Os estudantes da Universidade de São Paulo (USP) passaram a madrugada desta quinta-feira (7) em vigília no prédio da Reitoria da instituição, ocupada desde o dia 1º de outubro. Com música, mas sem bebidas, e jogo de futebol, eles se aglomeraram no gramado em frente ao prédio na expectativa de uma possível reintegração de posse. Os alunos têm como principal reivindicação a adoção de eleições diretas para reitor.
Após o amanhecer e sem a chegada do oficial de justiça e da Polícia Militar, o clima de apreensão deu lugar ao de tranquilidade por volta das 6:30. Após as 7h, alguns estudantes voltaram para dentro do prédio, mas dezenas seguiam na entrada da Reitora.
As duas principais reivindicações dos estudantes são a reforma do estatuto da USP e a implantação de eleições diretas na universidade para os cargos de reitor, vice-reitor e diretores. No último dia 31, a Reitoria apresentou uma proposta de termo de acordo que contemplava a convocação de uma estatuinte "livre e autônoma" para alterar o estatuto, inclusive contemplando a discussão de mudança do processo eleitoral.
Porém, na quarta-feira a comissão enviada pelo atual reitor João Grandino Rodas retirou a palavra "estatuinte" do termo e passou a sugerir apenas a realização de um congresso no primeiro semestre de 2014 para discutir as regras que regem a universidade. Arielli afirma que a nova proposta representou "um retrocesso".
Na noite de quarta, a maioria dos mais de 1.200 estudantes presentes votou pelo rechaço à proposta de acordo feita pela Reitoria. De acordo com Arielli Tavares, diretora do Diretório Central dos Estudantes "Alexandre Vannucchi Leme" (DCE-Livre da USP) e membro da comissão de negociação da greve estudantil, a maioria dos estudantes entendeu que a negociação com a Reitoria ainda precisa avançar mais.
"Os estudantes estão em meio a um processo de negociação com a Reitoria e decidimos ontem [quarta] continuar a greve e seguir a ocupação porque entendem que a Reitoria ainda não atendeu as principais reivindicações", disse ela ao G1.
Na noite de quarta, os alunos concordaram em se reunir em nova assembleia na noite desta quinta. Segundo a estudante, isso aconteceu porque a reunião de quarta "não conseguiu votar o conjunto das deliberações".
Nova reunião
A jovem disse que a comissão de negociação dos estudantes aguarda a confirmação de uma nova reunião com os negociadores indicados pela Reitoria, pré-marcada para as 10h desta quinta. O objetivo do movimento estudantil é apresentar formalmente o resultado da assembleia e discutir o novo termo de acordo apresentado na reunião de quarta.
Enquanto o diálogo com a Reitoria se mantém aberto, Arielli diz que "seria totalmente injustificável que a Polícia Militar reintegrasse posse nesse momento". Ela afirmou que os estudantes não votaram por nenhum indicativo de resistir fisicamente a uma possível reintegração de posse e que "o uso de força policial e de bombas de gás não é e nunca serão uma forma de calar os estudantes da USP".