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Chefe militar dos EUA vê riscos em plano de Obama para o Afeganistão

Chefe militar dos EUA vê riscos em plano de Obama para o Afeganistão

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:37

O chefe do Estado-Maior Conjunto americano, Mike Mullen, apontou nesta quinta-feira riscos sobre a retirada de 33 mil soldados americanos do Afeganistão até o fim de 2012, anunciado na noite de quarta-feira pelo presidente Barack Obama. De acordo com Mullen, o plano é “mais agressivo” do que ele havia recomendado e que manter as tropas era o caminho mais seguro.

Ao declarar apoio à decisão de Obama, Mullen disse que os planos de retirar 10 mil soldados até o fim deste ano e até 23 mil até setembro de 2012 “são maiores e incorrem em mais riscos do que eu estava preparado para aceitar”. “Mais forças durante mais tempo é, sem dúvida alguma, o caminho mais seguro. Mas isso não o torna necessariamente o melhor caminho", disse à comissão dos Serviços Armados da Câmara dos Representantes. "Só o presidente, em última instância, pode decidir qual é o nível de risco aceitável que devemos assumir", acrescentou.     Mike Mullen fala à comissão da Câmara, ao lado da subsecretária

de Defesa Michele Flournoy, sobre o plano de retirada anunciado por Obama     Em discurso à comissão do Congresso também nesta quinta-feira, a subsecretária de Defesa Michele Flournoy lembrou que ainda serão mantidos cerca de 68 mil soldados americanos no Afeganistão após a retirada do reforço de 33 mil, feito em 2009. "Isso é mais do que o dobro das tropas que estavam lá quando o presidente Obama assumiu. Claramente, não é uma retirada precipitada que poderia colocar em perigo as conquistas em matéria de segurança", afirmou.

Em entrevista à rede de TV americana CNN, também nesta quinta-feira, o presidente afegão, Hamid Karzai, deu boas-vindas ao anúncio feito por Obama na noite de quarta-feira, que representa um sinal de que o Afeganistão está pronto para assumir o controle da segurança do país em guerra.

“O número de soldados que ele anunciou que serão retirados é um sinal de que o Afeganistão está tomando controle de sua própria segurança e tentando defender seu território por seus próprios meios”, disse. “É responsabilidade do povo afegão proteger seu país e prover segurança aos cidadãos do país. Se falharmos em desempenhar nossa mais importante responsabilidade com respeito a nosso país e nosso povo, alguém assumirá esse papel”.

No anúncio feito na Casa Branca, na noite de quarta-feira, o presidente americano ressaltou que é chegada o momento de os EUA se voltarem para dentro de casa. "É hora de focarmos na construção da nação aqui mesmo, dentro de casa", disse em pronunciamento em rede nacional. "Precisamos construir nossa infraestrutura. (...). Precisamos nos voltar aos própositos econômicos", afirmou depois de lembrar a década difícil para os Estados Unidos, em que foi gasto cerca de US$ 1 trilhão na guerra ao terror.

Em meio a um déficit recorde no orçamento e à crescente perda de apoio popular à presença militar no país do sul da Ásia, Obama declarou que os EUA alcançaram seus principais objetivos no Afeganistão e que a retirada dos soldados é o começo e não o fim dos esforços para dar fim ao conflito.

França Também nesta quinta-feira, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, anunciou uma retirada de tropas do Afeganistão "de maneira proporcional e com um calendário comparável" ao dos Estados Unidos.     Poucas horas depois do anúncio de Obama, Sarkozy explicou em comunicado que, "levando em conta os progressos registrados, a (França) iniciará uma retirada progressiva dos reforços enviados no Afeganistão de maneira proporcional e com um calendário comparável à retirada dos reforços americanos".

O chefe do Estado francês, que não deu números concretos, falou ontem por telefone com Obama antes deste divulgar seus planos de retirada. Sarkozy insistiu que seu país "seguirá plenamente comprometido com seus aliados junto ao povo afegão para levar até o fim o processo de transição".

A França tem no Afeganistão 4 mil militares e desde o começo da intervenção internacional, no fim de 2001, perdeu no país asiático mais de 60 soldados, a maior parte em enfrentamentos em regiões próximas à fronteira com o Paquistão.

Bin Laden

Ao falar sobre a morte de Osama bin Laden por forças americanas, em 2 de maio, no Paquistão, Obama disse que "a Al-qaeda está mais sob pressão do que nunca desde o 11 Setembro”. Segundo ele, os documentos recuperados na operação que matou Osama bin Laden mostaram que a Al-Qaeda "sofre enormemente" e é "incapaz de substituir de modo eficaz" seus altos dirigentes eliminados. "As informações de inteligência que recuperamos na casa de Bin Laden mostram que a Al-Qaeda sofre enormemente" e que o líder terrorista "estava preocupado com a incapacidade da rede em substituir seus chefes mortos e em apresentar os EUA como um país em guerra contra o islã".

  Obama está sob crescente pressão política para reduzir a participação dos EUA no conflito, especialmente pelo fato de que Bin Laden, o homem considerado o motivo da guerra, está morto. As forças dos EUA encontraram e mataram o líder da Al-Qaeda no Paquistão, em um golpe significativo para uma organização.

Pelo menos 1,5 mil membros do Exército americano morreram e 12 mil ficaram feridos desde a invasão dos EUA no Afeganistão, em outubro de 2001. O custo financeiro da guerra passou de US$ 440 bilhões e agora está subindo por causa do pesado comprometimento militar, correspondendo a US$ 120 bilhões por ano, o dobro do total há dois anos.

Transferência

Os EUA desejam transferir as ações de segurança para forças afegãs de maneira gradual até o fim de 2014. Há, no entanto, grandes divisões dentro do governo americano sobre a rapidez com que os militares devem deixar o Afeganistão.     Alguns comandantes defendem uma redução limitada das forças americanas no país, como modo de evitar um possível retrocesso no combate ao Taleban. A opinião pública, porém, vem demonstrando crescente rejeição à presença militar americana no Afeganistão, sentimento que aumentou ainda mais com a morte de Bin Laden.

A pressão é agravada pela lenta recuperação econômica dos EUA, que enfrentam deficit recorde de US$ 1,4 trilhão (cerca de R$ 2,2 trilhões) no orçamento, o risco de ultrapassar o limite da dívida pública, que já atingiu o teto de US$ 14,3 trilhões (cerca de R$ 22,7 trilhões), e a necessidade de cortar gastos.

Iniciadas há quase 10 anos, após os atentados de 11 de Setembro de 2001, as operações no Afeganistão custam atualmente mais de US$ 2 bilhões (cerca de R$ 3,1 bilhões) por semana aos cofres americanos, o que tem despertado cada vez mais críticas, tanto de republicanos quanto de democratas.          

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