"Minha vida foi guardada por Deus", diz homem que escapou da tragédia da TAM

O acidente do voo 3054 completou 17 anos. Renato Duarte é um sobrevivente e relembrou como Deus o livrou da tragédia.

Fonte: Guiame, com informações de MetrópolesAtualizado: quinta-feira, 18 de julho de 2024 às 13:11
Renato escapou por pouco do maior acidente aéreo do Brasil. (Foto: Reprodução/Arquivo pessoal).
Renato escapou por pouco do maior acidente aéreo do Brasil. (Foto: Reprodução/Arquivo pessoal).

Na quarta-feira (17), o acidente aéreo da TAM completou 17 anos. Considerado a maior tragédia da aviação no Brasil, o desastre matou 199 ocupantes do voo 3054, que ia de Porto Alegre a São Paulo.

Renato Duarte era para estar entre as vítimas fatais, mas um imprevisto o impediu de embarcar e escapou por pouco.

“Muito difícil falar sobre o acontecido, me emociono muito. A vida é muito intensa e, em um piscar de olhos, tudo pode mudar”, disse ele, em entrevista ao Metrópoles.

Renato viajaria a trabalho para São Paulo na terça-feira. No domingo, o homem fraturou o dedo durante uma partida de futebol com amigos, mas achou que não era nada grave.

Porém, ao passar dos dias, a dor da fratura aumentou e ele precisou ir ao hospital na terça-feira. O atendimento demorou mais do que o esperado e Renato se atrasou para o embarque.

Atraso para embarcar

Ele ainda chegou a ir ao aeroporto, na esperança de conseguir embarcar no voo, mas era tarde demais. Então, Renato voltou para casa.

“Não existia motivo de saúde que ia fazer meu pai dar desculpa e não ir trabalhar. Então, ele correu para o aeroporto e tentou embarcar de qualquer jeito. Ele brigou com as pessoas do aeroporto porque queria entrar naquele voo, mas não deixaram porque o embarque estava encerrado. Ele voltou para casa, muito preocupado, muito nervoso e estressado. Então, decidiu dormir”, relatou sua filha Eduarda Duarte, ao Metrópoles.

Enquanto isso, a esposa de Renato passava roupa em casa quando o telefone começou a tocar insistentemente. Era o chefe de Renato, que, em desespero, perguntou onde ele estava.

“Ele perguntou onde o meu pai estava e minha mãe disse que estava dormindo. O chefe ficou em completo choque, ele jurava que meu pai estava no voo, até porque meu pai não avisou que não tinha conseguido embarcar”, relembrou Eduarda.

O chefe foi até a casa da família para verificar se Renato estava realmente bem e a salvo. 

“Eu acordei meu pai e o chefe dele pediu para ligarmos a TV. Quando ligamos, a gente viu todos os escombros do avião e do prédio em chamas. E foi um choque muito grande pra todos nós, porque por muito pouco meu pai não estava nesse voo. Naquela hora a gente só sabia agradecer, agradecer a Deus”, declarou Eduarda.

Para Renato, ele é um sobrevivente e fruto de um milagre do Senhor. “Graças a Deus dessa vez minha vida foi guardada”, testemunhou.

E acrescentou: “Mas o sentimento de que poderia ter sido eu e a dor da minha família nunca passa. Vou sentir muito o acontecido para sempre, sinto muito por todas as famílias. Sou um sobrevivente”.

O acidente

Em 17 de julho de 2007, o voo 3054 da TAM não conseguiu parar na pista do Aeroporto de Congonhas, atravessou a Avenida Washington Luís e se chocou com um prédio da companhia aérea e ainda com um posto de gasolina.

Todos os passageiros e tripulantes morreram no acidente e mais 12 pessoas que estavam em solo.

Dois anos depois, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) apontou que as causas do desastre foram: falhas do piloto no manuseio dos manetes, ausência de groovings (canaletas que facilitam a drenagem da água em pistas de pouso e decolagem) na pista do Aeroporto de Congonhas e excessiva autonomia dos computadores da aeronave.

A Polícia Civil indiciou dez pessoas pelo acidente, incluindo funcionários da Infraero, Anac e TAM e o Ministério Público de São Paulo denunciou 11 pessoas, mas todos foram absolvidos pela Justiça Federal.

Em 2023, o Ministério da Infraestrutura implementou um novo sistema de frenagem no Aeroporto de Congonhas. O sistema é formado por blocos de concreto que se deformam para reduzir a velocidade de aeronaves que ultrapassam o fim da pista.

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