‘Precisamos lutar por quem não pode se defender’, diz deputada contra o aborto

A deputada federal Priscila Costa concedeu entrevista ao Guiame, na qual falou sobre sua mobilização contra a descriminalização do aborto no Brasil.

Fonte: GuiameAtualizado: quarta-feira, 4 de outubro de 2023 às 15:08
Deputada Priscila Costa exibe “modelo” de feto com 3 meses, durante entrevista ao Guiame. (Foto: Guiame)
Deputada Priscila Costa exibe “modelo” de feto com 3 meses, durante entrevista ao Guiame. (Foto: Guiame)

Uma deputada federal cearense está se mobilizando fortemente contra a descriminalização do aborto, cujo julgamento de uma ação nesse sentido está em pauta no Supremo Tribunal Federal (STF) desde o mês de setembro, quando recebeu o primeiro voto favorável da então presidente da Corte, ministra Rosa Weber.

Um dos movimentos lançados pela deputada federal Priscila Costa (PL-CE) foi um abaixo-assinado, que está disponibilizado em suas mídias sociais. A parlamentar também realiza frequentes encontros para conscientização sobre a “violência do aborto”, como ela mesma diz.

Em entrevista exclusiva ao Guiame, Priscila falou de suas motivações em prol desta causa e que o Brasil está passando por “um momento muito crítico, principalmente no que se refere ao direito à vida”.

“Representamos um povo que mais de 70% rejeitam a ideia da violência, que é o aborto, que significa assassinar uma criança dentro do ventre materno. Então esses 70% não aceitam a legalização do aborto, [e isso] jamais seria possível [de ser aprovado] na Câmara Federal, por exemplo, porque os deputados não têm coragem de se posicionar a favor de algo que a população é contra”, afirmou.

Também jornalista, Priscila explica que essa indisposição dos parlamentares, incluindo os senadores, em tornar o aborto um procedimento legal no país, fez com que o STF colocasse em sua pauta a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442, movida por um partido de extrema-esquerda, o PSOL, que delibera sobre a descriminalização do aborto até três meses de gestação, no Brasil.

“É uma preocupação muito grande nossa, primeiramente com o ativismo judicial que acaba ferindo a nossa democracia, a nossa Constituição. E segundo, pela legalização do aborto, que além de ferir o direito à vida, vai contra o posicionamento da imensa maioria brasileiros”, destacou.

Abaixo-assinado em prol da vida

Nesse sentido, a deputada, que é evangélica, passou a disponibilizar um abaixo-assinado para manifestação popular dos que são contrários à aprovação desta ação no STF.

Durante uma feira de exposição de produtos e serviços voltada ao meio cristão, a Expo-Evangélica, que aconteceu em Fortaleza no mês de junho, Priscila disse que sua intenção, ao colocar o documento em um estande específico para esta ação, era “levar essa mensagem aos quatro cantos do Brasil, de que nós somos uma capital pró-vida, que nós estamos nos levantando a favor da vida e, quem sabe, inspirando outros brasileiros, além de convidar outras cidades a fazerem o mesmo.”

‘Feto em tamanho real’

Em suas manifestações públicas, a deputada exibe o “modelo” de um feto de três meses, para mostrar o tamanho real de um bebê com essa idade dentro do útero.

“A gente veio trazer a verdade, e a verdade, às vezes, choca quando a gente habita em um mundo onde estamos cercados de mentiras. O movimento feminista, os movimentos progressistas, alguns agentes da mídia brasileira vêm dizer que aquela criança não tem vida, que você pode tirar aquela criança, que você pode abortar aquela criança porque ela é só um pedacinho de carne. Então a gente trouxe aqui, ao vivo e em cores, o que seria uma criança de 12 semanas, que é justamente o período que o STF planeja legalizar o aborto”.

A deputada também fala das questões biológicas de um feto nesse período de vida:

“É um bebezinho de 12 semanas; ele tem o rostinho já todo formado, olhinhos, nariz e boca; os pezinhos e as mãozinhas... Até o cabelinho já começa a nascer por debaixo da pele. Ele já começa a formar as cordas vocais e, se ele abrir a boca, você vai escutar, quem sabe, um pequeno som”, explicou.

E continuou: “Ele já começa a acumular o xixi na bexiga, o sistema cerebral está sendo formado, o coração está batendo, pulsando sangue por todo o corpo; então é essa perfeição da vida humana que a mentira, que está falando mais alto do que a verdade, tenta nos convencer de que essa vida não merece dignidade, de que essa vida deve ser assassinada”.

‘A mais perversa violência’

Priscila classifica o aborto como “a mais perversa violência, porque é a violência do mais forte contra o mais fraco, é a violência do estado todo-poderoso contra um bebezinho desse tamanho. Então nós temos que ir na contramão disso, nós temos que ir na defesa dos direitos humanos para todos os humanos, inclusive esse aqui, que não pode se defender”.

Atualmente grávida, Priscila diz que milita contra o aborto há quase 10 anos: “Somos a favor da vida, nós queremos acreditar que o Brasil não vai retroceder, e continuará a ser uma nação que ama a vida humana”.

Sobre questões complexas como a gravidez após o estupro, a deputada disse que “essa mulher sem dúvida é vítima de uma terrível tragédia, uma violência, injustiça e covardia, o que causa a ela muita dor e angústia”.

No entanto, ela diz: “Muitas vezes, o que essa mulher quer não é o aborto; muitas vezes o que ela quer é o amparo, ela quer que alguém estenda a mão para ela, que alguém a abrace, para ela, de repente, poder ter aquela criança e saber que uma família vai cuidar daquele bebê”, disse a deputada.

“Essa esperança, de acreditar na vida, pode curar muitas dores de uma mulher. A gente vê mulheres que, por exemplo, não foram estupradas e, ao passarem por um processo de aborto, se arrependeram grandemente”, disse a parlamentar, que lembrou que o aborto traz, muitas vezes, consequências irreparáveis.

“[O aborto] aumenta exponencialmente a tendência do pensamento suicida, da depressão, do câncer no colo do útero, e a possibilidade dessa mulher se entregar a vícios”, disse Priscila. “Tudo isso potencializa em muito na vida de uma mulher que fez aborto”.

‘Esperança’

Ela contou ainda que recebe relatos de mulheres que passaram por estupro e resolveram ter o bebê.

“É um relato de muita esperança, é um relato de mulheres que não se arrependem de ter tido esse bebê, de mulheres que dizem que ‘assim eu transformei a minha dor em algo que eu tenho orgulho de contar, eu transformei a minha vergonha naquilo que eu quero que todos saibam: que a vida vale a pena’”.

Priscila também falou sobre instituição que amparam as mulheres que decidem levar sua gestação até o final, como a Casa Chama – Centro Humanitário de Amparo à Maternidade, que fica em Fortaleza.

“São iniciativas belíssimas, que têm o apoio de meu parceiro nessa luta, o senador Eduardo Girão”, contou. “[Essas instituições] têm todo um preparo para identificar mulheres que querem abortar e convencê-las a não fazer. E não apenas isso, mas de recebê-las na Casa, até o dia do nascimento [da criança]. Então, são iniciativas como essa e de pessoas comuns, como eu e você, que podem salvar vidas”.

Apoio das Igrejas

A deputado disse que qualquer pessoa pode fazer parte de um movimento em prol da vida.

“A Bíblia fala em Provérbios que devemos abrir a nossa boca em favor dos que não podem se defender. Então é só abrir a tua boca. Isso já é muita coisa. Por exemplo, nesse momento estão me ouvindo universitários, que convivem em um ambiente que tem sido dominado pela ideia da morte, pela venda dessa ideia do aborto. Abra a tua boca e comece na tua faculdade, como um universitário, a ser um embaixador do Reino de Deus”.

“Mulheres que, às vezes, vão ao salão e encontram mamãezinhas... Olhem para ela com atenção, vejam se ela está passando por isso, vejam se a filha dela, de repente, está passando por um dilema, por uma crise, por um sofrimento, que possa levá-la ao aborto. E tentem estender a mão”, sugeriu.

“Nós, enquanto Igreja, podemos levar palestras, testemunhos de pessoas que viveram o aborto ou de pessoas que tinham tudo para abortar, mas decidiram ter o bebê. Vamos ouvi-las, vamos falar sobre a vida, vamos ser o ‘sal da Terra’, o tempero”, disse.

E continuou: “Onde você estiver, pode temperar: como uma professora você pode temperar a sua sala de aula com o sabor da vida; como um pastor; como um líder; como uma mamãe cuidando dos seus filhos...”.

E questionou: “Você já mostrou para os seus filhos essa imagem aqui [diz exibindo o modelo de um feto de 3 meses em suas mãos], de um bebezinho no ventre materno? Você já mostrou, talvez na internet, para ele, o que é um bebê na vida uterina? Você está dessa forma, quem sabe, formando futuros advogados que vão lutar pela vida, você está formando futuros políticos, futuros líderes, influenciadores e jornalistas que vão denunciar a violência do aborto, e que vão defender a vida do mais frágil. Então, abra a tua boca e comece a falar, que Deus vai te usar.”

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