Fiscais de aplicação do Enem lamentam tempo curto depreparação

Fiscais de aplicação do Enem lamentam tempo curto depreparação

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:10

Priscilla Borges

Maioria dos recrutados para vigiar os candidatos que farão as provas no dia 3 e 4 de novembro só recebe instruções no dia da prova. Coordenadores já foram treinados e Cespe libera vídeo de instruções para aplicadores nesta sexta-feira

Maria Teresa Alves, 23 anos, estudante de odontologia em Recife, vai trabalhar pela segunda vez no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Consciente do tamanho da responsabilidade de vigiar os candidatos em um momento tão determinante para o futuro deles, a jovem lamenta não ter recebido mais preparação.

Em todas as edições do Enem, jovens como Maria Teresa, já universitários, são recrutados em todo o País para trabalhar nas salas em que as provas estão sendo aplicadas. Os fiscais têm a função de distribuir provas, colher assinaturas, verificar se alguém está usando algum equipamento proibido ou colando. Eles dão as orientações aos estudantes e não podem errar.

“É muita responsabilidade. Não podemos confundir provas, cartões, há pessoas de nomes iguais na mesma sala, é preciso checar tudo. Se houver erro, a responsabilidade é nossa. Acho que deveria ter, pelo menos, uma tarde de preparação, em que houvesse uma simulação do dia da prova, para todo o processo ser explicar e não uma reunião no dia”, afirma a jovem.

As preocupações de Maria Teresa têm a ver com os números do Enem e não são isoladas. As provas de exatas, humanidades, português, matemática e redação serão realizadas por quase 6 milhões de candidatos em todos os Estados. Por enquanto, 115 instituições já informaram que vão utilizar distribuir suas vagas de acordo com os resultados do exame.

Ronaldo Junior, outro jovem recrutado para aplicar as provas em Belém (PA), se sente pressionado. “É uma prova federal que mexe com o futuro de todo mundo. É preciso ter muito cuidado e por isso o treinamento é importante. Mas, dependendo de como for a reunião, acho que pode ser suficiente para nos preparar”, ressalta o estudante de Arquitetura de 20 anos.

Maria Teresa e Ronaldo ainda não tiveram o encontro de formação para aplicadores do Enem. De acordo com a metodologia do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe) da Universidade de Brasília (UnB), responsável pela execução do Enem com a Cesgranrio, a formação aos fiscais e chefes de sala deve ser feita em, pelo menos, duas horas. O encontro pode ser feito antes ou até no mesmo dia do Enem.

Para ajudar os universitários que atuarão como aplicadores da prova, a partir desta sexta-feira, o Cespe vai enviar o link de um vídeo para os e-mails dos trabalhadores cadastrados. Esse material contém instruções para a aplicação das provas e será reprisado durante a formação. O Cespe orienta, no entanto, que todos os fiscais já assistam ao vídeo antes.

Treinamento melhorado

Na tarde desta quinta-feira, coordenadores de aplicação estavam sendo treinados em Brasília. Durante toda a próxima semana, outros treinamentos ocorrerão. Para os responsáveis diretos pelo teste, o Cespe aumenta a carga horária da formação. Além de priorizar os trabalhadores que já participaram de outros concursos na hora da seleção. Muitas universidades são parceiras nesse processo.

Os fiscais, porém, são escolhidos e treinados mais rapidamente e de forma pulverizada. Para eles, é uma oportunidade de ganhar uma grana extra. São R$ 150 pelo trabalho nos dois dias. Os coordenadores dos municípios selecionam os aplicadores, marcam a reunião de preparação no dia ou antes das provas, passam o treinamento e podem até ajudar os fiscais a se cadastrarem no sistema do Cespe.

Em Catende, onde Maria Teresa vai trabalhar desta vez, a reunião ocorrerá às 10h do dia 3 de novembro. Ronaldo, que será fiscal pela primeira vez, ainda não teve o encontro marcado. Leilane, universitária do curso de Direito, de 24 anos, que vai atuar na avaliação pela terceira vez, terá de chegar às 6h no primeiro dia de provas para receber instruções em Aracaju (SE).

Leilane, que tem receio de se identificar, acredita que o tempo de preparação é suficiente. “As pessoas que trabalham, em geral, já estão acostumadas com isso. E, caso haja qualquer problema, o fiscal não resolve sozinho. Ele comunica ao coordenador”, afirma. Segundo a jovem, o mais difícil é lidar com a ansiedade dos alunos. “Eles vão cada vez mais nervosos”, diz.

De novo

O treinamento oferecido aos fiscais das provas do Enem gerou polêmica nas redes sociais no ano passado. A três dias da avaliação, instituições ainda recrutavam candidatos à função. Pouco antes do início do exame, houve até seleção de fiscais na porta dos locais de prova em São Paulo e no Maranhão. Em São Luís, houve convocação para o trabalho três horas antes da aplicação.

Em 2010, muitas reclamações dos estudantes tiveram como alvo as orientações dos fiscais. No primeiro dia de prova, as primeiras questões eram de Ciências Humanas e as últimas de Ciências da Natureza, mas o gabarito invertia a ordem. Os fiscais pediram para preencher a resposta conforme o número da questão, mas outros disseram não ter recebido as orientações.

 


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