Levados ao limite pelas extremas medidas da Covid-19 na China, manifestantes foram às ruas de Xangai no fim de semana para pedir a renúncia de Xi Jinping e o fim do governo do Partido Comunista Chinês (PCC).
Embora a polícia chinesa tenha dispersado os manifestantes à força no domingo (27), multidões voltaram a se reunir horas depois no mesmo local, na capital financeira da China. Relatos nas redes sociais indicam que os protestos também se espalharam para outras sete cidades, incluindo a capital Pequim.
Protestos em larga escala são extremamente raros na China, mas o clamor pelo fim do PCC e do regime de Xi Jinping, o líder mais poderoso do país em décadas, é sem precedentes.
Três anos após o surgimento do coronavírus, a China é o único país que aplica a política “zero Covid”, mantendo milhões de pessoas confinadas em suas casas e exigindo tees constantes.
Inicialmente, as medidas foram aceitas pelos chineses, preocupados em minimizar as mortes, mas os bloqueios começaram a causar desgaste nas últimas semanas.
Causa dos protestos em massa
Na sexta-feira (25), 10 pessoas morreram em um incêndio em um prédio residencial, e muitos acreditam que o resgate foi adiado por causa das medidas excessivas de bloqueio.
Isso provocou um fim de semana de protestos.
Em um vídeo das manifestações registradas pela Associated Press, chineses gritavam de forma alta e clara: “Abaixo, Xi Jinping! Saia, Partido Comunista!”
Um manifestante com o sobrenome Zhao — que não revelou sua identidade por medo de prisão ou represálias — disse que muitos gritavam: “Não queremos PCR (testes), mas queremos liberdade”.
Em ato raro, chineses fazem protestos em massa. (Foto: Reprodução/YouTube/DW News)
Xi Jinping foi recentemente nomeado para outro mandato como chefe do PCC e alguns acreditam na possibilidade dele tentar permanecer no poder por toda a vida.
Repressão religiosa na China
Além das medidas abusivas para controlar a população sob o pretexto da Covid-19, o regime chinês tem criado legislações para limitar a liberdade religiosa nos últimos meses.
As novas medidas que limitam o conteúdo religioso na internet passaram a ser implementadas em todo o território da China em setembro, limitando a transmissão de cultos, grupos de mensagens e aplicativos e sites cristãos.
Com as chamadas “Medidas Administrativas para Serviços de Informações Religiosas na Internet”, as igrejas e organizações devem pedir uma licença ao Departamento de Assuntos Religiosos de sua província para prestar serviços religiosos na internet.
Sendo assim, todo o conteúdo religioso que for transmitido online — cultos, pregações, estudos bíblicos, devocionais, músicas religiosas, entre outros — deve ser realizado apenas por igrejas que tenham a “Licença de Serviço de Informação Religiosa da Internet”.
Conforme a Portas Abertas, a China é o 17º pior país do mundo no que diz respeito à perseguição aos cristãos. Além disso, a organização observa que todas as igrejas são vistas como uma ameaça, caso se tornem muito grandes, muito políticas ou caso convidem visitantes estrangeiros.
O Departamento de Estado dos EUA classificou a China como um “país de preocupação especial por continuar a se envolver em violações particularmente graves da liberdade religiosa”.
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