Universidade Federal do Ceará foi a mais procurada no 1° Sisu de 2013

Universidade Federal do Ceará foi a mais procurada no 1° Sisu de 2013

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:09

 

faculdade ceará
Para quem estuda na instituição mais disputada no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), a escolha da Universidade Federal do Ceará por tantos estudantes do país vem em maior parte pela qualidade de ensino e pela produção científica da instituição. Foram 133.923 inscritos para 6.258 vagas, ficando à frente de duas instituições do Rio de Janeiro, a UFRJ e UFF. Junto com os elogios pela qualidade acadêmica estão as queixas de alunos de medicina sobre a insegurança no campus. A faculdade de medicina fica no Bairro Rodolfo Teófilo, a cinco quilômetros do centro da capital, no campus de Porangabuçu.
Ao contrário de outras universidades que têm a sua "cidade universitária" fechada, como USP e Unicamp, o campus de Porangabuçu é aberto e abriga também a faculdade de farmácia, odontologia e enfermagem, dois hospitais universitários, uma farmácia-escola, laboratórios e clínicas.
 
Como na área funcionam serviços para a comunidade, os estudantes de medicina dizem que fica difícil pedir a identificação para entrar. “Eles fazem uma segurança patrimonial, mas nós achamos que os estudantes também são um patrimônio da universidade”, diz Lucas Silveira, 18 anos, estudante do primeiro semestre de medicina.
 
O bairro registrou 49 furtos e 23 roubos de veículos nos últimos seis meses, segundo a secretaria estadual da segurança pública. A secretaria não divulga o número de assaltos.
O estudante cearense mostra a marca de um tiro que presenciou em novembro do ano passado em uma das entradas do departamento de morfologia do centro. Segundo os alunos, o disparo foi feito por um policial contra um assaltante que entrou na faculdade durante uma fuga. Depois do episódio, os estudantes organizaram uma manifestação pelas ruas do centro do Porangabuçu. Ainda de acordo com Lucas Silveira, os relatos de assaltos, tiroteio, sequestro e, até, tentativa de estupro são constantes no centro.
 
 A UFC informou que mantém parceria com a Polícia Militar do Ceará para monitorar a área externa do Porangabuçu. Na área interna, segundo a instituição, a segurança terceirizada sempre solicita a identificação e o destino de quem entra nos cursos da área. Na visita à faculdade de medicina, o G1 não viu nenhuma abordagem por parte dos seguranças, pedindo identificação. O chefe de Segurança da UFC também informou que existe um telefone para prevenção e denúncias de atos de violência. O número é 85 3366 9190, e o atendimento, segundo o setor, é 24 horas.
 
Qualidade
Na faculdade de medicina, onde Natália Caminha, 23 anos, é fácil ouvir elogios de outros alunos ao time de professores e ao incentivo à pesquisa da universidade. “A faculdade é bem completa, não gostaria de estar em nenhuma outra. A produção científica é incrível”, ressalta a estudante do 5° semestre.
Basta andar também pelos blocos da faculdade de medicina para ouvir diferentes sotaques.Os próprios estudantes reconhecem que a seleção por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) alterou o perfil dos alunos da instituição. Entre os que moram fora, um dos principais atrativos para estudar no Ceará é a quantidade de vagas ofertadas na seleção. Ao todo, são 160 vagas para medicina, todas por meio do Sisu.
 
No semestre de Natália, que ingressou ainda pelo modelo de vestibular, ela conta que a maior parte dos alunos ainda é de cearenses. Situação diferente do primeiro semestre de medicina, onde estão matriculados estudantes de Minas Gerais, Pará, Rondônia e Paraná. Na turma de 80 alunos, 30 são de outros estados. Em outros semestres, como o terceiro, mais da metade é formada por estudantes de todo país, segundo os próprios universitários.
Thiago Felizardo, 19 anos, é de Rondônia e, mesmo passando na universidade federal do seu estado, decidiu estudar na UFC. “Optei pela qualidade que eu sabia que a UFC tinha. O custo de vida também contou. Quando cheguei, não me decepcionei. Eu até me surpreendi com tanta coisa para fazer”. Ele divide um quarto em uma pensão próxima à faculdade com o colega de turma Marlos Siqueira, 18 anos, vindo de Minas Gerais. Cada um paga R$ 600 por mês.
“A gente forma uma família aqui. Mesmo nos vendo todos os dias da semana, durante o fim de semana, todo mundo se encontra. Eu me senti bem acolhido”, acrescenta Thiago. A carga horária de aulas dos estudantes é intensa. As aulas são em período integral, começam às 8 horas e só terminam à noite.
 
“Temos só dois turnos livres durante toda a semana e aproveitamos esse tempo para as atividades de extensão. Hora de almoço para muitos é um privilégio”, diz Natália. Os
estudantes precisam dividir a sala de aula com a participação em simpósios, grupos de estudos e ligas acadêmicas proporcionadas pela instituição.
 
Estacionamento
Outra reclamação dos estudantes é quanto à falta de vagas para estacionar na universidade. “Eu tenho que chegar uma hora antes do que deveria para estacionar. Já fui assaltada ao meio-dia. Os flanelinhas ameaçam se não dermos dinheiro”, conta Natália Caminha.
 
As vagas dentro da faculdade de medicina são reservadas para servidores e professores. Segundo os estudantes, apenas dez vagas são para alunos. Quem não tem a sorte de guardar o veículo na universidade precisa estacionar nas ruas ao redor do centro e, muitas vezes, percorrer grandes distâncias. Quando começa a anoitecer, os estudantes relatam que precisam andar em grupos para se sentirem mais seguros.
 
Estrutura
Ao lado do bloco didático, inaugurado em 1988 e que abriga a maior parte das aulas do curso, encontra-se o prédio mais novo da faculdade de medicina, o Centro de Biomedicina. O local foi inaugurado em 2006 e conta com laboratórios que recebem estudantes de todos os cursos do Centro de Saúde da UFC.
Apesar de a maior parte da infraestrutura ser antiga, segundo os estudantes, as salas de aula apresentam uma boa estrutura e os laboratórios são bem equipados. “Temos microscópios de alta tecnologia”, afirma Natália.Os prédios apresentam rampas de acessibilidade e elevadores, mas, segundo os alunos, a maioria dos elevadores sempre está em manutenção.
Uma deficiência apontada pelos estudantes da faculdade de medicina é a quantidade do acervo da biblioteca universitária, pequena para a grande procura de alunos. A biblioteca é voltada para todos os cursos de Ciências da Saúde da UFC.
Com uma carga horária intensa, os estudantes também relatam que precisam ficar o dia inteiro na universidade. “A gente gasta todo dia de R$ 6, R$ 7  com um almoço porque não temos tempo de ir para casa ou almoçar em outro lugar”, conta . De acordo com o setor de obras da UFC, a obra de um refeitório no campus do Porangabuçu está em fase de conclusão e deve ser entregue em fevereiro.
 
Responsabilidade
Mesmo com o reconhecimento e o esforço, professores da própria faculdade de medicina ressaltam que o fato de a UFC ter sido a mais procurada do Sisu não a coloca como a melhor do país. “Ainda tem muito o que desenvolver”, salienta o professor Aldo Ângelo Moreira Lima, diretor do Instituto de Biomedicina do Semiárido Brasileiro, vinculado à UFC.
 
Para o professor e chefe de departamento de fisiologia e farmacologia, Armênio Santos, o destaque da UFC no Sisu é resultado da proeminência do estado e da universidade, mas gera desafios para a instituição. “Isso nos dá uma responsabilidade maior. Vamos ter alunos de outros estados e o que a gente faz para que esses alunos tenham condição para se desenvolver aqui?”.
O professor lembra que não pode ser pensado somente na grade curricular dos estudantes. “Temos de pensar na mobilidade, na residência, num refeitório, em bolsas. Isso requer um maior aporte de recursos vindos do Ministério da Educação eum

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