Uma abelha pousada na flor, uma borboleta colorida que passa voando, um formigueiro, uma árvore, uma folha que cai dessa árvore, as minhocas que comem essa folha e deixam o solo fértil para as sementes germinarem. Na visão da professora Adenir Vendrame, de Juruena, município do noroeste de Mato Grosso, o maior recurso didático para os professores é o próprio mundo e, muitas vezes, o material pedagógico está no próprio quintal da escola.
O mundo infantil precisa de encanto para ser atingido. Por isso, a mediação com o mundo não pode ser somente com a palavra, tem de ser articulada com a arte de desenhar, pintar, recortar, encenar, tatear, contar histórias, cantar, dançar, assistir, sentir com todos os sentidos, ressalta a professora, que dá aulas no Centro de Educação Infantil Arco-Íris. Formada em pedagogia, com especialização em educação ambiental, há 16 anos no magistério, ela entende que o professor precisa passar a informação e proporcionar a construção do conhecimento com prazer.
De acordo com Adenir, os recursos didáticos são o alimento da pedagogia na educação infantil. Assim como o corpo humano necessita ser bem alimentado para ser fisicamente saudável, por igual acontece nos aspectos cognitivos, emocionais e sociais, afirma. Segundo ela, as crianças estimuladas com aspectos didáticos que abrangem o desenvolvimento em todas as linguagens apresentam melhor aprendizagem, são mais críticas, conseguem dar opiniões e são mais felizes.
Para isso, o nosso papel de educador é fundamental. É nossa didática que vai proporcionar esse desenvolvimento integral, que só acontece no ato de responsabilidade de nossa ação em proporcionar uma aula rica, mas fundamentada, justifica. Em sua opinião, o ato de fazer uma arte por fazer, de forma descontextualizada, não vai adiantar nada. A criança precisa entender por que está realizando tal atividade, enfatiza. Pintando para quê? Desenhando para quê? E assim em todos os recursos pedagógicos.
Ela diz que tem buscado desenvolver a maioria das aulas em projetos ou temas geradores, pois acredita que essas metodologias permitem a pesquisa. Através da pesquisa, o conhecimento é construído com significado, ou seja, sempre há a construção e reconstrução do conhecimento numa linguagem dialógica com o mundo que o cerca, destaca Adenir, que foi uma das vencedoras na terceira edição do Prêmio Professores do Brasil, em 2008, com o projeto Lendo a Floresta.
Ela gosta de aproveitar a sucata como recurso, dentro dos temas desenvolvidos. Assim, quando trabalhou a cultura indígena, por exemplo, construiu o chocalho conhecido como maracá, que foi apreciado pelas crianças. Na Semana da Criança, ela desenvolveu vários brinquedos, como bilboquês e fantoches, a partir de sucata.
Sabemos que as crianças gostam de usar materiais prontos, como brinquedos, jogos, vídeos etc, mas fica clara a satisfação delas quando confeccionam seu próprio material, diz a diretora da escola, Célia Danelichen Rehbein, 17 anos de magistério, 11 dos quais como gestora. O resultado pode ser observado no carinho que as crianças dedicam ao brinquedo feito por elas, como a pipa e o catavento, ou até mesmo ao jardim que ajudam a cuidar, destaca Célia, formada em pedagogia, com pós-graduação em educação interdisciplinar e metodologia do ensino fundamental.
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