Maria Lucia Viana da Silva, de 67 anos, nasceu de uma mãe cristã que frequentava a igreja. Porém, na adolescência, seus pais se separam, provocando o asfaltamento da fé de toda a família.
“Foi realmente muito ruim para nossa família, ficamos desestruturados. Assim crescemos e nos afastamos de Deus e dos princípios bíblicos. Cada um vivia sua vida de acordo com os padrões desse mundo e eu lembro que essa foi a pior fase das nossas vidas”, contou Maria, em entrevista ao Site Mulher Cristã.
“Meu irmão mais velho cada dia mais se afundava nas drogas, o mais novo tentou se suicidar, mas graças a Deus não teve êxito. Eu me casei com 22 anos e tive dois filhos, mas não estava feliz”, acrescentou.
Mais tarde, devido a muitos conflitos, a mulher se separou do esposo. “Meu casamento ia mal. Eu não tinha sabedoria e só pensava em mim, era egoísta, enfim, uma pessoa que precisava muito de Deus”, confessou.
E lembrou: “Nessa época tinha muito conflito dentro de mim, sentia desejo de ter um relacionamento com Deus, mas não queria abrir mão da vida que levava”.
Sozinha com os dois filhos pequenos, Maria Lucia enfrentou dificuldades financeiras e, muitas vezes, não tinha o que comer.
Viagem à Ilha
Até que, perto da Semana Santa, sua mãe a convidou para passar o feriado em sua casa em Praia Grande, no Rio de Janeiro.
“Eu aceitei o convite de primeira, era uma oportunidade de ter comida por algum tempo e tentar organizar minha vida. Eu estava com 25 anos, recém separada com dois filhos para criar, um menino de quase 3 anos e uma menininha de quase 1 ano”, comentou ela.
Na praia, eles planejaram fazer uma viagem a uma ilha próxima para passar o dia, no Domingo de Páscoa.
Até que um grave acidente no mar interrompeu os planos da família. “Saímos pela manhã cedo rumo à ilha Dois irmãos. Durante a travessia nosso barco naufragou, éramos cinco pessoas: eu, as duas crianças, minha mãe e o companheiro dela. Não tínhamos coletes salva vidas”, disse Maria.
Ela foi a única sobrevivente e lutou para continuar viva. No momento de angústia, ela lembrou da Palavra de Deus que ouviu quando criança e começou a clamar ao Senhor por ajuda.
“Lembro de ter ficado boiando por horas, e enquanto estava ali naquele imenso mar, engolindo água, comecei a lembrar de versículos que aprendi quando era criança na igreja”, relatou.
“E fui falar com Deus: ‘Se você existe de verdade, se és como me ensinaram, eu vou te pedir que me console e me conforte, e eu nunca mais vou viver pra mim mesma, mas para Ti’”.
Como resposta de oração, Maria Lúcia foi levada pelas ondas até uma praia, onde foi encontrada por um bombeiro, que a socorreu e a levou ao hospital.
“Fui a única sobrevivente desse naufrágio e não somente sobrevivi, mas entreguei a minha vida ao Senhor. Fui consolada e confortada por Ele, como havia pedido. Ele é fiel. Isso aconteceu em 1983”, testemunhou ela.
Sua fé a ajudou a prosseguir, em meio a perda dos filhos e da mãe. “Sofri com o luto. Mas busquei ajuda em Deus, e Ele me consolou. Eu estudei e me formei em técnica de enfermagem. Fiz um concurso público e passei”, afirmou ela.
Servindo no campo missionário
Em 1986, Maria conheceu a JOCUM (Jovens com uma missão), passou por uma formação ministerial e mais tarde se tornou missionária.
“Trabalhei pela JOCUM no Amazonas, junto aos índios Marubos. Também atuei no Chile e nos anos antes da pandemia com missões urbanas no Texas (Estados Unidos)”.
Hoje, Maria Lucia congrega na Igreja Batista Atitude no Rio de Janeiro e serve na capelania. Além disso, a sobrevivente criou um projeto para ajudar mães enlutadas que também perderam seus filhos.
“Eu poderia ser uma mulher amarga, mas eu recebi o consolo em Deus e amo servir ao meu Senhor. Fui totalmente restaurada por Deus e nunca questionei o porquê de haver passado o que eu passei”, refletiu ela.
“Conto o meu testemunho e não sinto dor, porque o Senhor me curou. Sei que todos nós temos perguntas que jamais teremos respostas, mas Ele é Deus. E sua vontade é boa, perfeita e agradável”, concluiu.
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