Greve na UFScar completa 1 mês e alunos sofrem com falta de aula

Greve na UFScar completa 1 mês e alunos sofrem com falta de aula

Fonte: Globo.comAtualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:02
Biblioteca da UFSCar fechada devido à greve dos servidores há um mês
Biblioteca da UFSCar fechada devido à greve dos servidores há um mês

UFScarAlunos da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) sofrem com os efeitos da greve dos servidores técnico-administrativos, que completa um mês nesta quinta-feira (17). Os estudantes reclamam da falta de serviços, já que a paralisação atinge os departamentos de compras, financeiro e de contabilidade, assim como a biblioteca e o restaurante.


Cerca de 70% dos 900 trabalhadores dos campi de São Carlos, Araras e Sorocaba cobram racionalização dos cargos, revisão do reposicionamento de aposentados, além do fim da terceirização de serviços. A UFSCar informou que se declara defensora dos direitos dos trabalhadores, mas manifesta preocupação com as consequências do movimento.


Um dos maiores problemas enfrentados pelos estudantes de São Carlos é por conta do Restaurante Universitário (RU), que está fechado. Mais de 1,2 mil alunos bolsistas deveriam comer de graça no refeitório, mas por conta da greve passaram a receber os alimentos para serem preparados por conta própria. As 1,6 mil refeições do jantar também deixaram de ser fornecidas.

“O dinheiro que os meus pais me dão não é suficiente para almoçar. Os lugares que vendem comida na universidade são caros, outros são longe e às vezes não dá tempo, o que me afeta no sentido acadêmico porque eu tenho que deixar de fazer alguma coisa para comer com mais tempo”, relatou Tamires Oliveira Trindade, do curso de gerontologia.

Gastos
A estudante de 19 anos disse que gasta por dia entre R$ 10 e R$ 15 para almoçar e que consegue jantar em casa. “O mercado também não está barato, fazer comida e levar marmita também fica caro. Fico desanimada mais pela minha família, pois minha mãe trabalha o dia todo para me manter aqui. Apesar das dificuldades que tenho passado, sou a favor da greve porque todo mundo tem direito de exigir melhores condições de trabalho”, afirmou a aluna do segundo ano.

O estudante Felipe Sandrin de 20 anos também defende os grevistas, mas espera uma rápida solução. “Estudo à noite e perco muito tempo para fazer comida. A gente acaba gastando demais no supermercado”, relatou o aluno do curso de pedagogia.

Além da comida, os estudantes têm um gasto a mais com cópias de livros, já que a biblioteca comunitária também está fechada. No local, que atende 1,5 mil pessoas, só é possível devolver os livros. Empréstimos só poderão ser feitos no fim da greve, que ainda não tem previsão para acabar. “Muitas publicações não estão disponíveis na internet e não tem como comprar devido ao preço. Quando dá, tiro cópias, mas tem muito livro que a gente nem lê e isso afeta a graduação”, relatou Sandrin.
Na quarta-feira (16), no Restaurante Universitário, foi realizada uma assembleia comunitária com estudantes, professores e técnicos-administrativos para discutir a greve. Os pontos abordados não foram divulgados.

Reivindicações
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores Técnico Administrativos da UFSCar (SintUFSCar), a categoria reinvindica o cumprimento de medidas firmadas em 2012, após uma greve dos servidores, em que ficou definido reajuste salarial de 15%, o que vem sendo cumprido.
"A questão salarial foi resolvida, mas temos outras reinvindicações", afirmou o coordenador do sindicato, Sérgio Ricardo Pinheiro Nunes. Os servidores pedem uma racionalização de cargos. "Auxiliar administrativo e assistente administrativo fazem a mesma coisa, mas um ganha muito menos que o outro", comentou.
Além disso, querem uma revisão no reposicionamento de aposentados, além do fim da terceirização de serviços. "Esses funcionários terceirizados ganham muito pouco, apesar do contrato com as empresas ser bem grande. Eles precisam ser concursados", disse Nunes.


A categoria pede também a chamada democratização da universidade porque, segundo os servidores, há uma representatividade desigual nas comissões da instituição. "Os professores são maioria em todas as comissões, então tudo acaba sendo definido só por eles", afirmou o coordenador do SintUFSCar.
De acordo com ele, o Comando Nacional de Greve em Brasília continua a pressão junto aos ministérios de Planejamento e Educação. “A gente sabe das implicações que isso tem para a universidade, quem está na greve, quem não está, é um desgaste conjunto com as outras categorias, com os professores, com os alunos, mas precisamos resolver essa situação”, disse.

Preocupação
Em nota, a administração superior da UFSCar informou que defende os direitos dos trabalhadores e tem compromisso com o diálogo, mas também manifestou preocupação com as consequências de mais uma paralisação. "Mesmo que reconheçamos, como sempre fizemos, o direito dos trabalhadores à greve, é nossa responsabilidade garantir que a paralisação não traga danos irreparáveis à Instituição", informou um trecho.


A universidade também informou que foram criadas váras comissões para debate e acompanhamento de pontos específicos. "Em relação às diretrizes, já está acordado que serão mantidas atividades relacionadas a: situações que possam produzir perdas financeiras às pessoas; situações que comprometam a permanência de estudantes com dificuldades socioeconômicas; realização de concursos e processos seletivos públicos; tratamento de animais; e atividades de capacitação e qualificação. Também houve acordo em relação à manutenção de atividades cuja paralisação possa expor as pessoas a riscos legais ou que tragam danos irrecuperáveis à Universidade, restando, para a próxima reunião, o compromisso de apresentação de outros exemplos além daqueles já colocados pela Administração. A partir das diretrizes, ações específicas relativas às necessidades próprias dos Centros, Departamentos e Coordenações devem ser equacionadas no âmbito dessas unidades", informou outro trecho da nota.

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