O presidente da Argentina, Javier Milei, fez duras críticas ao aborto, ao socialismo e ao feminismo radical durante seu discurso na quarta-feira (17) no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.
Milei falou durante 20 minutos, tempo que usou para apontar como o socialismo, em última análise, conduz à pobreza, enfatizando que o Estado "não é a solução", mas sim "o problema em si".
O presidente, recém-eleito, também discorreu sobre como o esquerdismo cooptou democracias ao redor do mundo para promover sua agenda.
Críticas ao aborto
O novo líder argentino estuda a Torá com o rabino Shimon Wahnish, residente em Buenos Aires, e abordou abertamente, em diversas ocasiões, a possibilidade de conversão ao judaísmo.
Em sua fala, Milei condenou o aborto, afirmando que “todos temos os mesmos direitos, direitos concedidos pelo Criador”.
“A única coisa em que essa agenda do feminismo radical resultou é uma maior intervenção do Estado para dificultar o crescimento econômico, dando trabalho a burocratas que não contribuíram nada para a sociedade, seja no formato do Ministério da Mulher ou em organizações internacionais dedicadas a promover essa agenda”, continuou.
“Eles [socialistas] sustentam que os seres humanos danificam o planeta e que ele deve ser protegido a todo custo, chegando até a defender os mecanismos de controle populacional ou a agenda sangrenta do aborto”, acrescentou. “Essas ideias prejudiciais permearam fortemente a sociedade.”
‘Destruindo o mundo’
Milei, que tem 53 anos, disse que o socialismo e a agenda radical de esquerda do aborto estão destruindo o mundo.
“Estou aqui hoje para dizer que o Ocidente está em perigo. Está em perigo porque aqueles que deveriam defender os valores do Ocidente se encontram cooptados por uma visão de mundo que leva inexoravelmente ao socialismo e, consequentemente, à pobreza”, disse Milei.
“Porque nunca se deve esquecer que o socialismo é sempre e em todos os lugares um fenômeno empobrecido que falhou em todos os países onde foi tentado”, disse Milei.
“Foi um fracasso econômico. Foi um fracasso social. Foi um fracasso cultural. Também tirou a vida de 150 milhões de seres humanos”.
O presidente argentino explicou que a esquerda foi capaz de atingir seus objetivos “graças à apropriação da mídia, cultura, universidades e organizações internacionais. Este último caso é o mais grave porque eles têm influência sobre as decisões políticas.”
Aborto na Argentina
Em 2020, o Senado da Argentina aprovou um projeto de lei que legalizou o aborto até 14 semanas de gestação, com exceções em casos de estupro ou se a gravidez representar um risco para a saúde da mãe.
Poucos dias antes de Milei ser eleito presidente, tanto ele quanto Victoria Villarruel, que desde então se tornou a vice-presidente eleita da Argentina, afirmaram ser "pró-vida" e expressaram a opinião de que "deve haver uma discussão" sobre o projeto de lei pró-aborto aprovado pelo Congresso argentino em dezembro de 2020.
Villarruel falou sobre a legislação do aborto na Argentina durante uma participação no programa de TV argentino "Solo Una Vuelta Más" ("Apenas Mais Uma Volta").
Ela destacou que a discussão sobre o tema deveria ser fundamentada em bases científicas e argumentos sérios, em vez de ser tão ideológica quanto a promulgação da lei. Villarruel expressou preocupação, afirmando: "Hoje, você encontra mulheres que estão abortando crianças no final [da gravidez]. Parece-me que isso [não é assim que deveria ser]".
Em relação a uma possível revogação das leis atuais sobre o aborto na Argentina, Milei declarou: “Quando você constrói com base em um princípio moral incorreto, o resultado é imundície. Como pode ser considerado um direito adquirido o ato de tirar a vida de outros seres humanos? Como liberal, eu acredito no direito irrestrito à vida, fundamentado na defesa da vida, liberdade e propriedade. Eu defendo a vida, e a biologia nos diz que a vida começa com a concepção."
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