos dois sentidos, por cerca de duas horas. Na ocasião, passageiros e motoristas abandonaram os veículos e ficaram abaixados para se protegerem dos disparos.
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Em vídeos compartilhados nas redes sociais, é possível notar o desespero das pessoas no local.
Uma mãe e filha, passageiras de um ônibus que trafegava pela via, foram flagradas deitadas no chão do veículo. A menina aparece chorando enquanto a mãe tenta acalmá-la.
“Para de gritar Sara em nome de Jesus, se acalma”, disse a mãe. E a filha respondeu: “Eu estou com muito medo”.
“Se você passar mal, não tem como a gente ser socorrida. Se acalma filha”, acrescentou a mãe.
Enquanto isso, os disparos continuam: “Mãe, eu to com medo. Eu quero sair logo daqui”, compartilhou Sara.
“Meu amor, calma, em nome de Jesus. Respira devagar, não tampa o rosto, respira”, afirmou a mãe que orava: “Misericórdia Jesus, nos guarde”.
Outros passageiros permaneceram deitados no chão do ônibus enquanto o tiroteio continuava.
Impacto do confronto
Além de afetar a mobilidade urbana, o confronto também impactou o funcionamento de 16 escolas da rede municipal e uma da rede estadual nas comunidades da Cidade Alta, Vigário Geral, Parada de Lucas, Cinco Bocas e Pica-Pau.
A operação ainda resultou no fechamento de dois Centros Municipais de Saúde (CMS) e da Clínica da Família Heitor dos Prazeres, localizados na região de Brás de Pina.
As vítimas do tiroteio foram identificadas como Paulo Roberto Souza, de 60 anos, motorista de aplicativo; Renato Oliveira, de 48 anos, passageiro de um ônibus; e o motorista de caminhão, Geneilson Eustaque Ribeiro, de 49 anos.
Segundo O Dia, além deles, outros dois homens não identificados, e Alayde dos Santos Mendes, de 24 anos, também foram baleados.
Claudia Moraes, tenente-coronel, informou que a Polícia Militar não tinha dados de inteligência para enfrentar a reação violenta dos criminosos no Complexo de Israel.
Conforme Claudia, as equipes encontraram um cenário que não havia sido visto anteriormente pelas forças de segurança do Estado.
Em uma coletiva de imprensa no Palácio Guanabara, em Laranjeiras, Zona Sul, o governador do Rio — Cláudio Castro — classificou o intenso confronto como um "ato de terrorismo".
Castro declarou que as mortes não ocorreram devido a uma troca de tiros com policiais militares, mas porque criminosos atacaram deliberadamente pessoas inocentes para afastar os agentes.
"Foi uma operação de inteligência, uma operação que a Polícia sabia o que estava fazendo. Infelizmente, tivemos uma reação por parte do tráfico muito desproporcional. O que a gente viu foi um ato de terrorismo. Não dá para classificar de outra forma (...) Esses criminosos atiraram a esmo para acertar pessoas de bem, que estavam indo trabalhar".
Nesta sexta-feira (25), os cariocas retomaram a rotina e a Polícia Militar afirmou que o policiamento permanece reforçado em vários pontos da Avenida Brasil, bem como da Linha Vermelha e da Linha Amarela.
A Secretaria Municipal de Educação (SME) informou que as escolas da região estão funcionando presencialmente nesta manhã. Já a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) afirmou que, até o momento, nenhuma escola precisou ser fechada.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a unidade voltou a atender a população nesta manhã, mas as atividades externas realizadas no território, como visitas domiciliares, permanecem suspensas.
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Início da operação
De acordo com O Globo, no dia 10 deste mês, o Complexo de Israel foi alvo de uma operação conjunta das polícias Civil e Militar, que incluiu o uso de blindados posicionados às margens da Avenida Brasil.
O objetivo era capturar o chefe do tráfico local — Álvaro Malaquias Santa Rosa — conhecido como Peixão, de 37 anos, que possui 35 registros criminais. Oito pessoas foram presas, mas o principal alvo da ação, conseguiu escapar.
O Complexo abrange as comunidades de Vigário Geral, Parada de Lucas, Cinco Bocas, Pica-Pau e Cidade Alta, no Rio de Janeiro.
A polícia encontrou um "resort" do criminoso na área, equipado com uma praia artificial e coqueiros.
O governador do estado disse que informações de inteligência indicam que as equipes chegaram próximo ao líder do Terceiro Comando Puro (TCP), Peixão, que segue foragido.
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