Na última segunda-feira (25), a apresentadora Luciana Gimenez recebeu no programa Superpop, o deputado federal Pastor Marco Feliciano e a psicóloga paranaense Marisa Lobo para participar de um debate sobre a "cura gay", que voltou a ficar em evidência, após uma decisão judicial que reinterpretou uma resolução do Conselho de Psicologia sobre o atendimento a homossexuais egodistônicos.
Também participaram do debate, o médico e terapeuta sexual Celso Marzano, a transexual Thammy Miranda e o jornalista Felipe Campos, que também é homossexual assumido.
Logo no início do debate, Luciana perguntou a Marco Feliciano sobre como surgiu a polêmica "cura gay" e o parlamentar destacou que este termo é fruto de uma manipulação da mídia, afirmando que este tipo de "cura" não existe, porque a homossexualidade não é uma doença.
"Eu posso começar com três palavras: canalhice, mau caratismo e pessoas que mentem com muita vontade. Nunca houve projeto de 'cura gay', primeiro porque a homossexualidade não é doença. Segundo que psicólogos - com todo respeito aos psicólogos - não são médicos. Médico é que estuda Medicina. Então se o psicólogo não é médico e a homossexualidade não é doença, não existe a tal da 'cura gay', isso é uma fantasia, é uma coisa muito mal usada para dividir a população brasileira, jogar um contra o outro, pura mentira", afirmou.
Marisa fez coro com Feliciano e destacou que o homossexual não deve ser acolhido ou dispensado em um consultório de psicologia ou qualquer outro lugar, porque deve ser acolhido como ser humano.
"Não é doença e se não é doença, não há cura e não se cura alguém que não se quer curar. Quando o homossexual vem, eu acolho o homossexual... é a obrigação do psicólogo. Eu o acolho como ser humano", explicou.
A psicóloga, que é especializada em Direitos Humanos, destacou que a homossexualidade egodistônica precisa ser identificada com cautela.
"Já chegaram vários pacientes assim para mim, dizendo: 'Eu sinto desejo por pessoas do mesmo sexo e não quero sentir isso'. O psicólogo tem que avaliar junto com o paciente, por que é que ele tem essa angústia. É por falta de aceitação social? É porque os pais não aceitam? Então nós vamos fazer com que a família aceite essa pessoa, independente de religião, se gosta ou se não gosta", disse.
"Quando essa família aceita, a sociedade aceita e essa pessoa continua: 'Eu não quero ser homossexual. Não é porque a sociedade não me aceita. Eu não quero'. Então o psicólogo vai dar ouvidos a essa pessoa e ajudá-la a ressignificar a vida. Na psicologia tem inúmeras técnicas científicas para a ressignificação do sujeito, independente se é orientação sexual ou não, ressignificação de história, mas não tem a ver com terapia de reversão sexual", acrescentou.
Marisa também destacou que da mesma forma que alguém descobre sua homossexualidade, também tem o direito de deixar de sê-lo.
"Se o indivíduo tem algum problema com a sexualidade dele, pode ser homossexual, bissexual, transexual, ele tem esse direito. E se ele quiser mudar de trans homem, pra trans mulher, de hétero pra homo ou bi, a sexualidade é fluida. Hoje em dia se sabe", explicou. "O ser humano tem o direito de ser o que ele quiser e buscar a ajuda que ele quiser. Se ele quiser ele vai, se quiser volta, como ser humano".
Cassação anulada
Marisa Lobo lembrou que o Conselho de Psicologia chegou a tentar cassar seu registro profissional, porém sem sucesso, porque os próprios homossexuais que ela atendeu foram depor a favor dela, desmentindo as acusações de que ela aplicava terapias de reversão sexual em seus pacientes.
"Não existe 'cura gay' e o Conselho de Psicologia não pode impedir qualquer profissional de atender, de acolher o ser humano, seja qual for o motivo. Eu fui cassada pelo Conselho de Psicologia em 2014, porque eu 'curava gay'. Três homossexuais foram na audiência para provar: 'Ela nunca induziu convicções de orientação sexual'. [...] Eu os atendi e hoje eles vivem felizes com suas famílias e continuam sendo gays", contou.
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