O dia 19 de novembro ficará gravado na memória do torcedor do Palmeiras. Os jogadores serão um mero detalhe. Um dia para não esquecer, marcado por outra atuação descartável. É normal receber bem os convidados na casa nova, mas o Verdão exagerou. Deixou o Sport abrir a geladeira sem pedir licença na inauguração de seu belíssimo estádio. Ananias, que não conheceu o velho Palestra quando atuou pelo clube paulista no ano passado, entrou para a história ao fazer o primeiro gol da arena, o primeiro da vitória do Leão por 2 a 0.
O tamanho da derrota é maior do que a frustração na casa nova. O Palmeiras permanece com 39 pontos, só três a mais que a Chapecoense, primeiro time da zona de rebaixamento, e que enfrenta o Fluminense nesta quinta-feira, no Maracanã. O Sport, por sua vez, chegou a 47 e se livrou de qualquer ameaça. Garantiu-se na Série A com atuação elogiável.
Exceto o futebol do Palmeiras, que sofreu a terceira derrota seguida, tudo era novidade. A equipe usou a inscrição "o bom filho a casa torna" na camisa. Na primeira entrada em campo, "padrão Fifa", Diego Souza distribuiu cumprimentos. Até a uma senhora, funcionária do clube onde jogou, o meia estendeu a mão. Talvez já agradecesse, por antecipação, a liberdade que teve, principalmente no primeiro tempo, pelo lado esquerdo. Ele deu chapéu, passe de trivela, toquinho de uma perna na outra, levou os adversários na força, no ombro.
O barulho dos 35.939 torcedores na impressionante acústica da nova arena fez Dorival Júnior se comunicar por gestos com seus jogadores. É preciso um ensaio melhor para os próximos jogos. Os setores ficaram muito distantes. Defesa, meio e ataque pareciam independentes. Não houve nem mesmo pique para inibir o "bola pra lá, bola pra cá" do Sport, que apresentou um plano de jogo muito mais bem definido.
Numa dessas trocas de bola dos pernambucanos, Danilo quase marcou de carrinho. Aliás, a presença do volante nas redondezas na área palmeirense foi frequente. Foi dele o cruzamento que resultou no gol de Ananias, oportunista, certeiro com o pé direito.
A imensa vontade de voltar para casa depois de quatro anos se transformou em aflição, traduzida nos pedidos por Mouche, nas vaias a Wesley, nos incentivos que ecoaram das cadeiras, mas chegaram ao campo em forma de pressão. O Sport se manteve tão fiel ao plano de jogo que chegou ao segundo gol com Patric, em bela jogada. E ainda teve chance para fazer o terceiro, novamente com Ananias. Prass evitou um desastre maior.
O palmeirense voltou para casa orgulhoso de seu estádio, mas com os velhos gritos de "time sem vergonha" e com ofensas ao presidente Paulo Nobre. A equipe não está à altura da arena.
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