Pai ateu denuncia escola da filha por causa do 'Pai Nosso' antes de aula, em Salvador

O aposentado José Ivanildo Cabral educa a filha de seis anos a acreditar na ausência de divindades. Em seu ponto de vista, a criança pode ser induzida a se tornar religiosa por causa da oração na escola de Simões Filho, região metropolitana de Salvador.

Fonte: Guiame, com informações de G1Atualizado: quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016 às 13:50
José Ivanildo Cabral educa a filha de seis anos a acreditar na ausência de divindades. (Foto: Reprodução/TV Bahia)
José Ivanildo Cabral educa a filha de seis anos a acreditar na ausência de divindades. (Foto: Reprodução/TV Bahia)

A oração do "Pai Nosso" antes das aulas em Simões Filho, região metropolitana de Salvador, foi motivo para que o pai de uma das alunas, que é ateu, acionasse o Ministério Público.

O aposentado José Ivanildo Cabral educa a filha de seis anos a acreditar na ausência de divindades. Em seu ponto de vista, a criança pode ser induzida a se tornar religiosa por causa da oração na Escola Municipal Antônio Carlos Magalhães — o que significa uma falta de respeito à diversidade.

"É uma imposição, porque está se colocando algo na mente de uma criança, indo contra os princípios da família", reclama José Ivanildo.

De acordo com Elisângela, secretária da escola, toda segunda-feira é feita a oração do "Pai Nosso" com os alunos, mas eles não são obrigados a participar. "Aqui não existe isso. Os alunos não são obrigados a fazer a oração", esclarece a funcionária.

Mesmo sem a obrigação, José Ivanildo continua considerando a oração uma imposição religiosa. "O estado é laico, as escolas são um braço do estado e deveriam também respeitar a laicidade, respeitar a diversidade", defende.

Já Lenilda Freitas, que tem dois filhos na escola, concorda com a prática cristã. "Eu acho normal. Acho que não prejudica em nada a criança. Acho que prejudicaria se passassem para elas essas músicas mundanas, com letras podres, que ensinam as crianças coisas horríveis. Enquanto estiver falando de Deus, Deus é algo bom", afirma.

O Ministério Público informou que investiga o caso desde fevereiro de 2015 e que vai recomendar a escola a evitar as práticas religiosas, já que o estado é laico.

Por meio de nota, a secretaria de Educação de Simões Filho informou que não orienta nenhuma prática religiosa dentro das instituições da rede municipal, e que o ocorrido na escola Antônio Carlos Magalhães é um fato isolado.

A secretaria de Educação ainda acrescentou que a direção da escola realiza duas vezes por semana o "momento cívico", quando é cantado o hino nacional e feita a oração do "Pai Nosso", por ser considerada uma oração universal, sem nenhuma conotação religiosa.

Com relação à filha de José Ivanildo, a secretaria de Educação disse que a direção da escola encaminhou a situação ao conselho municipal de educação e aguarda o parecer técnico do órgão.

Este conteúdo foi útil para você?

Sua avaliação é importante para entregarmos a melhor notícia

Siga-nos

Mais do Guiame

O Guiame utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência acordo com a nossa Politica de privacidade e, ao continuar navegando você concorda com essas condições