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Antes que fumaça branca anuncie papa, disputa fica entre romanos e reformistas

Disputa fica entre romanos e reformistas

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:08

VaticanoOs cardeais que participam do conclave desde a terça-feira de 12 de março entraram na Capela Sistina em fila única, mas, apesar da exibição ordenada, eles estão divididos entre linhas diferentes e blocos de poder que determinarão qual homem entre eles será eleito o papa.

A principal divisão contrapõe os cardeais que trabalham no Vaticano, os romanos, aos reformistas, que querem que o próximo papa lide com o que veem como a corrupção, ineficiência e relutância do Vaticano em compartilhar poder e informação com os bispos de todo o mundo.

Mas as facções nesse conclave não se dividem em linhas geográficas e, na verdade, parecem ter produzido alianças surpreendentes: a principal preferência dos romanos parece ser um brasileiro, enquanto há informações de que os reformistas pressionam pela eleição de um italiano.

Outros candidatos poderiam facilmente emergir diante do que poderá ser uma disputa com constante mudança de alianças e prioridades, segundo entrevistas feitas na semana passada com autoridades da igreja, estudiosos e vaticanistas.

Quem quer que seja, ele terá de convencer seus companheiros de que seus dons como evangelista e administrador poderá levantar a Igreja após os escândalos envolvendo abuso sexual de crianças, o Banco do Vaticano, a recente renúncia de um cardeal que admitiu ter usado seus próprios sacerdotes para favores sexuais, e o chamado escândalo do VatiLeaks, em que documentos pessoais do papa foram roubados e publicados, revelando brigas na administração central da igreja, conhecida como Cúria.

A eleição resume-se à contagem dos votos, e com uma maioria necessária de dois terços entre os 115 cardeais, o vencedor terá 77 votos. Os cardeais do Bloco Romano, que trabalham na burocracia do Vaticano, equivalem a 38 e não são apenas da Itália, mas também de outros países.

Pela primeira vez, um americano poderia estar prestes a superar a aversão tradicional do conclave em escolher um papa de uma superpotência, embora nem todos analistas concordem com isso. Os candidatos mais prováveis seriam o cardeal Timothy M. Dolan, arcebispo de Nova York, conhecido por sua presença exuberante e habilidades evangelizadoras; e o cardeal Sean Patrick O\'Malley, de Boston, um frade franciscano capuchinho, que tem a reputação de ter acalmado a situação em três dioceses sucessivas (Fall River e Boston, ambas em Massachusetts; e Palm Beach, na Flórida) dilaceradas por escândalos de abuso sexual infantil. Ambos se manifestaram a favor da mudança.

Gian Guido Vecchi, um jornalista que cobre o Vaticano, disse na semana passada ao jornal italiano Corriere della Sera: \"Mesmo que o primeiro papa americano não seja eleito, é difícil imaginar que o papa possa ser eleito sem, ou até mesmo contra, eles.\"

 

<p class="\&quot;" \"="">Um nome mencionado até mesmo antes da renúncia de Bento 16 é a do canadense Marc Ouellet. Ele é um conservador doutrinário que ensinou filosofia na Colômbia e pode ter o apoio de alguns cardeais latino-americanos. Mas Ouellet passou muitos anos trabalhando no Vaticano e tem administrado o Departamento de Bispos desde 2010. Ele pode ser visto como um candidato aceitável para ambos romanos e reformistas.

Outro candidato que atrae muita atenção é o cardeal húngaro Peter Erdo, 60, um canonista que, apesar de sua relativa juventude, foi duas vezes eleito presidente da Conferência dos Bispos da Europa. Ele também cultivou laços estreitos com prelados africanos.

Observadores da igreja salientaram que, embora Ouellet e Erdo sejam queridos por seus colegas, nenhum dos dois chamaria muita atenção de quem está de fora, algo que poderia ser um impasse no momento em que a Igreja precisa de um papa que possa se conectar com as pessoas.

Não dá para dizer agora de forma confiável quem sairá do conclave como papa, disse Flores d\'Arcais, editor do jornal liberal italiano MicroMega: "Hoje só Nostradamus poderia fazer tais previsões.\"

Por Laurie Goodstein e Elisabetta Povoledo


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